Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

A vida matrimonial, um caminhar divino pela Terra

Vê quantos motivos para venerar S. José e para aprender da sua vida: foi um varão forte na fé...; sustentou a sua família – Jesus e Maria – com o seu trabalho esforçado...; guardou a pureza da Virgem, que era sua Esposa...; e respeitou – amou! – a liberdade de Deus que fez a escolha, não só da Virgem como Mãe, mas também dele como Esposo de Santa Maria. (Forja, 552)

Ao pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los luminosos e alegres, como foi o da Sagrada Família. A mensagem de Natal ressoa com toda a força: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontadeQue a Paz de Cristo triunfe nos vossos corações, escreve o Apóstolo. Paz por nos sabermos amados pelo nosso Pai, Deus, incorporados em Cristo, protegidos pela Virgem Santa Maria, amparados por S. José. Esta é a grande luz que ilumina as nossas vidas e que, perante as dificuldades e misérias pessoais, nos impele a seguir animosamente para diante. Cada lar cristão deveria ser um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e vivida.

Para o cristão o matrimónio não é uma simples instituição social e menos ainda um remédio para as fraquezas humanas: é uma autêntica vocação sobrenatural. Sacramento grande em Cristo e na Igreja, como diz S. Paulo, é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, contrato que um homem e uma mulher fazem para sempre, pois, quer queiramos quer não, o matrimónio instituído por Jesus Cristo é indissolúvel, sinal sagrado que santifica, acção de Jesus, que invade a alma dos que se casam e os convida a segui-Lo, transformando toda a vida matrimonial num caminhar divino pela Terra. (Cristo que passa, 22–23)

São Josemaría Escrivá

UMA HISTÓRIA DE NATAL, ACONTECIDA

Quando chega o Natal recordo sempre uma história, que parece de Saint-Exupéry, mas de que fui autor involuntário.

Há muitos anos. A editora pretendia ilustrações para um livrinho meu sobre o Natal. Enviei uns esboços para inspiração do artista lá de casa… e imprimiram os esboços! Imagens simples, tradicionais, mais uma, esquisita, a sugerir o Natal no nosso tempo: o Menino enfaixado, dormindo na pobre manjedoura, rodeado de ovelhas; uns arranha-céus lá ao fundo; e um homem aproximando-se, cansado, com um pesado saco às costas: o peso da atribulada vida moderna – e, afinal, talvez de todos os tempos.

Quem mais vezes o «leu», foi uma menina que ainda nem sabia ler: percorria as figuras, uma vez e outra. – «Mãe! O Menino está sozinho, no meio de bichos e perto de um homem com um saco!»

Bem tentou a mãe sossegá-la. Em vão. Desenhou então ela, a lápis, uma Nossa Senhora a proteger o Menino. E bem desenhada, por sinal. - Não!, tinha de ser a tinta! (Como é que uma Nossa Senhora que se pode apagar podia defender o Menino daqueles perigos?)


Lá tive eu de acrescentar, a nanquim, a Santa Mãe de Deus, e fiz mais: desenhei a menina, ajoelhada, a adorar o Menino Jesus. Ai, que alegria a dela! Só que a mana inseparável também queria lá estar; e então combinaram: umas vezes era ela, outras vezes a mana.

Há no episódio uma interessante mensagem: a importância que devemos dar aos nossos sentimentos e como jogar com eles devidamente. Na verdade, a inteligência depende deles mais do que nos apercebemos. Há sentimentos errados e sentimentos certos: alegrar-me com o mal dos outros, ser indiferente para com alguém, rezar com aborrecimento e só para «cumprir», irritar-me quando me aconselham bem, guardar rancores contra quem me incomodou, sentir-me superior a quem teve menos condições de cultura ou educação, etc.; ou os sentimentos contrários de pena, amor, gratidão, confiança, apreço, perdão…

Quando os sentimentos acertam, a inteligência ilumina-se; quando não, a razão tropeça, afunila-se, envenena-se.

Aquelas meninas amavam Jesus, confiavam na sua Mãe Santíssima, temiam que tratassem mal o Filho, e não queriam separar-se d’Ele nem d’Ela. Sentimentos certíssimos, mais importantes do que as benditas investigações dos biblistas… que, aliás, só o são quando estudam a Palavra de Deus com rigor científico - e coração de meninos.

H. A.
(«Celebração Litúrgica», nº 1 - 2018-19)

N. Spe Deus: texto copiado do mural no Facebook do autor, Mons. Hugo de Azevedo, seleção de imagens do blogue