Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 16 de agosto de 2020

Um querer sem querer é o teu

Um querer sem querer é o teu, enquanto não afastares decididamente a ocasião. – Não te queiras iludir dizendo-me que és fraco. És... cobarde, o que não é o mesmo. (Caminho, 714)

O mundo, o Demónio e a carne são uns aventureiros que, aproveitando-se da fraqueza do selvagem que trazes dentro de ti, querem que, em troca do fictício brilho dum prazer – que nada vale – lhes entregues o ouro fino e as pérolas e os brilhantes e os rubis embebidos no Sangue vivo e redentor do teu Deus, que são o preço e o tesouro da tua eternidade. (Caminho, 708)

Outra queda..., e que queda!... Desesperar-te? Não; humilhar-te e recorrer, por Maria, tua Mãe, ao Amor Misericordioso de Jesus. – Um "miserere" e, coração ao alto! 

– A começar de novo. (Caminho, 711)

Bem fundo caíste. – Começa os alicerces a partir daí. – Sê humilde. – "Cor contritum et humiliatum, Deus, non despicies". – Não desprezará Deus um coração contrito e humilhado. (Caminho, 712)

Tu não vais contra Deus. – As tuas quedas são de fragilidade. – Concordo. Mas são tão frequentes essas fragilidades (não sabes evitá-las), que, se não queres que te tenha por mau, hei-de ter-te por mau e tolo. (Caminho, 713)

São Josemaría Escrivá

Bom Domingo do Senhor!

Mais uma vez o Senhor no Evangelho de hoje nos faz sentir a sua infinita bondade (Mt 15, 21-28) tenhamos fé como a da cananeia e não hesitemos em usar a oração de súplica.

Obrigado Senhor pela Tua bondade e misericórdia!

PERDÃO!

Para perdoar
preciso despir-me de mim,
enfrentar-me,
olhos nos olhos,
e verificar,
que também eu,
ofendo os outros,
enfim.

Para perdoar,
preciso sair,
do meu orgulho,
da minha vaidade,
do meu eu,
para me abrir,
por completo,
à graça do meu Senhor,
à graça da sua bondade.

Para perdoar,
preciso da minha vontade,
moldada,
por um constante orar,
expulsar de mim a discórdia,
deixando-me tomar por inteiro,
por Ti,
Senhor,
pela tua misericórdia.

Para perdoar,
preciso pedir perdão,
para poder perceber,
o que sente quem ofendi,
e mitigando a sua dor,
ter a certeza em mim,
que preciso perdoar,
a todo o meu ofensor.

Para perdoar,
preciso abraçar a Cruz,
e deixar que meu perdão,
seja o perdão de Jesus.

Monte Real, 16 de Agosto de 2018

Joaquim Mexia Alves
https://queeaverdade.blogspot.com/2018/08/perdao.html

Satanás e a freira

Michaela conta na primeira pessoa uma história trepidante. O livro chama-se «Fuggita da Satana. La mia lotta per scappare dall'inferno» (Fugida de Satanás. A minha luta para escapar do inferno).

Michaela nasceu em 1970. Os pais deixaram-na abandonada na maternidade. Viveu 6 anos num orfanato, que foi encerrado por maus tratos a menores. Michaela conheceu tudo, menos o afecto. Talvez não tenha ajudado o facto (que ela própria reconhece) de ter sido, na escola, uma verdadeira peste.

Mas nem tudo correu mal. Aos 18 anos viu-se livre de todas as tutelas e começou a ganhar dinheiro. Alcançou uma certa fama como «chef» de cozinha internacional e, à conta disso, viajou pela Europa. Ganhou cada vez mais dinheiro, mas chegava ao fim do mês sem nada. Arranjava um namorado para cada estação do ano; dizia que eram namoros de «usar e deitar fora», mas cada história deixava-lhe o coração mais ferido.

Finalmente, encontrou um rapaz especial. Inteligente, boa pessoa, diferente de todos os outros pelas qualidades e também por um defeito que ela achava desagradável: era católico praticante. Essa característica estragava o sonho, porque quando Michaela lhe perguntava quando é que iam para a cama, Luca respondia que depois do casamento. Ela pôs os pontos nos is: «Luca, percebe-me isto bem. Relações a 3 não funcionam. Somos tu e eu. Ponto. Deus fica fora». Mas Luca era realmente diferente dos outros.

Ao fim de 2 anos, Luca apareceu em casa de Michaela, sem avisar. «Finalmente, vamos para a cama!», pensou ela. No entanto, o plano de Luca era outro: «Estive a falar com o pároco e podemos casar...». «Perfeito, vamos ao registo civil». «Não, o sacramento é importante para mim, quero casar-me contigo na igreja». «Quanto é que isso custa?». «Nada». «Nesse caso...». Combinou-se a data. O entusiasmo crescia, Luca era realmente fantástico. Apesar disso, nunca chegaram a casar. Luca morreu 4 dias antes da data marcada.

A reacção de Michaela foi pensar que, afinal, o dinheiro não chegava para comprar tudo o que lhe apetecia: a vida de Luca não estava à venda. Na noite do funeral foi à praia e ali jurou aos céus: «Deus, vou passar a minha vida a dizer a toda a gente que não existes; mas se existires realmente, vou empenhar-me em destruir-te». Assim começou a guerra.

Uma guerra à beira de várias experiências-limite, até chegar junto da sacerdotisa de uma seita satânica. Nessa última etapa, que durou 2 anos, viu degradações horrorosas, viu a morte e a violência. Na noite de Natal de 1996, no meio de um ritual satânico, propuseram-lhe ser também sacerdotisa. A prova de fogo era simples: ir a Roma matar uma rapariga, chamada Chiara Amirante, que tinha fundado uma comunidade – recente, mas muito protegida pela Igreja – responsável por ter afastado algumas pessoas da seita. Na tarde de 5 de Janeiro de 1997, Michaela partiu para Roma, com a morada da comunidade. Às 8 horas da noite tocou à porta.

Chiara Amirante com o Papa Francisco
Entretanto, do outro lado da porta, aconteceram coisas estranhas. Chiara estava a jantar com as outras quando ouviu uma voz interior: «Vai tu abrir a porta, que esta minha filha precisa muito de ajuda». Chiara abriu a porta e abraçou Michaela: «Por fim chegaste à tua casa!». Pegou-lhe na mão, levou-a para o quarto e perguntou-lhe como estava. Em silêncio, Michaela abriu a mão e entregou-lhe a arma com que a ia matar. Depois disso, acrescentou «Já não há esperança». Chiara respondeu com a conversa de sempre: «Deus perdoa tudo!...». Michaela foi mais explícita: «Chiara, eu conheço-os. Tenho pouco tempo. Vão matar-me. E a ti também». «Não, Michaela, Nossa Senhora quis que viesses para esta casa».

Realmente, havia um truque. Michaela lembrava-se do que tinha aprendido na seita: «Chiara, vocês têm uma rodela branca onde está Jesus. Quem come aquilo, salva-se». (Na altura, Michaela não sabia como é que os católicos chamavam à tal rodela branca). «Sim, mas precisas de te confessar, para receber bem Nosso Senhor». (Era preciso explicar tudo à Michaela).

Naquele caso, não bastava a confissão para arrumar completamente o passado. Por causa de todos os sacrilégios em que andara envolvida, era preciso informar por escrito a Santa Sé, através da Congregação para a Doutrina da Fé. A resposta chegou passados 2 dias, assinada por um tal Joseph Card. Ratzinger: «Hoje, a Igreja está em festa, porque um Filho regressou a casa».

Poucos dias depois, na capela das irmãs da Madre Teresa, em Roma, Michaela recebia a Comunhão e consagrava o seu coração ao Coração Imaculado de Maria, disposta a entrar para a comunidade de Chiara.
José Maria C.S. André
«Spe Deus»
16-VIII-2015

«Enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel»

«Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel», declara o Senhor. Podemos dizer, em suma: [...] foi enviado àqueles a quem tinha sido prometido, pois está dito que «as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência» (Gl 3,16). A promessa, feita no tempo, cumpre-se a seu tempo, para os judeus e a partir dos judeus, segundo o que está escrito: «A salvação vem dos judeus» (Jo 4,22). Nascido deles segundo a carne, foi a eles que Cristo foi enviado, quando o tempo se cumpriu; fora a eles que Ele fora prometido no princípio do tempo, fora-lhes predestinado antes de todos os tempos. Predestinado para os judeus e para os pagãos, nascido unicamente dos judeus, sem intermediário na carne, foi apresentado à nascença, segundo a carne, àqueles a quem tinha sido prometido. [...]


Mas o nome «Israel» significa «homem que viu a Deus»: portanto, esse nome aplica-se, por pleno direito, a todo o espírito racional. Daí, podemos compreender que «a casa de Israel» abarca também os anjos, esses espíritos predestinados à visão de Deus. [...] Enquanto essas noventa e nove ovelhas [...], na montanha da visão e do deleite do seu pastor ─ quer dizer, do Verbo de Deus ─, caminham soltas e se deitam sem temor nas pastagens verdejantes e sempre abundantes (Sl 23,2), o bom Pastor desceu de junto do Pai quando «já era tempo de lhes perdoar» (Sl 102,14). Foi enviado misericordiosamente ao tempo, Ele que [...] tinha sido prometido desde toda a eternidade; veio procurar a única ovelha que estava perdida (Lc 15,4ss.). [...]


O bom pastor foi, pois, enviado para restaurar o que estava partido, para fortificar o que era fraco (cf Ez 34,16). O que estava partido e era fraco era o livre arbítrio do homem. Outrora, querendo elevar-se acima de si próprio, ele tinha caído; não tendo força para se sustentar, ficou esmagado e partido [...], totalmente incapaz de voltar a erguer-se. Consolidado, por fim, e reconfortado pelo próprio Cristo [...], sem, no entanto, estar completamente vigoroso ─ tanto que não se encontrava entre as outras noventa e nove ovelhas que estavam nas pastagens abundantes ─, foi transportado nos braços do pastor, como está escrito: «Leva os cordeiros ao colo e faz repousar as ovelhas que têm crias» (Is 40,11).

Isaac da Estrela (?-c. 1171), monge cisterciense
Sermão 35, 3º para o 2º Domingo da Quaresma