Obrigado, Perdão Ajuda-me
sábado, 11 de abril de 2009
A homilia…
(Vide s.f.f. inserção anterior)
Vigília Pascal na noite santa - Homilia de Sua Santidade Bento XVI
Narra São Marcos no seu Evangelho que os discípulos, ao descer do monte da Transfiguração, discutiam entre si o que queria dizer «ressuscitar dos mortos» (cf. Mc 9, 10). Antes, o Senhor tinha-lhes anunciado a sua paixão e a ressurreição três dias depois. Pedro tinha protestado contra o anúncio da morte. Mas agora interrogavam-se acerca do que se poderia entender pelo termo «ressurreição». Porventura não acontece o mesmo também a nós? O Natal, o nascimento do Deus Menino de certo modo é-nos imediatamente compreensível. Podemos amar o Menino, podemos imaginar a noite de Belém, a alegria de Maria, a alegria de São José e dos pastores e o júbilo dos Anjos. Mas, a ressurreição: o que é? Não entra no âmbito das nossas experiências, e assim a mensagem frequentemente acaba, em qualquer medida, incompreendida, algo do passado. A Igreja procura levar-nos à sua compreensão, traduzindo este acontecimento misterioso na linguagem dos símbolos pelos quais nos seja possível de algum modo contemplar este facto impressionante. Na Vigília Pascal, indica-nos o significado deste dia sobretudo através de três símbolos: a luz, a água e o cântico novo do aleluia.
Temos, em primeiro lugar, a luz. A criação por obra de Deus – acabámos de ouvir a sua narração bíblica – começa com as palavras: «Haja luz!» (Gen 1, 3). Onde há luz, nasce a vida, o caos pode transformar-se em cosmos. Na mensagem bíblica, a luz é a imagem mais imediata de Deus:
Ele é todo Resplendor, Vida, Verdade, Luz. Na Vigília Pascal, a Igreja lê a narração da criação como profecia. Na ressurreição, verifica-se de modo mais sublime aquilo que este texto descreve como o início de todas as coisas. Deus diz de novo: «Haja luz». A ressurreição de Jesus é uma irrupção de luz. A morte fica superada, o sepulcro escancarado. O próprio Ressuscitado é Luz, a Luz do mundo. Com a ressurreição, o dia de Deus entra nas noites da história. A partir da ressurreição, a luz de Deus difunde-se pelo mundo e pela história. Faz-se dia. Somente esta Luz – Jesus Cristo – é a luz verdadeira, mais verdadeira que o fenómeno físico da luz. Ele é a Luz pura: é o próprio Deus, que faz nascer uma nova criação no meio da antiga, transforma o caos em cosmos.
Procuremos compreender isto um pouco melhor ainda. Porque é que Cristo é Luz? No Antigo Testamento, a Torah era considerada como a luz vinda de Deus para o mundo e para os homens. Aquela separa, na criação, a luz das trevas, isto é, o bem do mal. Aponta ao homem o caminho justo para viver de modo autêntico. Indica-lhe o bem, mostra-lhe a verdade e condu-lo para o amor, que é o seu conteúdo mais profundo. Aquela é «lâmpada» para os passos, e «luz» no caminho (cf. Sal 119/118, 105). Ora, os cristãos sabiam que, em Cristo está presente a Torah: a Palavra de Deus está presente n’Ele como Pessoa. A Palavra de Deus é a verdadeira Luz de que o homem necessita. Esta Palavra está presente n’Ele, no Filho. O Salmo 19 comparara a Torah ao sol, que, nascendo, manifesta a glória de Deus visivelmente em todo o mundo. Os cristãos compreendem: sim, na ressurreição, o Filho de Deus surgiu como Luz sobre o mundo. Cristo é a grande Luz, da qual provém toda a vida. Ele faz-nos reconhecer a glória de Deus de um extremo ao outro da terra. Indica-nos a estrada. Ele é o dia de Deus que agora, crescendo, se difunde por toda a terra. Agora, vivendo com Ele e por Ele, podemos viver na luz.
Na Vigília Pascal, a Igreja representa o mistério da luz de Cristo no sinal do círio pascal, cuja chama é simultaneamente luz e calor. O simbolismo da luz está ligado com o do fogo: resplendor e calor, resplendor e energia de transformação contida no fogo. Verdade e amor andam juntos. O círio pascal arde e deste modo se consuma: cruz e ressurreição são inseparáveis. Da cruz, da autodoação do Filho nasce a luz, provém o verdadeiro resplendor sobre o mundo. No círio pascal, todos acendemos as nossas velas, sobretudo as dos neo-baptizados, aos quais, neste sacramento, a luz de Cristo é colocada no fundo do coração. A Igreja Antiga designou o Baptismo como fotismos, como sacramento da iluminação, como uma comunicação de luz e ligou-o inseparavelmente com a ressurreição de Cristo. No Baptismo, Deus diz ao baptizando: «Haja luz». O baptizando é introduzido dentro da luz de Cristo. Cristo divide agora a luz das trevas. N’Ele reconhecemos o que é verdadeiro e o que é falso, o que é o resplendor e o que é a escuridão. Com Ele, surge em nós a luz da verdade e começamos a compreender. Uma vez quando Cristo viu a gente que se congregara para O escutar e esperava d’Ele uma orientação, sentiu compaixão por ela, porque eram como ovelhas sem pastor (cf. Mc 6, 34). No meio das correntes contrastantes do seu tempo, não sabiam a quem dirigir-se. Quanta compaixão deve Ele sentir também do nosso tempo, por causa de todos os grandes discursos por trás dos quais, na realidade, se esconde uma grande desorientação! Para onde devemos ir? Quais são os valores, segundo os quais podemos regular-nos? Os valores segundo os quais podemos educar os jovens, sem lhes dar normas que talvez não subsistam nem exigir coisas que talvez não lhes devam ser impostas? Ele é a Luz. A vela baptismal é o símbolo da iluminação que nos é concedida no Baptismo. Assim, nesta hora, também São Paulo nos fala de modo muito imediato. Na Carta aos Filipenses, diz que, no meio de uma geração má e perversa, os cristãos deveriam brilhar como astros no mundo (cf. Fil 2, 15). Peçamos ao Senhor que a pequena chama da vela, que Ele acendeu em nós, a luz delicada da sua palavra e do seu amor no meio das confusões deste tempo não se apague em nós, mas torne-se cada vez mais forte e mais resplendorosa. Para que sejamos com Ele pessoas do dia, astros para o nosso tempo.
O segundo símbolo da Vigília Pascal – a noite do Baptismo – é a água. Esta aparece, na Sagrada Escritura e consequentemente também na estrutura íntima do sacramento do Baptismo, com dois significados opostos. De um lado, temos o mar que se apresenta como o poder antagonista da vida sobre a terra, como a sua contínua ameaça, à qual, porém, Deus colocou um limite. Por isso o Apocalipse, ao falar do mundo novo de Deus, diz que lá o mar já não existirá (cf. 21, 1). É o elemento da morte. E assim torna-se a representação simbólica da morte de Jesus na cruz: Cristo desceu aos abismos do mar, às águas da morte, como Israel penetrou no Mar Vermelho. Ressuscitado da morte, Ele dá-nos a vida. Isto significa que o Baptismo não é apenas um banho, mas um novo nascimento: com Cristo, como que descemos ao mar da morte para dele subirmos como criaturas novas.
O outro significado com que encontramos a água é como nascente fresca, que dá a vida, ou também como o grande rio donde provém a vida. Segundo o ordenamento primitivo da Igreja, o Baptismo devia ser administrado com água fresca de nascente. Sem água, não há vida.
Impressiona a grande importância que têm na Sagrada Escritura os poços. São lugares donde brota a vida. Junto do poço de Jacob, Cristo anuncia à Samaritana o poço novo, a água da vida verdadeira. Manifesta-Se a ela como o novo e definitivo Jacob, que abre à humanidade o poço que esta aguarda: aquela água que dá a vida que jamais se esgota (cf. Jo 4, 5-15). São João narra-nos que um soldado feriu com uma lança o lado de Jesus e que, do lado aberto – do seu coração trespassado –, saiu sangue e água (cf. Jo 19, 34). Nisto, a Igreja Antiga viu um símbolo do Baptismo e da Eucaristia, que brotam do coração trespassado de Jesus. Na morte, Jesus mesmo Se tornou a nascente. Numa visão, o profeta Ezequiel tinha visto o Templo novo, do qual jorra uma nascente que se torna um grande rio que dá a vida (cf. Ez 47, 1-12); para uma Terra que sempre sofria com a seca e a falta de água, esta era uma grande visão de esperança. A cristandade dos primórdios compreendeu: em Cristo, realizou-se esta visão. Ele é o Templo verdadeiro, o Templo vivo de Deus. E é também a nascente de água viva. D’Ele brota o grande rio que, no Baptismo, faz frutificar e renova o mundo; o grande rio de água viva é o seu Evangelho que torna fecunda a terra. Mas, num discurso durante a Festa das Tendas, Jesus profetizou uma coisa ainda maior: «Do seio daquele que acreditar em Mim, correrão rios de água viva» (Jo 7, 38). No Baptismo, o Senhor faz de nós não só pessoas de luz, mas também nascentes das quais brota água viva. Todos nós conhecemos tais pessoas que nos deixam de algum modo restaurados e renovados; pessoas que são como que uma fonte de água fresca borbotante. Não devemos necessariamente pensar em pessoas grandes como Agostinho, Francisco de Assis, Teresa de Ávila, Madre Teresa de Calcutá e assim por diante, pessoas através das quais verdadeiramente rios de água viva penetraram na história. Graças a Deus, encontramo-las continuamente mesmo no nosso dia a dia: pessoas que são uma nascente. Com certeza, conhecemos também o contrário: pessoas das quais emana um odor parecido com o dum charco com água estagnada ou mesmo envenenada.
Peçamos ao Senhor, que nos concedeu a graça do Baptismo, para podermos ser sempre nascentes de água pura, fresca, saltitante da fonte da sua verdade e do seu amor.
O terceiro grande símbolo da Vigília Pascal é de natureza muito particular; envolve o próprio homem. É a entoação do cântico novo: o aleluia. Quando uma pessoa experimenta uma grande alegria, não pode guardá-la para si. Deve manifestá-la, transmiti-la. Mas que sucede quando a pessoa é tocada pela luz da ressurreição, entrando assim em contacto com a própria Vida, com a Verdade e com o Amor? Disto, não pode limitar-se simplesmente a falar; o falar já não basta. Ela tem de cantar. Na Bíblia, a primeira menção do acto de cantar encontra-se depois da travessia do Mar Vermelho. Israel libertou-se da escravidão. Subiu das profundezas ameaçadoras do mar. É como se tivesse renascido. Vive e é livre. A Bíblia descreve a reacção do povo a este grande acontecimento da salvação com a frase: «O povo acreditou no Senhor e em Moisés, seu servo» (Ex 14, 31).
Segue-se depois a segunda reacção que nasce, por uma espécie de necessidade interior, da primeira: «Então Moisés e os filhos de Israel cantaram este cântico ao Senhor…». Na Vigília Pascal, ano após ano, nós, cristãos, depois da terceira leitura entoamos este cântico, cantamo-lo como o nosso cântico, porque também nós, pelo poder de Deus, fomos tirados para fora da água e libertos para a vida verdadeira.
Para a história do cântico de Moisés depois da libertação de Israel do Egipto e depois da subida do Mar Vermelho, há um paralelismo surpreendente no Apocalipse de São João. Antes de iniciarem os últimos sete flagelos impostos à terra, aparece ao vidente «uma espécie de mar de cristal misturado com fogo. Sobre o mar de cristal, estavam de pé os vencedores do Monstro, da sua imagem e do número do seu nome. Tinham na mão harpas divinas e cantavam o cântico de Moisés, o servo de Deus, e o cântico do Cordeiro…» (Ap 15, 2s). Com esta imagem, é descrita a situação dos discípulos de Jesus em todos os tempos, a situação da Igreja na história deste mundo. Considerada humanamente, tal situação é contraditória em si mesma. Por um lado, a comunidade encontra-se no Êxodo, no meio do Mar Vermelho. Num mar que, paradoxalmente, é ao mesmo tempo gelo e fogo. E não deve porventura a Igreja caminhar sempre sobre o mar através do fogo e do frio? Humanamente falando, deveria afundar.
Mas não, e enquanto caminha ainda no meio deste Mar Vermelho, ela canta – entoa o cântico de louvor dos justos: o cântico de Moisés e do Cordeiro, no qual concordam a Antiga e a Nova Aliança. Enquanto, na realidade deveria afundar, a Igreja entoa o cântico de agradecimento dos redimidos. Está sobre as águas de morte da história e todavia já está ressuscitada. Cantando, ela agarra-se à mão do Senhor, que a sustenta por cima das águas. E sabe que deste modo é guindada fora da força de gravidade da morte e do mal – uma força da qual, sem tal intervenção, não haveria caminho algum de fuga – guindada e atraída para dentro da nova força de gravidade de Deus, da verdade e do amor. De momento, ela encontra-se ainda entre os dois campos gravitacionais. Mas desde que Jesus ressuscitou, a gravitação do amor é mais forte que a do ódio; a força de gravidade da vida é mais forte que a da morte. Porventura não é esta a situação da Igreja de todos os tempos? Sempre dá a impressão que ela deva afundar, e todavia já está salva. São Paulo ilustrou esta situação com as palavras: «Somos considerados (…) como agonizantes, embora estejamos com vida» (2 Cor 6, 9). A mão salvadora do Senhor nos sustenta e assim podemos cantar já agora o cântico dos redimidos, o cântico novo dos ressuscitados:
Aleluia! Amen.
(Fonte: site Radio Vaticana)
De Sidney a Madrid uma passagem de testemunho
Ontem, 4 de Abril, foi celebrado o 4º dia proclamado pela ONU para a sensibilização acerca do problema das minas antipessoal. A dez anos da entrada em vigor da Convenção para a proibição destas bombas, e depois da recente abertura da assinatura da Convenção para a proibição das munições de fragmentação, desejo encorajar os países que ainda não o fizeram, a assinar sem hesitações estes importantes instrumentos do direito internacional humanitário, aos quais a Santa Sé ofereceu desde sempre a sua ajuda. Manifesto, outros sim, o meu apoio a qualquer medida que vise garantir a assistência necessária às vítimas destas armas devastadoras.
Além disso, gostaria de recordar com profunda lástima os nossos irmãos e irmãs africanos, que há poucos dias encontraram a morte no mar Mediterrâneo, enquanto procuravam chegar à Europa. Não podemos resignar-nos a tais tragédias, que infelizmente se repetem desde há muito tempo! As dimensões do fenómeno tornam cada vez mais urgentes as estratégias coordenadas entre a União Europeia e os Estados Africanos, assim como a adopção de medidas adequadas de índole humanitária, para impedir que estes migrantes recorram a traficantes sem escrúpulos. Enquanto rezo pelas vítimas, a fim de que o Senhor as receba na sua paz, gostaria de observar que este problema, ulteriormente agravado pela crise global, encontrará uma solução só quando as populações africanas, com a ajuda da comunidade internacional, puderem libertar-se da miséria e das guerras.
Agora dirijo uma saudação especial aos 150 delegados bispos, sacerdotes e leigos que nos últimos dias participaram no encontro internacional sobre as Jornadas Mundiais da Juventude, organizado pelo Pontifício Conselho para os Leigos. Deste modo começa o caminho de preparação para o próximo encontro mundial dos jovens, que terá lugar em Agosto de 2011 em Madrid, e para o qual já indiquei o tema: "Arraigados e fundados em Cristo, firmes na fé (cf. Cl 2, 7)".
Segundo a tradição, daqui a pouco os jovens australianos entregarão aos jovens espanhóis a Cruz das Jornadas Mundiais da Juventude, a "cruz peregrina", que leva a todos os jovens da terra a mensagem do amor de Cristo. Esta "passagem de testemunho" adquire um valor altamente simbólico, com que expressamos uma imensa gratidão a Deus pelos dons recebidos no grande encontro de Sydney e por aqueles que quiser conceder-nos no encontro de Madrid. Amanhã a Cruz, acompanhada pelo Ícone da Virgem Maria, partirá para a capital espanhola, e ali estará presente na solene procissão de Sexta-Feira Santa. Sucessivamente, começará uma longa procissão que, através das dioceses da Espanha, a levará novamente até Madrid no Verão de 2011. Possam esta Cruz e este Ícone de Maria ser para todos um sinal do amor invencível de Cristo e da sua e nossa Mãe!
Em seguida, o Sumo Pontífice saudou em várias línguas os numerosos grupos de jovens presentes na Praça de São Pedro, proferindo em português as seguintes expressões.
Queridos jovens de língua portuguesa, alegro-me convosco porque pusestes a vossa esperança no Deus vivo, em Cristo ressuscitado. Se vos alimentardes de Cristo e viverdes imersos n'Ele, não podereis deixar de falar d'Ele e de O dar a conhecer aos vossos amigos. Habitados por Cristo, espalhai esta esperança ao vosso redor. Ide e acendei a esperança. Acompanho-vos a todos com a minha oração e com a minha Bênção.
A nossa alegria no silêncio de Sábado Santo
Sábado Santo: num grande silêncio, que alimenta a esperança, a Igreja vive hoje, com Maria, a expectativa da Ressurreição do Senhor
“O recolhimento e o silêncio do Sábado Santo hão-de nos conduzir na noite à solene Vigília Pascal, mãe de todas das vigílias, quando irromper em todas as igrejas e comunidades o canto da alegria pela ressurreição de Cristo. Mais uma vez será proclamada a vitória da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte, e a Igreja alegrar-se-á no encontro com o seu Senhor. Entraremos assim no clima da Páscoa da Ressurreição”.
A Vigília pascal, presidida pelo Santo Padre, na basílica de São Pedro, terá início às vinte e uma horas, com a bênção do lume novo, no átrio da basílica. Bento XVI administrará os Sacramentos da iniciação cristã – Baptismo, Confirmação e primeira Comunhão, a cinco catecúmenos adultos: dois homens italianos e três mulheres – uma americana, uma chinesa e uma italiana.
Amanhã, domingo de Páscoa, a celebração papal, na Praça de São Pedro, terá início às 10.15 da manhã. No final da celebração eucarística, por volta do meio-dia, Bento XVI dirigirá a costumada mensagem pascal “Urbi et Orbi” (à Cidade de Roma e a todo o mundo), dirigindo em muitas línguas uma saudação de Boas Festas de Páscoa, concluindo com a bênção apostólica.
(Fonte: site Radio Vaticana)
Comentário ao Evangelho de Domingo de Páscoa feito por:
São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo
«Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria»
«Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria» (Sl 117, 24). Não é por acaso, meus irmãos, que lemos hoje este salmo em que o profeta nos convida à alegria, em que o santo David convida toda a criação a celebrar este dia; porque hoje a ressurreição de Cristo abriu a mansão dos mortos, os novos baptizados da Igreja rejuvenesceram a terra, o Espírito Santo mostrou o céu. O inferno, aberto, devolve os seus mortos; a terra, rejuvenescida, faz eclodir os ressuscitados; e o céu abre-se em toda a sua grandeza para acolher aqueles que a ele ascendem.
O ladrão subiu ao paraíso (Lc 23, 43); os corpos dos santos entram na cidade santa (Mt 27, 53). [...] À ressurreição de Cristo, todos os elementos se elevam, com uma espécie de impulso, até às alturas. O inferno entrega aos anjos aqueles que mantinha presos, a terra envia para o céu aqueles que cobria, o céu apresenta ao Senhor aqueles que acolheu. [...] A ressurreição de Cristo é vida para os defuntos, perdão para os pecadores, glória para os santos. Assim, o grande David convida toda a criação a festejar a ressurreição de Cristo, incita-a a exultar de alegria neste dia que o Senhor fez.
Dir-me-eis talvez [...] que o céu e o inferno não foram estabelecidos no dia deste mundo; como podemos então pedir aos elementos que celebrem um dia com o qual nada têm de comum? O certo é que este dia que o Senhor fez tudo penetra, tudo contém, abraçando o céu, a terra e o inferno! A luz que é Cristo não foi detida pelas paredes, não foi abalada pelos elementos, não foi ensombrada pelas trevas. A luz de Cristo é um dia sem noite, um dia sem fim. Por toda a parte resplandece, por toda a parte brilha, em toda a parte permanece.
(Fonte: “Evangelho Quotidiano”)
O Evangelho de Domingo de Páscoa dia 12 de Abril de 2009
No primeiro dia da semana,
Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro
e viu a pedra retirada do sepulcro.
Correu então e foi ter com Simão Pedro
e com o discípulo predilecto de Jesus
e disse-lhes:
«Levaram o Senhor do sepulcro
e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo
e foram ambos ao sepulcro.
Corriam os dois juntos,
mas o outro discípulo antecipou-se,
correndo mais depressa do que Pedro,
e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira.
Entrou no sepulcro
e viu as ligaduras no chão
e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus,
não com as ligaduras, mas enrolado à parte.
Entrou também o outro discípulo
que chegara primeiro ao sepulcro:
viu e acreditou.
Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura,
segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
Meditação de D. Javier Echevarría - Sábado Santo: Silêncio e Conversão
Cada um de nós pode e deve unir-se ao silêncio da Igreja. E ao considerar que somos responsáveis por essa morte, esforçamo-nos para que guardem silêncio as nossas paixões, as nossas rebeldias, tudo o que nos afaste de Deus. Mas sem estarmos meramente passivos; é uma graça que Deus nos concede quando lha pedimos diante do Corpo morto do Seu Filho, quando nos empenhamos em tirar da nossa vida tudo o que nos afaste d’Ele.
O Sábado Santo não é um dia triste. O Senhor venceu o demónio e o pecado e dentro de poucas horas vencerá também a morte com a Sua gloriosa Ressurreição. Reconciliou-nos com o Pai celestial; já somos filhos de Deus! É necessário que façamos propósitos de agradecimento, que tenhamos a segurança de que superaremos todos os obstáculos, sejam do tipo que forem, se nos mantemos bem unidos a Jesus pela oração e os sacramentos.
O mundo tem fome de Deus, embora muitas vezes não o saiba. As pessoas desejam que se lhes fale desta realidade gozosa — o encontro com o Senhor — e para isso estão os cristãos. Tenhamos a valentia daqueles dois homens — Nicodemos e José de Arimateia — que durante a vida de Jesus Cristo mostravam respeitos humanos, mas que no momento definitivo se atrevem a pedir a Pilatos o corpo morto de Jesus, para lhe dar sepultura. Ou a daquelas mulheres santas que, quando Cristo é já um cadáver, compram aromas e vão embalsamá-lo, sem terem medo dos soldados que guardam o sepulcro.
À hora da debandada geral, quando toda a gente se sentiu com direito a insultar, a rir-se e a zombar de Jesus, eles vão dizer: dá-nos esse Corpo, que nos pertence. Com que cuidado o desceriam da Cruz e iriam olhando para as Suas Chagas! Peçamos perdão e digamos, com palavras de São Josemaría Escrivá: subirei com eles ao pé da Cruz, apertarei o Corpo frio, cadáver de Cristo, com o fogo do meu amor..., retirar-lhe-ei os cravos com os meus desagravos e mortificações..., envolvê-Lo-ei com o pano novo da minha vida limpa e enterrá-Lo-ei no meu peito de rocha viva, donde ninguém m’O poderá arrancar, e aí, Senhor, descansai!
Compreende-se que colocassem o corpo morto do Filho nos braços da Mãe, antes de lhe dar sepultura. Maria era a única criatura capaz de Lhe dizer que entende perfeitamente o Seu Amor pelos homens, pois não foi Ela a causa dessas dores. A Virgem Puríssima fala por nós; mas fala para nos fazer reagir, para que experimentemos a Sua dor, feita uma só coisa com a dor de Cristo.
Retiremos propósitos de conversão e de apostolado, de nos identificarmos mais com Cristo, de estar totalmente pendentes das almas. Peçamos ao Senhor que nos transmita a eficácia salvadora da Sua Paixão e Morte. Consideremos o panorama que se nos apresenta pela frente. As pessoas que nos rodeiam, esperam que os cristãos lhes descubram as maravilhas do encontro com Deus. É necessário que esta Semana Santa — e depois todos os dias — sejam para nós um salto de qualidade, pedir ao Senhor que se meta totalmente nas nossas vidas. É preciso transmitir a muitas pessoas a Vida nova que Jesus Cristo nos conseguiu com a Redenção.
Socorramo-nos de Santa Maria: Virgem da Soledade, Mãe de Deus e Mãe nossa, ajuda-nos a compreender — como escreve São Josemaría — que é preciso fazer da nossa vida a vida e a morte de Cristo. Morrer pela mortificação e penitência, para que Cristo viva em nós pelo Amor. E seguir então os passos de Cristo, com afã de corredimir todas as almas. Dar a vida pelos outros. Só assim se vive a vida de Jesus Cristo e nos fazemos uma só coisa com Ele.
(Fonte: site do Opus Dei / Portugal em http://www.opusdei.pt/art.php?p=33158 )
A morte de Jesus Cristo e a remissão dos nossos pecados
(Admonitia 5, 3 - São Francisco de Assis)
Comentário ao Evangelho do dia feito por:
Beato Guerric d'Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense
«O Senhor actuou neste dia»
«O Senhor actuou neste dia, cantemos e alegremo-nos nele» (Sl 117, 24). Irmãos, esperemos o Senhor e exultemos de alegria, a fim de O vermos e de rejubilarmos na Sua luz. Abraão exultou com a simples ideia de ver o dia de Cristo, e por isso mereceu vê-lo e rejubilar (Jo 8, 56). Também tu tens de velar todos os dias às portas da Sabedoria (Prov 8, 34) [...], montar guarda, com Maria Madalena, à porta do túmulo de Cristo. E estou certo de que então compreenderás com ela quão verdadeiro é o que lemos nas Escrituras sobre a Sabedoria em pessoa, que é Cristo: «os que a amam descobrem-na facilmente [...]. Ela antecipa-se a dar-se a conhecer aos que a desejam» (Sab 6, 12-13). [...]
Foi Ele mesmo que o prometeu: «Amo os que Me amam; quem Me procura encontrar-Me-á» (Prov 8, 17). Foi assim que Maria encontrou Jesus na carne, pois velava, tendo ido ao túmulo antes de amanhecer. É verdade que tu já não O conhecerás segundo a carne (2Cor 5, 16), mas segundo o espírito. Mas encontrá-Lo-ás espiritualmente, se O procurares com um desejo semelhante ao de Maria [...]: «A minha alma deseja-Vos de noite, e o meu espírito dentro de mim busca-Vos» (Is 26, 9). Diz com o salmista: «A minha alma está sedenta de Vós» (62, 2).
[...]Velai, pois, irmãos, e rezai intensamente! [...] Velai tanto mais quanto desponta já a aurora do dia que não tem ocaso. [...] Sim, «já é hora de despertardes do sono, que [...] a noite vai adiantada e o dia está próximo» (Rom 13, 11-12). Velai, pois, para que a Luz da manhã, Cristo, nasça para vós, pois «iminente como a aurora está a Sua vinda» (Os 6, 3); Ele está disposto a renovar muitas vezes o mistério da Sua ressurreição matinal em favor daqueles que para Ele velam. Então poderás cantar, de coração jubiloso: «O Senhor actuou neste dia, cantemos e alegremo-nos nele».
(Fonte: “Evangelho Quotidiano”)
O Evangelho do dia 11 de Abril de 2009 - Sábado Santo
Passado o sábado, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para ir embalsamá-lo.
De manhã, ao nascer do sol, muito cedo, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro.
Diziam entre si:
«Quem nos irá tirar a pedra da entrada do sepulcro?»
Mas olharam e viram que a pedra tinha sido rolada para o lado; e era muito grande.
Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram assustadas.
6Ele disse-lhes:
«Não vos assusteis! Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou; não está aqui. Vede o lugar onde o tinham depositado.
Ide, pois, e dizei aos seus discípulos e a Pedro:
'Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá o vereis, como vos tinha dito'.»