Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

«Let us dream» (Vamos sonhar)



«Let us dream: the path to a better future» (Vamos sonhar: o caminho para um futuro melhor) é o título de um livro de entrevistas de Austen Ivereigh ao Papa Francisco, que vai estar disponível nas livrarias do mundo a partir do próximo dia 1 de Dezembro.


Austen Ivereigh é um jornalista muito conhecido na área da informação religiosa. Foi também porta-voz do Cardeal inglês Murphy-O’Connor, que promoveu com outros cardeais a eleição do Papa Francisco. Ivereigh fundou, com algumas pessoas do Opus Dei, um projecto de evangelização baseado no testemunho público da gente jovem intitulado «Catholic Voices», que teve grande eco no Reino Unido e se estendeu a uma dúzia de países. Na sequência desta iniciativa, publicou o livro «How to defend the faith without raising your voice» (Como defender a fé sem levantar a voz). Em 2014, publicou uma das biografias mais completas de Francisco, editada em português pela 20|20 Editora com o título de «Francisco, o grande reformador – os caminhos de um Papa radical».


É este mesmo autor que publica agora o resultado de várias conversas com o Papa durante o último Verão, em boa parte autobiográficas, de que antecipamos alguns apontamentos.


Uma das ideias-força refere-se à importância de evangelizar o mundo e de tomar a sério o cuidado dos outros. Francisco expressa-se muito por «slogans» e um deles é «ninguém se salva sozinho». Repete-o a propósito de muitos temas, por exemplo, como lição a tirar da Covid: um país que queira manter-se livre da infecção, enquanto o vírus se espalha no resto do mundo, acaba por ser contagiado. O mesmo se diga de quem se preocupa com os efeitos da poluição só no seu território, ou queira ser próspero economicamente sem se importar com os outros.


A preocupação com os outros reflecte-se especialmente no anúncio da boa-nova do Evangelho, que o Papa considera dever e missão de toda a Igreja.



O livro relata muito sofrimento pessoal na vida do Papa, e mesmo ocasiões de perigo iminente de morte. Estas experiências difíceis levaram-no a Deus e ensinaram-lhe «que quem sofre muito, mas se deixa mudar, sai melhorado; se, pelo contrário a pessoa levanta barricadas, sai pior». A chave é sempre encontrar Deus.


A urgência de evangelizar traduz-se também noutro «slogan»: «chegou a hora da verdade». A hora de abandonar os falsos ídolos, a mentalidade tecnocrática que promete a felicidade pela via do consumismo, o ídolo do egoísmo que desrespeita os outros.


Outro chavão parecido, que remonta a João Paulo II, é o de «ecologia integral»: encontrar Deus na obra da criação, respeitá-la como dom de Deus à humanidade, «amar cada ser humano, criado por Deus, que nos ama a todos». O adjectivo «integral» refere-se a que não se trata de nos prendermos a coisas, mas a pessoas. «Quem aceita o aborto, a eutanásia, a pena de morte, tem dificuldade em se preocupar sinceramente com a poluição dos rios e a destruição das florestas. E vice-versa». O Papa insiste que verdadeira ecologia é uma atitude coerente, «integral». É também esse o sentido da «hora da verdade»: «é hora de sermos coerentes, é preciso desmascarar a moralidade selectiva das ideologias e assumir em plenitude a consequência de sermos filhos de Deus».


Outra vertente do «ninguém se salva sozinho» é o dever de se opor o mais possível ao aborto e aos outros atentados contra a vida humana. Diz Francisco: Deus «pede-nos uma cultura do serviço, não uma cultura do descarte». Por exemplo, «não nos podemos calar em relação aos mais de 30 ou 40 milhões de vidas não nascidas que são descartadas por ano por meio do aborto».


O livro recolhe muitas histórias pessoais do Papa, que o amadureceram e nos deixam a pensar. Por exemplo, o contacto com os «cartoneros» de Buenos Aires, que percorrem as ruas de noite à procura de papel e de outros produtos que possam reciclar. Uma noite, viu uma carroça de cavalos e, quando se aproximou, percebeu que, em vez de um cavalo, era puxada por duas crianças de menos de 12 anos. Este mundo do trabalho mal recompensado, carregado de sofrimento e desprezado por certas pessoas bem instaladas, ensinou-lhe muitas coisas. Para Francisco, «os “cartoneros” são o paradigma de um movimento verdadeiramente popular, de uma gente que se organiza na periferia da sociedade para sobreviver e defender a dignidade. Quando os “descartados” não se associam atrás de uma ideologia ou para conquistarem poder, mas para terem acesso às três realidades que caracterizam uma vida digna –terra, casa, trabalho– podemos dizer que são um sinal, uma promessa, uma profecia».

José Maria C.S. André

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Acabar bem as tarefas

A santidade compõe-se de heroísmos. Por isso, no trabalho pede-se-nos o heroísmo de rematar bem as tarefas que nos cabem, dia após dia, embora se repitam as mesmas ocupações. Se não, não queremos ser santos! (Sulco, 529)

Perguntaste-me o que podes oferecer ao Senhor. Não necessito de pensar na resposta: as mesmas coisas de sempre, mas mais bem acabadas, com um remate de amor, que te leve a pensar mais n'Ele e menos em ti. (Sulco, 495)

Ao retomar as tuas ocupações normais, escapou-te uma espécie de grito de protesto: sempre a mesma coisa!

E eu disse-te: – Sim, sempre a mesma coisa. Mas essa actividade vulgar, igual à dos teus companheiros de profissão, há-de ser para ti uma oração contínua, com as mesmas palavras íntimas, mas cada dia com música diferente.

É missão muito nossa transformar a prosa desta vida em decassílabos, em poesia heróica. (Sulco, 500)

Coloca na tua mesa de trabalho, no teu quarto, na tua carteira... uma imagem de Nossa Senhora, e dirige-Lhe o olhar ao começar as tuas tarefas, enquanto as realizas, e ao terminá-las. Ela te alcançará – eu to garanto – a força necessária para fazeres da tua ocupação um diálogo amoroso com Deus. (Sulco, 531)

São Josemaría Escrivá

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

NÃO HAVERÁ NATAL?


Claro que sim!

Mais silencioso e com mais profundidade,

Mais parecido com o primeiro em que Jesus nasceu em solidão.

Sem muitas luzes na terra, mas com a da estrela de Belém

fulgurando trilhas de vida em sua imensidão.

Sem cortejos reais colossais, mas com a humildade de sentir-nos

pastores e servos buscando a Verdade.

Sem grandes mesas e com amargas ausências, mas com a presença de um Deus que tudo plenificará.


Não haverá natal?

Claro que sim!

Sem as ruas a transbordar, mas com o coração aquecido pelo que está por chegar.

Sem barulhos nem ruídos, propagandas ou foguetes...

mas vivendo o Mistério sem medo do "covid-herodes" que pretende

tirar-nos até o sonho da esperança.


Haverá Natal porque Deus está ao nosso lado

e partilha, como Cristo no presépio, nossa pobreza, prova, pranto, angustia e orfandade.

Haverá Natal porque necessitamos de uma luz divina no meio de tanta escuridão.

A Covid19 nunca poderá chegar ao coração nem à alma dos que no céu põe sua esperança e seu maior ideal.


Haverá Natal!

Cantaremos nossos cantos natalinos!

Deus nascerá e nos trará a liberdade!


Pe. Javier Leoz, pároco de São Lourenço em Pamplona, Espanha

(tradução livre do espanhol)

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Carta do Prelado (28 outubro 2020)


Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!

(1) Com o centenário do nascimento da Obra no horizonte, e pensando no vasto panorama apostólico que o Senhor põe diante dos nossos olhos, gostaria que meditássemos, pausadamente e com profundidade, nos ensinamentos de S. Josemaria sobre como se concretiza, para cada uma e para cada um, a vocação cristã universal à santidade. Desde o princípio, o nosso Padre compreendeu que a universalidade do chamamento implicava a possibilidade da plenitude do amor a Deus e aos outros também no meio do mundo, no nosso mundo real, com as suas luzes e sombras.

I. O dom da vocação

Uma graça soberana

(2) Deus escolhe e chama todos: «Ele nos escolheu em Cristo, para sermos santos e irrepreensíveis na sua presença, no amor» (Ef 1, 4). A consciência e a responsabilidade perante este dom, mantidas com juventude de alma, levar-nos-ão a colaborar na santificação do mundo. Em comunhão com todos na Igreja, procuremos responder com generosidade à concretização dessa vocação cristã para cada um de nós no Opus Dei.

Vejamos a grandeza desta chamada, que enche o nosso caminhar neste mundo com um sentido de eternidade, apesar das nossas limitações e erros, e das dificuldades que encontramos pelo caminho: «apesar dos pesares», como o nosso Padre costumava dizer.

S. Josemaria falava da «graça soberana da vocação». Não é coisa de um momento, mas sim uma graça permanente: «É uma visão nova da vida (...), como se uma luz se acendesse dentro de nós». E é, ao mesmo tempo, «um impulso misterioso», uma «força vital, que tem algo de avalanche impetuosa»[1]. Em suma, é uma graça que abraça toda a nossa vida e que se manifesta como luz e como força. Luz, que nos faz ver o caminho, aquilo que Deus quer de nós. E força, para sermos capazes de responder à chamada, para dizermos que sim e seguir em frente nesse caminho.

Numa das suas cartas, o nosso Padre escreve que «na vocação intervêm apenas a graça de Deus – como causa própria – e a generosidade da pessoa interessada, movida por essa graça»[2]. O Senhor quer sempre que a nossa liberdade – com a graça, que não nos tira a liberdade, mas que a aperfeiçoa – tenha um papel decisivo na resposta e, portanto, na própria configuração da vocação. Uma liberdade que conta também, para o discernimento prévio, com a luz dos conselhos de quem pode e deve dá-los.

O mesmo espírito

(3) Todos na Obra temos a mesma vocação, cada um nas suas circunstâncias pessoais: uma chamada a ser e fazer o Opus Dei, com o mesmo espírito, com a mesma missão apostólica, com os mesmos meios.

Todos temos o mesmo espírito, que nos leva a santificar a vida comum e, de uma forma especial, o trabalho. «Não há na terra nenhum trabalho humano nobre que não se possa divinizar, que não se possa santificar. Não há nenhum trabalho que não devamos santificar e tornar santificante e santificador»[3]. Este espírito leva-nos a procurar a união com Deus naquilo que encaramos em cada momento da nossa vida. Portanto, a santificação do trabalho é o eixo em torno do qual gira, na correspondência à graça, a nossa busca da santidade, da identificação com Jesus Cristo.

Isto traz consigo uma visão positiva das realidades terrenas, que são aquelas que Deus nos deu. Nós amamos este mundo, sem ignorar o que nele se opõe ao bem (cf. 1 Jo 2, 15). As suas inquietações são também as nossas, e, se as suas alegrias normalmente nos facilitam amá-lo, as suas tristezas devem levar-nos a amá-lo ainda mais. Como suscitam conforto e sentido de responsabilidade estas palavras de S. Paulo: «Tudo é vosso, vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus» (1 Cor 3, 22-23).

E se a santificação do trabalho é o eixo da nossa santidade, o sentido da filiação divina é o seu fundamento. Filiação que é, pela graça santificante, a nossa introdução na vida divina da Santíssima Trindade, como filhos do Pai, no Filho, pelo Espírito Santo. «Pela graça batismal fomos constituídos filhos de Deus. Com esta livre decisão divina, a dignidade natural do homem elevou-se incomparavelmente: e se o pecado destruiu esse prodígio, a Redenção reconstruiu-o de forma ainda mais admirável, levando-nos a participar ainda mais intimamente na filiação divina do Verbo»[4].

Sendo o fundamento, a filiação divina dá forma a toda a nossa vida: leva-nos a rezar com a confiança de filhos de Deus, a caminhar pela vida com a agilidade de filhos de Deus, a raciocinar e a decidir com a liberdade de filhos de Deus, a enfrentar a dor e o sofrimento com a serenidade de filhos de Deus, a apreciar as coisas belas como um filho de Deus o faz. Em suma, a filiação divina «está presente em todos os pensamentos, em todos os desejos, em todos os afetos»[5]. E expande-se necessariamente em fraternidade. «Esse mesmo Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus» (Rm 8, 16). Este testemunho é em nós o amor filial a Deus[6], que traz consigo o amor fraterno. «Outros bebem de outras fontes. Para nós, esse manancial de dignidade humana e fraternidade está no Evangelho de Jesus Cristo»[7].

O centro e a raiz da nossa vida espiritual é, por fim, o Sacrifício Eucarístico. É raiz objetivamente, porque «a obra da nossa redenção se realiza sempre que no altar se celebra o sacrifício da Cruz, no qual “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1 Cor 5, 7)»[8].

Mas, subjetivamente, que a vida esteja realmente centrada na Eucaristia depende também da correspondência pessoal à graça: «Luta por conseguir que o Santo Sacrifício do Altar seja o centro e a raiz da tua vida interior, de maneira que toda a jornada se converta num ato de culto – prolongamento da Missa que ouviste e preparação para a seguinte –, que vai transbordando em jaculatórias, em visitas ao Santíssimo, no oferecimento do teu trabalho profissional e da tua vida familiar...»[9].

Do centro eucarístico da vida cristã nasce também o desenvolvimento e a eficácia da missão apostólica: «Se o centro dos teus pensamentos e esperanças está no Sacrário, filho, que abundantes os frutos de santidade e de apostolado!»[10].

A mesma missão apostólica

(4) Temos a mesma missão apostólica: estamos igualmente chamados a santificar-nos e a colaborar com a missão da Igreja na transformação cristã do mundo; no nosso caso, vivendo o espírito do Opus Dei. A missão própria da Obra só pode ser devidamente compreendida dentro da grande missão da Igreja, na qual «todos somos chamados a dar aos outros o testemunho explícito do amor salvífico do Senhor, que, sem olhar as nossas imperfeições, nos oferece a Sua proximidade, a Sua Palavra, a Sua força, e dá sentido à nossa vida»[11].

Só na Igreja, Corpo místico de Cristo, recebemos a força para servir com fruto o mundo do nosso tempo. Por isso, mesmo com todas as nossas limitações, partilhamos os anseios, preocupações e sofrimentos da Igreja, em cada época e em cada lugar. Cada uma e cada um pode fazer sua aquela atitude de S. Paulo: «Quem é fraco, sem que eu o seja também? Quem tropeça, sem que eu me sinta queimar de dor?» (2 Cor 11, 29).

(5) A missão apostólica não se limita a determinadas atividades, porque partindo do amor a Cristo podemos transformar tudo em serviço cristão aos outros. Cada um realiza plenamente a missão da Obra com a sua própria vida: na sua família, no seu local de trabalho, na sociedade em que vive, entre os seus amigos e conhecidos. Assim se entende a insistência de S. Josemaria para que na Obra se dê sempre «uma importância primária e fundamental à espontaneidade apostólica da pessoa, à sua iniciativa livre e responsável guiada pela ação do Espírito; e não às estruturas orgânicas»[12]. E é também por isso que o apostolado principal da Obra é o da amizade e confidência, realizado pessoalmente por cada uma e cada um.

À luz de tudo isto, compreende-se melhor em que sentido «todas as tarefas apostólicas e os instrumentos para a sua execução são onus et honor, carga e honra de todos: numerários, agregados e supranumerários, e também dos cooperadores»[13] . Realizamos a missão apostólica, pela comunhão dos santos, todos unidos e em todo o lado. Por isso, referindo-se a todos na Igreja, S. Josemaria lembra-nos que «se usarmos os devidos meios, seremos o sal, a luz e a levedura do mundo. Seremos o consolo de Deus»[14].

Os mesmos meios

(6) Para levar a cabo a nossa missão, Cristo é o caminho. E para O seguirmos como discípulos e apóstolos, todos no Opus Dei temos os mesmos meios: as mesmas normas e costumes de vida cristã e as mesmas atividades de formação espiritual e doutrinal. Vivem-se de uma maneira ou de outra, de acordo com as circunstâncias pessoais, mas o conjunto é sempre, substancialmente, o mesmo.

Não convém perder de vista que se trata de meios – e não de fins – que nos levam, pela graça de Deus, a crescer na vida contemplativa no meio dos afazeres humanos, alimentados pela superabundância da vida em Cristo que os sacramentos nos dão, e muito especialmente pela Sagrada Eucaristia.

Os atos de piedade são parte de um diálogo de amor que abarca toda a nossa vida e levam-nos a um encontro pessoal com Jesus Cristo. São momentos em que Deus nos espera para partilhar a Sua vida com a nossa. O esforço para as cumprir liberta-nos, pois, «a santidade tem a flexibilidade dos músculos soltos (...). A santidade não tem a rigidez do cartão: sabe sorrir, ceder, esperar. É vida: vida sobrenatural»[15].

Desta forma, confiando na misericórdia de Deus, tentaremos viver procurando sempre a perfeição da caridade, segundo o espírito que Deus nos deu. Ser santos não é fazer cada vez mais coisas, ou cumprir certos padrões que nos tenhamos imposto como objetivo. O caminho para a santidade, como explica S. Paulo, consiste em corresponder à ação do Espírito Santo, até que Cristo esteja formado em nós (cf. Gal 4, 19).

Unidade e diversidade

(7) O nosso Padre via o trabalho da Obra como «um tecido único», composto pelas diferentes maneiras de viver a mesma vocação. Por isso insistia que na Obra não há classes, nem membros de primeira ou de segunda: nem pelas diferentes modalidades em que se vive a vocação, nem pelo tipo de trabalho profissional que se realiza. Como em qualquer realidade de caráter sobrenatural, o essencial – que não se pode julgar nesta terra – é a correspondência ao amor de Deus.

S. Josemaria explicava esta unidade de vocação dizendo que a nossa é «uma única vocação divina, um único fenómeno espiritual, que se adapta com flexibilidade às condições pessoais de cada indivíduo e ao seu próprio estado. A identidade da vocação implica uma igualdade de dedicação, dentro dos limites naturais que essas diversas condições impõem»[16].

Como é natural, a unidade e diversidade na Obra inclui o que se refere a homens e a mulheres: é unidade de espírito, de missão apostólica e de meios, juntamente com a separação das atividades próprias de umas e de outros. Além disso, nos assuntos comuns a toda a Obra, há unidade de direção entre homens e mulheres, a nível central e regional. Os órgãos de governo dos homens e das mulheres têm idêntica iniciativa e responsabilidade. Em determinados casos importantes estabelecidos pelo Direito têm a mesma capacidade de aceitar ou rejeitar as propostas do Prelado ou, nas diferentes Regiões, as do Vigário regional.

Com toda a nossa vida

(8) Poderia parecer que alguns são mais dedicados à missão da Obra do que outros. Não é assim. Todos vivem com igual dedicação, porque ser e fazer o Opus Dei não consiste apenas, nem principalmente, em colaborar em certas tarefas ou nas obras corporativas de apostolado. A vocação e a missão correspondente abrangem toda a nossa vida, e não apenas uma parte dela: toda a vida é ocasião e meio de encontro com Jesus Cristo e de apostolado.

A propósito deste assunto, S. Josemaria escreveu que a nossa chamada pressupõe um «encontro vocacional pleno, porque, qualquer que seja o estado civil da pessoa, é plena a sua dedicação ao trabalho e ao cumprimento fiel dos seus deveres particulares de estado, segundo o espírito do Opus Dei. Por isso, dedicar-se a Deus no Opus Dei não exige uma seleção de atividades, não significa dedicar mais ou menos tempo da nossa vida a boas obras, abandonando outras. O Opus Dei insere-se em toda a nossa vida»[17]. É um encontro vocacional pleno, que abrange completamente a própria vida, com plenitude de dedicação, pois há em tudo uma chamada de Deus a amá-Lo e a servir os outros, com um amor que é liberdade interior. Por conseguinte, como D. Álvaro comentou, «a Obra exige uma grande elasticidade: um mínimo de organização, porque é necessário, mas mínimo, para que a letra não mate o espírito: Littera enim occidit, spiritus autem vivificat (2 Cor 3, 6)»[18].

(9) Com estas páginas, gostaria também de vos convidar a renovar o agradecimento ao Senhor pelo dom da vocação. Um agradecimento feliz, não só pela beleza da Obra, ao considerá-la tal como Deus a quer no seu conjunto, mas também ao contemplarmos, cada uma e cada um, como essa beleza se torna realmente presente no modo pessoal em que cada fiel da Prelatura vive a mesma vocação: como numerários – no caso das mulheres, também como numerárias auxiliares –, como agregados, como supranumerários, ou como sócios da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz.

Neste contexto, queria insistir no que vos escrevi há alguns meses: a experiência da debilidade pessoal, própria e alheia, em comparação com a admirável proposta que a fé cristã e o espírito da Obra nos apresentam, não nos deve desanimar. Perante o desencanto que a desproporção entre o ideal e a pobre realidade da nossa vida nos possa causar, tenhamos a certeza de que podemos recomeçar cada dia com a força da graça do Espírito Santo[19].

II. A vocação à Obra como numerária e numerário

(10) «No coração da Obra, os numerários – chamados a uma missão especial de serviço – sabem pôr-se aos pés de todos os seus irmãos, para lhes tornar amável o caminho da santidade; para cuidarem deles em todas as suas necessidades da alma e do corpo; para ajudá-los nas suas dificuldades e tornar possível, com o seu sacrifício dedicado, o apostolado fecundo de todos»[20]. Assim, os numerários dão vida aos seus irmãos: a sua tarefa, «ao manter em todos o espírito ativo e desperto, proporciona uma extraordinária realidade de fraternidade e unidade»[21].

Nas numerárias e nos numerários, a vocação ao Opus Dei é determinada pelo dom do celibato apostólico e pela disponibilidade plena para os encargos de formação e as atividades apostólicas. Esta disponibilidade, entendida e realizada como uma especial missão de serviço aos outros, é facilitada, em princípio, pelo facto de os numerários viverem num centro da Obra. Contudo, podem surgir muitas circunstâncias que tornem conveniente que assim não seja. Isso não afeta a sua identidade nem a sua missão, pois serão sempre conscientes de estar ao serviço de todos os outros, onde quer que residam.

Um coração disponível

(11) A disponibilidade dos numerários para servir os outros consiste numa autêntica disponibilidade do coração: a liberdade efetiva de viver só para Deus e, por Ele, para os outros, unida à vontade de assumir as tarefas que na Obra forem necessárias.

Para uns, esta disponibilidade concretiza-se em colaborar em atividades de formação e trabalhos apostólicos, dedicando-se também a um trabalho profissional correspondente aos seus talentos, estudos e preferências, para aí levarem a alegria do Evangelho. Para outros, ela consistirá em assumir como trabalho profissional a dedicação à administração dos centros da Obra, ou a trabalhos de formação, de governo, de direção ou de colaboração em atividades apostólicas.

Por outro lado, a disponibilidade não se limita a uma atitude passiva de fazer o que me pedirem, mas manifesta-se plenamente quando pensamos nos talentos que recebemos de Deus, para os pôr ao serviço da missão apostólica: adiantamo-nos, oferecemo-nos, com iniciativa. Por isso, a disponibilidade não é imobilidade, mas, pelo contrário, é o desejo habitual de caminhar acompanhando o passo de Deus.

É preciso compreender e viver esta plena disponibilidade como liberdade, no sentido de não termos outros laços senão os do amor (ou seja, não estarmos presos necessariamente a um emprego, a um local de residência, etc., sem deixarmos por isso de estar bem enraizados onde estivermos). O que nos torna livres não são as circunstâncias exteriores, mas sim o amor que levamos no coração.

Como expressão dessa particular tarefa de serviço, o nosso Padre previu que o trabalho de governo no Opus Dei corresponda às numerárias e aos numerários. A dedicação a estes trabalhos é necessária, pois sustenta a vida do conjunto. No entanto, seria um erro pensar que aqueles que se dedicam às tarefas de governo ou de formação estão mais disponíveis, ou que fazem mais o Opus Dei. Neste sentido, D. Javier escreveu numa das suas cartas: «Não há outro remédio senão que algumas das minhas filhas e filhos reduzam a sua atividade profissional – ou cheguem mesmo a deixá-la completamente, pelo menos por algum tempo – para se dedicarem a ajudar os seus irmãos na vida espiritual e a dirigir o trabalho apostólico»[22].

O nosso Padre referiu-se a essa plena disposição interior em muitas ocasiões, como por exemplo: «Todos com vocação divina, os numerários hão-de entregar-se direta e imediatamente ao Senhor em holocausto, dando tudo o que é seu, todo o seu coração, as suas atividades sem limites, os seus bens, a sua honra»[23]. Trata-se precisamente de entregar livremente, para fazer a Obra, todas as atividades, quaisquer que sejam, sem limitações. Como é óbvio, há por vezes circunstâncias que condicionam objetivamente a possibilidade de assumir alguns encargos ou tarefas numa determinada altura. Portanto, insisto em que o importante é a atitude interior de plena disponibilidade para servir os outros, por amor a Jesus Cristo.

Um grupo cravado na Cruz

(12) Recordemos também outras palavras de S. Josemaria: «Nosso Senhor não quer uma personalidade efémera para a sua Obra: pede-nos uma personalidade imortal, porque quer que nela, na Obra, haja um grupo cravado na Cruz: a Santa Cruz tornar-nos-á perduráveis, sempre com o mesmo espírito do Evangelho, que trará o apostolado de ação como fruto saboroso da oração e do sacrifício»[24]. O nosso Padre não indica quem constitui este grupo cravado na Cruz, mas D. Álvaro, na nota que comenta este parágrafo, assinala que já se veem aqui anunciados ou referidos os vários modos de viver a vocação na Obra. Pelo contexto, podemos pensar que, neste caso, se refere sobretudo aos numerários e numerárias.

Noutros textos, S. Josemaria refere-se também aos sacerdotes como especialmente cravados na Cruz. E a verdade é que todos temos que estar cravados na Cruz, incluindo os agregados e os supranumerários, porque é aí que encontramos o Senhor, como diz o nosso Padre, em palavras que exprimem uma sua profunda experiência pessoal: «Ter a Cruz é identificar-se com Cristo, é ser Cristo, e portanto, ser filhos de Deus»[25].

Embora possa ser-vos humanamente custoso para as numerárias e numerários deixar uma profissão anterior por algum tempo, para vos dedicardes profissionalmente a outro tipo de atividades (a administração dos centros da Obra, o governo, a formação, a direção ou a colaboração em atividades apostólicas), trata-se de um encontro fecundo com a Cruz, lugar da mais profunda identificação com Cristo, e fonte de uma grande alegria sobrenatural, muitas vezes surpreendente.

(13) Quando pedimos a admissão à Obra, conhecemos e assumimos livremente – por amor! – esta atitude de disponibilidade, que nos leva a unir-nos a um projeto divino. E, ao mesmo tempo, como tudo na vida espiritual, o amadurecimento efetivo da entrega vai crescendo com o tempo. Este crescimento dá-se através da formação, da vida interior e com variadas experiências de disponibilidade – pequenas mudanças de planos, encargos, etc. – que preparam a alma para grandes mudanças, se forem necessárias. Como é natural, os diretores procuram sempre contar previamente com o parecer dos interessados quando se trata de encargos ou de mudanças com maior importância, mesmo que estes, manifestando com simplicidade as dificuldades que possam ver, mantenham a disposição de estar para o que for preciso, por amor a Deus e às almas.

O que é decisivo, insisto, é que cada um tenha esta disposição interior habitual de entrega aos seus irmãos e a tantíssimas outras pessoas que esperam o nosso serviço cristão: «Levantai os olhos e vede os campos que estão dourados para a ceifa» (Jo 4, 35).

Esta atitude é perfeitamente compatível com uma saudável ambição profissional e com um cuidado lógico e responsável por nos sustentarmos economicamente e de atender às necessidades da nossa família sobrenatural. A disponibilidade para mudar de ocupação profissional, se a Obra o pedir, precisamente para se dedicar à formação dos outros, acompanha a convicção de ser mulheres e homens que querem estar, como os seus iguais, nos desafios do mundo, pois a sua missão é ajudar a transformá-lo e levá-lo a Deus. E isto faz-se também de forma muito eficaz a partir dos encargos de direção e de formação na Obra.

As numerárias e os numerários viveis o dom do celibato apostólico como plenitude de amor em Cristo, que abre a uma paternidade e maternidade espirituais. Estais chamados a ser um testemunho vivo de entrega total a Deus no meio do mundo, com uma disponibilidade plena ao serviço de todos: enamorados de Jesus, dos outros e do mundo. Cada um de vós recebe uma chamada específica para cuidar de uma família sobrenatural e interessar-se pelos seus irmãos.

Tendes um horizonte muito amplo: com a vossa vida entregue, às vezes talvez escondida e sem brilho humano, chegais eficazmente até ao último recanto do mundo.

III. A vocação à Obra como numerária auxiliar

(14) As numerárias auxiliares têm uma especial função de serviço, que levais a cabo criando e mantendo o ambiente de um lar cristão nos centros da Obra. Fazeis desta tarefa uma realidade através do vosso trabalho profissional, que, no vosso caso, é a Administração. Como sabeis, não se trata apenas de realizar uma série de tarefas materiais, que entre todos podemos e devemos fazer, em diversas medidas, mas de as planear, organizar e coordenar de tal maneira que o resultado seja precisamente esse lar de família onde todos se sintam em casa, acolhidos, afirmados, cuidados e, ao mesmo tempo, responsáveis. Isto, que além do mais é de grande importância para cada pessoa humana, repercute-se na fisionomia e na têmpera espiritual de toda a Obra, de todos e cada um dos seus membros. As mulheres tornais-vos assim «amparo insubstituível e uma fonte de força espiritual para os outros, que percebem as grandes energias»[26] do vosso espírito.

A prioridade da pessoa e da família

(15) Com o vosso trabalho cuidais e servis a vida na Obra, pondo a pessoa singular como o foco e a prioridade do vosso trabalho. Esta é uma expressão muito concreta de que a Obra é família, uma verdadeira família, e não em sentido metafórico. Recordais como o nosso Padre nos disse tantas vezes que os vínculos na Obra são mais fortes que os laços de sangue, algo que tem consequências também afetivas, de carinho mútuo.

S. Josemaria considerava muitas vezes que o trabalho da Administração é o mesmo que realizava Nossa Senhora. Por isso, o ar de família da Obra deve ser como um reflexo, como uma continuação do que foi – embora não o tenhamos visto, podemos imaginá-lo – o ambiente do lar de Nazaré.

Mesmo que o trabalho próprio da Administração dos centros se possa chamar de maneiras diferentes nas diversas culturas, as numerárias auxiliares sois realmente irmãs, mães, parte integrante da família, tal como o Padre e as suas outras filhas e filhos. Pela graça que tendes recebido de Deus para cuidar de todos na Obra, S. Josemaria dizia que, se tivesse podido, teria sido numerária auxiliar. Chamava-vos as suas filhas mais novas, porque fostes as últimas a chegar à Obra, e não porque vos considerasse menores de idade. Pelo contrário, confiava especialmente na vossa fidelidade, madura e firme, para levar para a frente as grandes intenções da Obra.

De todos os ambientes

(16) É uma realidade maravilhosa que as numerárias auxiliares procedam de todos os ambientes. De facto, às vezes algumas questionam-se se Deus lhes pede que seja numerária ou numerária auxiliar. Um elemento a ter presente, entre outros, é a inclinação pessoal para as tarefas mais diretamente orientadas para o serviço e o cuidado das pessoas. Como é natural, o discernimento depende, em última análise, de cada uma, com a orientação da direção espiritual e das diretoras.

Em todo o caso, compreende-se que o trabalho da Administração tenha uma grande dignidade: a de dar e manter o calor de lar numa família. Além disso, as que trabalham na Administração, «através desta profissão – porque o é, verdadeira e nobre – têm uma influência positiva, não só na família, como também em muitos amigos e conhecidos, em pessoas com as quais de um modo ou de outro se relacionam, realizando um trabalho às vezes muito mais abrangente que o de outros profissionais»[27].

Apostolado dos apostolados

(17) S. Josemaria valorizava tanto o trabalho da Administração até ao ponto de o considerar apostolado dos apostolados. Sem ele, a Obra não poderia avançar.

É apostolado dos apostolados, em primeiro lugar, porque em si mesmo é um apostolado muito direto. Insisto em que não se limita à prestação de serviços materiais, em si mesmos necessários e importantes, mas sobretudo trata-se de que esse trabalho, transformado em oração, influi muito diretamente na formação humana e espiritual das pessoas do centro administrado. O ambiente que sabeis criar forma, e forma muito.

O vosso trabalho bem realizado, com efeito, materializa um espírito e comunica-o eficazmente através dos factos, de modo concreto e constante. Por isso procurais fazer com o maior profissionalismo possível os trabalhos da casa, tal como cada um dos meus filhos faz nas suas próprias tarefas. E ao elevá-los ao horizonte do trabalho santificado, pondes a competência profissional diretamente ao serviço das pessoas, tornando-os um fator de humanização e de inspiração para o trabalho profissional de todos.

Em segundo lugar, o trabalho da Administração é apostolado dos apostolados, porque torna possíveis os outros apostolados, atuando como seiva e impulso, especialmente na medida em que procurais transformá-lo em diálogo com Deus. «Ao trabalhar na Administração – escrevia-vos S. Josemaria –, participais em todos os apostolados, colaborais em todo o trabalho da Obra. O seu bom desempenho é uma condição necessária, o maior impulso para toda a Obra, se o fazeis com amor de Deus»[28]. Nota-se muito quando, no início do trabalho apostólico num país ou numa cidade, ainda não há Administração. Também se nota que a Obra ganha mais vida e mais dinamismo quando ela existe. Além disso, como é lógico, as numerárias auxiliares colaborais em muitas outras atividades apostólicas, na medida em que vos seja possível em cada caso.

Dizemos também que a Administração é a coluna vertebral da Obra, porque sustenta todo o corpo, o qual, de outra forma, não se poderia manter em pé. Isto é assim, graças a Deus: trata-se de uma realidade que devemos sempre considerar e valorizar. Naturalmente, as outras numerárias que trabalhais na Administração constituis também esta coluna vertebral e este apostolado dos apostolados.

Minhas filhas numerárias auxiliares, tendes uma missão apaixonante: transformar este mundo, hoje tão cheio de individualismo e indiferença, num autêntico lar. A vossa tarefa, levada a cabo com amor, pode chegar a todos os ambientes. Estais a construir um mundo mais humano e mais divino, porque o dignificais com o vosso trabalho convertido em oração, com o vosso carinho e com o profissionalismo que tendes no cuidado das pessoas em toda a sua integridade.

IV. A vocação à Obra como agregada e agregado

Com características próprias

(18) Os agregados fazem o Opus Dei principalmente através de um apostolado pessoal profundo, no vosso próprio ambiente profissional e familiar, e colaborando com os numerários no cuidado dos outros fiéis da Obra. Manifestais com a vossa vida o caráter libérrimo que a atividade apostólica de todos os batizados tem, realizando-a com todas as energias de um coração celibatário. Por isso, S. Josemaria podia dizer-vos: «Tenho inveja de vós, a vossa entrega a Deus é total e plena como a minha, mas podeis chegar mais longe» [29]. Que queria dizer com isto? Queria dizer que o principal é estar no meio do mundo, no meio das atividades, dos trabalhos, das famílias, para aí levar a vida cristã.

São muito variadas as circunstâncias em que vos encontrais e trabalhais em todo o tipo de ambientes profissionais. A vossa vida abre-se a um campo ilimitado de possibilidades onde encarnar e difundir o espírito do Opus Dei. Pela diversidade das vossas origens, chegais a todo o tecido social; pela maior permanência em cada lugar, facilitais o enraizamento dos apostolados no território. O vosso estilo de vida permite-vos cultivar uma grande diversidade de relações e fazê-lo de uma forma muito estável: relações familiares, profissionais, de vizinhança, no lugar, cidade ou país onde residis. «Chegais a mais», como dizia S. Josemaria, não só na extensão do apostolado, como na sua profundidade, também porque mostrais com a vida o que significa uma entrega a Deus no meio do mundo, com um coração indiviso.

Compreende-se, portanto, muito bem que o nosso Padre desejasse que os agregados fossem em número o dobro dos numerários, porque o principal é o apostolado no meio das circunstâncias habituais e dos trabalhos próprios de cada uma e de cada um.

Se alguém, considerando a sua possível vocação para a Obra, hesitasse entre ser numerário ou agregado, poderia ser necessário mostrar-lhe que é um erro pensar que ser numerário é mais do que ser agregado. Isto tem muita importância no discernimento da vocação. Há casos em que é evidente a maneira como se concretiza a vocação para a Obra: por exemplo, um homem casado pode ser supranumerário, mas não agregado nem numerário. Contudo, há outros casos menos evidentes, e o discernimento final tem de ser feito pela pessoa interessada: é ela que experimenta o que Deus lhe pede concretamente, dentro de uma vocação única e comum. Logicamente, por prudência, é muito oportuno aconselhar-se na direção espiritual, e também com os diretores, que conhecem a pessoa e com ela desejam discernir a vontade de Deus.

O bom aroma de Cristo

(19) Referindo-se concretamente às agregadas e aos agregados, S. Josemaria escreveu: «Com o seu trabalho – que às vezes realizam em obras corporativas –, em todas as circunstâncias da sociedade, em todos os sítios, nos mais diversos cantos do mundo, levam a todo o lado, entre os seus colegas, o bom aroma de Cristo. E esforçam-se por orientar com sentido cristão as atividades – tanto oficiais como privadas – sociais, profissionais, económicas, etc., dos que pertencem à sua própria classe e condição social. E isto, geralmente, sem a necessidade de mudarem de domicílio nem de trabalho»[30]. Por isso, ouvi diretamente D. Javier dizer, recolhendo ensinamentos de S. Josemaria, que vós, as agregadas e os agregados, expressais de uma forma especialmente clara o que é o Opus Dei, através da santificação da vida corrente, do trabalho profissional e da vida familiar, sem mudar de lugar.

Os agregados trabalham por vezes em obras corporativas de ensino ou noutras atividades apostólicas. No entanto, essa não é a vossa maneira principal de participar na missão da Obra, pois toda ela está nas vossas mãos. Às vezes é necessário que assumais esses encargos, mas o principal é a santificação da vida corrente, o relacionamento de amizade e de confidência com as pessoas e, quando for o caso, acompanhando os vossos amigos aos meios de formação das obras de S. Rafael e de S. Gabriel... Numa palavra, Deus chama-vos a ser levedura no meio da massa. O importante para vós, insisto, é o trabalho apostólico no meio das circunstâncias habituais e das tarefas próprias de cada uma e de cada um.

V. Sacerdotes da Prelatura

(20) Entre os numerários e os agregados surgem na Obra as vocações para o sacerdócio, que são tão essenciais como as vocações dos leigos na realidade teológica e jurídica da Prelatura. Este chamamento não é uma coroação da vocação à Obra, mas uma nova forma de a vivê-la, com «mais obrigação que os outros de pôr o coração no chão, como um tapete, para que os seus irmãos pisem em terreno brando»[31].

Juntamente com o que é próprio do seu ministério sacerdotal na Igreja, que tem o seu centro na Eucaristia, os sacerdotes da Prelatura dedicam-se principalmente ao serviço ministerial dos outros fiéis e ao atendimento sacerdotal das suas atividades apostólicas. Concretamente, pela peculiar missão pastoral da Prelatura, dedicam-se sobretudo à celebração dos sacramentos da Eucaristia e da Penitência, à pregação da Palavra de Deus, à direção espiritual, e a uma ampla tarefa de formação doutrinal.

O facto de os sacerdotes da Prelatura viverem, como os outros, o espírito da Obra implica um estilo sacerdotal determinado: no seu ministério, refletem necessariamente a secularidade; respeitam e promovem com grande delicadeza a responsabilidade e a iniciativa dos fiéis leigos; atuam de forma sobrenatural para aproximar as pessoas de Deus; fomentam nos outros a liberdade de espírito, que é amar; atuam com iniciativa, para realizar um abundante trabalho sacerdotal. Naturalmente, e na medida do possível, colaboram também em atividades das dioceses.

Ao serviço dos outros

(21) No início de uma das suas cartas especialmente dirigida aos seus filhos sacerdotes, S. Josemaria escreveu: «Fostes ordenados, meus filhos sacerdotes, para servir. Deixai-me começar por recordar que a vossa missão sacerdotal é uma missão de serviço. Conheço-vos, e sei que esta palavra – servir – resume os vossos anseios, toda a vossa vida. E é o vosso orgulho e o meu consolo: porque essa vontade boa e sincera que tendes – como os vossos irmãos leigos e as vossas irmãs – de estar sempre ocupados em fazer bem aos outros, dá-me o direito de dizer que sois gaudium meum, et corona mea (Fil 4, 1), a minha alegria e a minha coroa»[32].

Para os sacerdotes, o espírito de serviço leva-vos a sentir-vos e a ser, na prática, mais um entre os vossos irmãos, conscientes de que na Obra há «uma só classe, mesmo que formada por clérigos e leigos»[33]. Ao mesmo tempo, com o vosso exemplo e a vossa palavra, procurais ser como despertadores dos desejos de santidade nos outros e instrumentos de unidade na Obra. Estando sempre muito próximos de todos, procurai manter um tom humano adequado, a seriedade sacerdotal no modo como vos apresentais, nas conversas, etc.

Meus filhos, se S. Josemaria dizia a todos que «é de Cristo que devemos falar; não de nós mesmos»[34], vós, sacerdotes, esforçais-vos especialmente por não brilhar, por não serdes os protagonistas, procurando que o protagonismo e o brilho da vossa vida sejam os de Jesus Cristo, e que brilhem, se for o caso, as vossas irmãs e os vossos irmãos. Para isso, como bem sabeis e procurais viver, é particularmente necessária a vossa união com Deus, a vossa oração e sacrifício alegre, em unidade de vida.

VI. Sobre o celibato apostólico dos numerários e agregados

(22) A vocação à Obra no caso dos numerários e agregados, e das numerárias e agregadas, inclui o celibato apostólico, que é um dom de Deus e uma resposta a esse dom, pela correspondência do amor ao Amor. «Tende sempre presente que é o Amor – o Amor dos amores – a razão do nosso celibato»[35]. Por isso, o celibato não deve ser considerado apenas nem principalmente como uma opção funcional, isto é, como uma realidade adequada para nos dedicarmos mais ao trabalho apostólico da Obra ou para podermos andar de um lado para o outro. É verdade que o celibato torna isso possível ou facilita-o, mas a sua razão fundamental é a de ser um particular dom de identificação com a vida de Cristo. «O celibato deve ser um testemunho de fé: a fé em Deus torna-se concreta naquela forma de vida que só tem sentido a partir de Deus. Apoiar a vida n'Ele, renunciando ao matrimónio e à família, significa que acolho e experimento Deus como realidade e por isso posso levá-lo aos homens»[36].

O celibato apostólico não nos separa dos outros. Mas ao implicar um compromisso de coração indiviso para Deus, isso terá que se notar num teor de vida entregue, análogo ao de uma pessoa casada, que não se comporta como se não tivesse um compromisso de fidelidade com o seu cônjuge.

A vocação vivida com radicalidade choca por vezes com os padrões do mundo. Também aqui podemos aplicar estas palavras mais gerais de S. Josemaria: «” E, num ambiente paganizado ou pagão, quando esse ambiente chocar com a minha vida, não parecerá postiça a minha naturalidade?", perguntas-me. – E respondo-te: sem dúvida, a tua vida chocará com a deles. E esse contraste, porque confirma com as tuas obras a tua fé, é precisamente a naturalidade que te peço»[37].

Renovemos sempre de novo a convicção de que o dom do celibato apostólico manifesta uma predileção divina, uma chamada a uma especial identificação com Jesus Cristo, que implica também, mesmo humanamente, mas sobretudo sobrenaturalmente, uma maior capacidade de amar todas as pessoas. E em consequência, o celibato, que prescinde da paternidade e da maternidade físicas, torna possível uma maternidade ou paternidade espirituais muito maiores. Contudo, em qualquer caso, aqueles que amam mais o Senhor estarão de facto mais identificados com Cristo, sejam celibatários ou casados, pois o casamento é também um «caminho divino na Terra»[38].


VII. A vocação à Obra como supranumerária e supranumerário

É muita graça de Deus

(23) A maioria dos fiéis do Opus Dei é composta por vós, supranumerários, que procurais santificar todas as dimensões da vossa vida, e de modo especial a vida matrimonial e familiar, uma vez que habitualmente sois pessoas casadas. Em 1947, S. Josemaria escrevia assim aos seus filhos de Espanha, respondendo a algumas considerações que tinha recebido sobre os supranumerários: «Li as notas sobre os supranumerários. (...) Na próxima semana devolvo-te esses papéis com algumas indicações concretas: de qualquer modo, adianto que não podemos perder de vista que não se trata da inscrição de uns senhores numa determinada associação (...). É muita graça de Deus ser supranumerário!»[39]. É Deus quem dá a graça: muita graça, diz S. Josemaria. E uma graça grande: a da vocação à Obra. Para os supranumerários, esta vocação traz consigo uma ajuda especial para viverem o seu próprio caminho de santificação: aquele que foi iniciado pelo batismo e, na maioria dos casos, pela receção do sacramento do matrimónio e a formação de uma família.

A chamada pressupõe uma escolha, e orienta-se, como escrevi antes, para uma missão: ser e fazer o Opus Dei na Igreja. Na Instrução de S. Gabriel, S. Josemaria escreve, referindo-se às supranumerárias e aos supranumerários: «Eu vejo esta grande seleção atuante (...). Todos, cada um sabendo que foi escolhido por Deus para alcançar a sua santidade pessoal no meio do mundo, precisamente no lugar que ocupa no mundo, com uma piedade sólida e fundamentada, face ao cumprimento ditoso do dever de cada momento, mesmo que custe»[40]. Portanto, não encaremos nunca a vocação como um conjunto de exigências, de obrigações – mesmo que as tenha, logicamente – mas antes de mais, como uma escolha de Deus, como um grande dom de Deus.

O horizonte que dá sentido à vossa missão é ser «fermento que divinize os homens, e que, ao torná-los divinos, os torne, ao mesmo tempo, verdadeiramente humanos»[41]. Como Áquila e Priscila, que acolheram S. Paulo em Corinto (cf. At 18, 2), e que anunciaram o Evangelho a Apolo e a muitos mais (cf. At 18, 26; Rm 16, 3; 1 Cor 16, 19); como tantos daqueles primeiros cristãos que viveram uma vida tão normal como a dos seus contemporâneos, e que eram ao mesmo tempo sal da terra e luz de um mundo que estava em trevas.

«Entre os supranumerários, há uma grande diversidade de condições sociais, de profissões e de ocupações. Todas as circunstâncias e situações da vida são santificadas por estes meus filhos – homens e mulheres – que, no seu estado civil e situação no mundo, se dedicam a procurar a perfeição cristã com plenitude de vocação»[42]. Reparai como o nosso Padre insiste na plenitude de vocação. No que diz respeito à variedade, é evidente que ela decorre do facto de a Obra ser um caminho de santificação e de apostolado na vida quotidiana; uma vida quotidiana que admite toda a variedade daquilo que é humano e honesto.

Casamento e família

(24) A vocação na Obra como supranumerário vive-se, antes de mais, no âmbito familiar. «O vosso primeiro apostolado é em casa»[43]. S. Josemaria desejava que os lares dos supranumerários e das supranumerárias fossem «luminosos e alegres», «centros de irradiação da mensagem evangélica»[44]. Esta é a herança que deixais à sociedade. Por isso também vos escreveu: «A formação que o Opus Dei vos dá leva-vos a valorizar a beleza da família, a obra sobrenatural que a fundação de uma família significa, a fonte de santificação que se esconde nos deveres conjugais»[45].

Além disso, estais chamados a influir positivamente noutras famílias. Em particular, ajudando a que as suas vidas familiares tenham um sentido cristão, e preparando a juventude para o casamento, para que muitos jovens se entusiasmem e estejam em condições de formar outros lares cristãos, dos quais poderão também surgir as muitas vocações para o celibato apostólico que Deus quiser.

Também os solteiros e os viúvos, e naturalmente os casais sem filhos, podeis ver na família um primeiro apostolado, pois sempre tereis, de uma forma ou de outra, um ambiente familiar para cuidar.

Ter um impacto cristão no seu ambiente

(25) S. Josemaria via em vós uma grande mobilização de cristãos, que irradiam o amor de Cristo no seu trabalho e no seu ambiente, principalmente através do apostolado de amizade e confidência. E via que, ao fazê-lo, contribuem também para melhorar as estruturas próprias da sociedade, tornando-as cada vez mais humanas e coerentes com a vida de filhos de Deus, tomando parte ativa na solução dos problemas do nosso tempo. «Fazeis um apostolado muitíssimo fecundo quando vos esforçais por orientar com sentido cristão as profissões, instituições e as estruturas humanas em que trabalhais e viveis»[46].

É evidente que a vocação e a consequente missão das supranumerárias e dos supranumerários não se limita a viver umas práticas de piedade, a assistir a umas atividades de formação e a participar nalguma iniciativa apostólica, mas engloba toda a vossa vida, porque tudo na vossa vida pode ser encontro com Deus e apostolado. Fazer o Opus Dei é fazê-lo na própria vida e, pela comunhão dos santos, colaborar na sua realização em todo o mundo. Ou, como o nosso fundador nos recordava, com uma frase muito expressiva, fazer o Opus Dei sendo cada um Opus Dei.

Sentir a Obra como própria leva-vos a ter um grande interesse em formar-vos, para levar Cristo aos outros e dar razão da vossa fé. De facto, «a formação que o Opus Dei vos dá é flexível: adapta-se, como a luva à mão, à vossa situação pessoal e social. (…) Uma vez que em nós o espírito é único e únicos são os meios ascéticos, podem e devem tornar-se realidade em cada caso, sem rigidezes»[47].

A flexibilidade que evita a rigidez não significa que ser supranumerário implique uma menor exigência de heroísmo ou de radicalidade no seguimento de Jesus Cristo. Por isso, convém que não nos fixemos tanto na diversidade de circunstâncias, mas na própria essência do que é a chamada de Deus e a missão dada por Deus nessas circunstâncias. Seja em que situação for, trata-se de estar com Jesus, de amar Jesus, de trabalhar com Jesus e de O levar a todo o lado.

Quando S. Josemaria escrevia que «os supranumerários se dedicam parcialmente ao serviço da Obra»[48], referia-se à disponibilidade material para as atividades apostólicas concretas, e não a uma parcialidade na realização da Obra, uma vez que esta tarefa, insisto de novo, realiza-se com toda a vida. Por isso o nosso Padre também escreveu, ao falar sobre a missão apostólica dos supranumerários: «Este não é um apostolado realizado de forma esporádica ou pontual, mas de forma habitual e por vocação, considerando-o como o ideal de toda a vida»[49].

Deus conta que, espontaneamente e com iniciativa, vos abrais em leque, e leveis a alegria do Evangelho a todo o tipo de pessoas. «Na vossa ação apostólica deveis ter iniciativa, dentro da amplíssima margem que indica o nosso espírito, para encontrar – em cada lugar, em cada ambiente e em cada época –, as atividades que melhor se adequarem às circunstâncias»[50].

Esta é a grande missão das minhas filhas e filhos supranumerários, que não tem limites: «Não deverá existir nenhuma aldeiazinha neste mundo onde algum supranumerário não difunda o nosso espírito»[51].

VIII. A vocação à Obra como agregado e supranumerário da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz

(26) «Vós sois tão do Opus Dei como eu», dizia S. Josemaria aos sacerdotes e diáconos, agregados e supranumerários, da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz que não estão incardinados na Prelatura.

A chamada à santidade no meio do mundo inclui também, naturalmente, os sacerdotes seculares incardinados nas dioceses. A vocação à Obra é a mesma: a chamada divina a procurar a santidade e a fazer apostolado nas circunstâncias e no cumprimento dos deveres próprios de cada um, com o mesmo espírito e os mesmos meios ascéticos, e formando parte da família do Opus Dei.

A expressão jurídica da pertença à Obra é certamente diferente nos fiéis da Prelatura e nos sócios da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz não incardinados na Prelatura. Contudo, a diversidade do vínculo jurídico (respetivamente, de jurisdição ou associativo) não diminui em nada a identidade do chamamento a procurar a santidade com o mesmo espírito e meios específicos do Opus Dei.

Esta diferença jurídica permite que a chamada à Obra não vos tire do vosso lugar, uma vez que permaneceis incardinados nas vossas respetivas dioceses, sem que se altere minimamente a relação com o vosso Bispo e com os outros sacerdotes. A vossa vocação reforça e facilita, com os meios oportunos, o cumprimento fiel e generoso dos compromissos sacerdotais e dos encargos ministeriais, tornando-vos mais amável o vosso caminho de santidade. Além disso, é vossa especial responsabilidade promover as vocações sacerdotais, e estais chamados a ser fermento de unidade com os Bispos, e de fraternidade dentro do presbitério da vossa diocese.

Como vos animava o nosso Padre neste sentido! «Procurai acompanhar-vos, também humanamente. Tende um coração muito humano, porque humano é o coração com que amamos Jesus, e o Pai, e o Espírito Santo. Se virdes algum dos vossos irmãos aflito, ide, ide ter com ele, não espereis que vos chame!»[52].

É uma alegria considerar que a santificação do trabalho – eixo da vida espiritual – significa fundamentalmente, para os sócios da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, santificar a atividade sacerdotal. Nos seus aspetos principais, é já objetivamente uma atividade sagrada. Mas, como qualquer trabalho, é ao mesmo tempo lugar e meio de santificação pessoal e de apostolado.

* * *

(27) Vamo-nos aproximando do centenário daquele dia 2 de outubro de 1928, em que Deus fez ver a Obra a S. Josemaria. Desde então, no mundo e na Igreja, e, portanto, também na Obra, tem havido e continua a haver tantas alegrias e tantas penas.

No dia 27 de março de 1975, fazendo oração enquanto pregava, o nosso Padre recordou a história relativamente breve do Opus Dei: «Um panorama imenso: tantas dores, tantas alegrias. E agora, tudo alegrias, tudo alegrias... Porque temos a experiência de que a dor é o martelar do artista que quer fazer de cada um de nós, dessa massa informe que somos, um crucifixo, um Cristo, o alter Christus que temos de ser. Senhor, obrigado por tudo. Muito obrigado!» [53].

A beleza da vocação cristã, tal como o Senhor a concretizou na Obra para cada uma e cada um, há-de encher-nos de alegria: por um lado, de uma saudável alegria humana, perante tantas pessoas e tantas coisas boas; por outro, e muito especialmente, dessa alegria sobrenatural que, como o nosso Padre garantia, tem «raízes em forma da Cruz». Alegra-nos muito saber – consideremo-lo de novo – que «a Santa Cruz tornar-nos-á perduráveis, sempre com o mesmo espírito do Evangelho, que trará o apostolado de ação como fruto saboroso da oração e do sacrifício»[54].

Pedimos a Nossa Senhora que nos abençoe e nos recorde maternalmente que todos temos a Obra nas nossas mãos. Assim, seguindo a vontade de Deus e correspondendo à Sua graça, a história iniciada no dia 2 de outubro de 1928 continuará até ao fim dos tempos, apesar da nossa fraqueza e dos nossos erros: continuaremos a trabalhar com alegria, procurando pôr Cristo no cume de todas as atividades humanas, para glória de Deus.

Com todo o carinho vos abençoa

o vosso Padre

Fernando

Roma, 28 de outubro de 2020

[1] Carta 9-I-1932, nº 9.

[2] Carta 12-XII-1952, nº 35.

[3] Carta 31-V-1954, nº 17.

[4] Carta 19-III-1967, nº 93.

[5] Amigos de Deus, nº 146.

[6] Cf. S. Tomás de Aquino, Comentário à Epístola aos Romanos, cap. 8, lec. 3.

[7] Francisco, Enc. Fratelli tutti, nº 277.

[8] Conc. Vaticano II, Const. Lumen gentium, nº 3.

[9] Forja, nº 69.

[10] Ibid., nº 835.

[11] Francisco, Exort. Ap. Evangelii gaudium, nº 121.

[12] Entrevistas a S. Josemaria, nº 19.

[13] Carta 31-V-1954, nº 34.

[14] Cristo que passa, nº 74.

[15] Forja, nº 156.

[16] Carta 24-XII-1951, nº 137.

[17] Carta 25-I-1961, nº 11.

[18] Bem-aventurado Álvaro del Portillo, nota 135 à Instrução sobre a obra de S. Miguel.

[19] Cf. Mensagem, 20-7-2020.

[20] Carta 29-IX-1957, nº 8.

[21] Ibid., nº 76.

[22] Javier Echevarría, Carta Pastoral, 28-11-1995, nº 16.

[23] Instrução para a obra de S. Gabriel, nº 113.

[24] Instrução sobre o espírito sobrenatural da Obra, nº 28.

[25] Meditação, 28 de abril de 1963.

[26] S. João Paulo II, Carta apost. Mulieris dignitatem, nº 30.

[27] Entrevistas a S. Josemaria, nº 88.

[28] Carta 29-VII-1965, nº 11.

[29] Tertúlia, 15 de setembro de 1962.

[30] Carta 29-IX-1957, nº 13.

[31] Carta 8-VIII-1956, nº 7.

[32] Ibid., nº 1.

[33] Ibid., nº 5.

[34] Cristo que passa, nº 163.

[35] Instrução para a obra de S. Miguel, nº 84.

[36] Bento XVI, Discurso, 22 de dezembro de 2006.

[37] Caminho, nº 380.

[38] Entrevistas a S. Josemaria, nº 92.

[39] Carta ao Conselho Geral do Opus Dei, 18 de dezembro de 1947.

[40] Instrução para a obra de S. Gabriel, nº 9.

[41] Carta 9-I-1959, nº 7.

[42] Ibid., nº 10.

[43] Ibid., nº 53.

[44] Cristo que passa, nº 30.

[45] Carta 9-I-1959, nº 53.

[46] Ibid., nº 17.

[47] Ibid., nº 33.

[48] Instrução para a obra de S. Gabriel, nº 23.

[49] Ibid., nº 15.

[50] Carta 24-X-1942, nº 46.

[51] Carta 9-I-1959, nº 13.

[52] Notas de uma reunião familiar com sacerdotes, 26 de outubro de 1972, em Arquivo Geral da Prelatura, secção P04 1972, II, p. 767.

[53] Palavras recolhidas na sua pregação, em Arquivo Geral da Prelatura, secção P01 1975, p. 809.

[54] Instrução sobre o espírito sobrenatural da Obra, nº 28.