Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 14 de janeiro de 2018

«O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo»

Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa 
As Bodas do Cordeiro, 14/09/1940


No Apocalipse, o apóstolo São João escreveu: «Eis o que eu vi: em frente do trono […] havia um Cordeiro, que se mantinha de pé e que estava como que imolado» (Ap 5,6). Enquanto contemplava esta visão, uma lembrança se mantinha bem viva nele: a do dia inesquecível em que, na margem do Jordão, João Baptista tinha designado Jesus como «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo». […]

Mas porque tinha o Senhor escolhido o cordeiro como seu símbolo por excelência? Porque Se mostrava ainda sob esse aspecto no trono eterno da glória? Porque era inocente como um cordeiro e humilde como um cordeiro e porque tinha vindo para ser levado ao matadouro como um cordeiro (Is 53,7). Também isto tinha o Apóstolo São João contemplado quando o Senhor deixara que Lhe atassem as mãos no Jardim das Oliveiras e Se deixara pregar na cruz no Golgotha. No Golgotha, fora consumado o verdadeiro sacrifício da reconciliação. Os sacrifícios antigos tinham perdido a sua força e, tal como o antigo sacerdócio, acabaram logo que o Templo foi destruído. Tudo isto tinha sido vivenciado por São João. Esta foi a razão pela qual ele não estranhou ver o Cordeiro no trono. […]

Como o Cordeiro devia ser morto para ser elevado ao trono da glória, também para todos os que são escolhidos para «o banquete das bodas do Cordeiro» (Ap 19,9) o caminho para a glória passa pelo sofrimento e pela cruz. Os que querem unir-se ao Cordeiro devem deixar-se pregar com Ele na cruz. Todos os que são marcados com o sangue do Cordeiro (cf Ex 12,7) – todos os baptizados – são chamados a isso; mas nem todos entendem a chamada e nem todos O seguem.

Homilia Santa Missa na Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado

Este ano desejei celebrar o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado com uma Missa a que foram convidados em particular vós, migrantes, refugiados e requerentes de asilo. Alguns de vós chegaram há pouco a Itália, outros são residentes desde há muitos anos e aqui trabalham, e ainda outros constituem as assim chamadas “segundas gerações”. 

Para todos ressoou nesta assembleia a Palavra de Deus, que hoje nos convida a aprofundar a especial chamada que o Senhor dirige a cada um de nós. Ele, como fez com Samuel (cf. 1 Sam 3, 3b-10.19), chama-nos pelo nome e pede-nos que respeitemos o facto de termos sido criados como seres únicos e irrepetíveis, todos diferentes entre nós e com um papel singular na história do mundo. 

No Evangelho (cf. Jo 1, 35-42), os dois discípulos de João perguntam a Jesus: «Onde moras?» (v. 38), deixando a entender que da resposta a esta pergunta depende o seu juízo acerca do mestre de Nazaré. A resposta de Jesus: «Vinde ver!» (v. 39) abre a um encontro pessoal, que inclui um tempo adequado para acolher, conhecer e reconhecer o outro. 

Na mensagem para o Dia de hoje, escrevi: «Cada forasteiro que bate à nossa porta é ocasião de encontro com Jesus Cristo, que Se identifica com o forasteiro acolhido ou rejeitado de cada época (cf. Mt 25, 35.43)». E, para o forasteiro, o refugiado, o deslocado e o requerente de asilo, cada porta da nova terra é também uma ocasião de encontro com Jesus. O seu convite «Vinde ver!» é hoje dirigido a todos nós, comunidades locais e recém-chegados. É um convite a superar os nossos medos para poder ir ao encontro do outro, para o acolher, conhecer e reconhecer. É um convite que oferece a oportunidade de se fazer próximo do outro para ver onde e como vive. No mundo de hoje, para os recém-chegados, acolher, conhecer e reconhecer significa conhecer e respeitar as leis, a cultura e as tradições dos países em que são acolhidos. Significa ainda compreender os seus receios e apreensões para o futuro. Para as comunidades locais, acolher, conhecer e reconhecer significa abrir-se à riqueza da diversidade sem preconceitos, compreender as potencialidades e as esperanças dos recém-chegados, bem como a sua vulnerabilidade e os seus temores. 

O encontro autêntico com o outro não termina no acolhimento, mas compromete-nos a todos nas outras três ações que evidenciei na Mensagem para este Dia: proteger, promover e integrar. E, no encontro autêntico com o próximo, seremos capazes de reconhecer Jesus Cristo que pede para ser acolhido, protegido, promovido e integrado? Como nos ensina a parábola evangélica do juízo universal: o Senhor tinha fome, sede, estava nu, doente, era estrangeiro e estava na prisão, e foi socorrido por alguns, mas não por outros (cf. Mt 25, 31-46). Este encontro autêntico com Cristo é fonte de salvação, uma salvação que deve ser anunciada e levada a todos, como nos mostra o apóstolo André. Depois de ter revelado a seu irmão Simão: «Encontrámos o Messias» (Jo 1, 41), André condu-lo a Jesus para que faça a mesma experiência de encontro. 

Não é fácil entrar numa cultura alheia, pôr-se no lugar de pessoas tão diferentes de nós, compreender os seus pensamentos e experiências. E assim renunciamos com frequência ao encontro com o outro e erguemos muros para nos defendermos. As comunidades locais, por vezes, têm medo que os recém-chegados perturbem a ordem constituída, “roubem” alguma coisa daquilo que se construiu com tanto esforço. Os recém-chegados também têm medos: receiam o confronto, o juízo, a discriminação, o fracasso. Estes medos são legítimos, fundados em dúvidas plenamente compreensíveis de um ponto de vista humano. Ter dúvidas e receios não é um pecado. O pecado é deixar que estes medos determinem as nossas respostas, condicionem as nossas escolhas, comprometam o respeito e a generosidade, alimentem o ódio e a recusa. O pecado é renunciar ao encontro com o outro, com o diverso, com o próximo, que de facto é uma ocasião privilegiada de encontro com o Senhor. 

Deste encontro com Jesus presente no pobre, em quem é recusado, no refugiado, no requerente de asilo, brota a nossa oração de hoje. É uma oração recíproca: migrantes e refugiados oram pelas comunidades locais, e as comunidades locais oram pelos recém-chegados e pelos migrantes de mais longa permanência. À materna intercessão de Maria Santíssima confiamos as esperanças de todos os migrantes e refugiados do mundo e as aspirações das comunidades que os acolhem, para que, em conformidade com o supremo mandamento divino da caridade e do amor ao próximo, aprendamos todos a amar o outro, o estrangeiro, como nos amamos a nós mesmos.

Bom Domingo do Senhor!

Imitemos João como nos fala o Evangelho de hoje (Jo 1, 35-42) reconhecendo o Senhor em todos os detalhes deste mundo Ele é nosso Irmão, Amigo e Companheiro, Filho de Deus Pai que tudo criou e nos dá.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo…

«Eis o Cordeiro de Deus!»

Santo Afonso-Maria de Ligório (1696-1787), bispo, doutor da Igreja
1ª meditação para a Oitava do Natal


«Ando errante como ovelha tresmalhada; vinde em busca do vosso servo» (Sl 118,176). Senhor, eu sou a pobre ovelha que se perdeu quando corria atrás da satisfação dos seus gostos e dos seus caprichos. Mas Tu, que és simultaneamente Pastor e Cordeiro, Tu desceste do céu para me salvar, imolando-Te na cruz como vítima em expiação pelos meus pecados: «Eis o Cordeiro de Deus.» Assim, pois, se quero corrigir-me, nada tenho a temer. […] «Eis o Deus que me salva, tenho confiança e nada temo» (Is 12,2). Tu entregaste-Te a mim e, para me inspirares confiança, não podias dar-me maior prova da tua misericórdia.

Querido Menino! Tenho tanta pena de Te ter ofendido! Fiz-Te chorar no estábulo de Belém; mas sei que vieste procurar-me. Por isso, lanço-me a teus pés e, a despeito da pobreza e da humilhação em que Te vejo nesse presépio e sobre essa palha, reconheço-Te como meu rei e meu soberano Senhor. Compreendo o sentido das tuas doces lágrimas, que me convidam a amar-Te e me pedem o coração. Ei-lo aqui, meu Jesus, estou hoje a teus pés para To oferecer. Muda-o, abrasa-o, porque desceste do céu para abrasar os corações com o teu santo amor. Oiço-Te dizer-me desse presépio: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração» (Mt 22,37; Dt 6,5); e respondo-Te: «Meu Jesus, se não Te amar a Ti, meu Senhor e meu Deus, a quem amarei?»