Na estátua do sonho que Daniel desvendou a Nabucodonosor, só os pés eram de barro e foi exactamente por aí que se derrubou e desfez toda a maravilhosa estátua!
Pés de barro! Só os pés?
Olho para mim...com olhos de VER, e tenho forçosamente de cair de joelhos e dizer:
'Senhor: Quase que não vejo a necessidade de Te pedir humildade. Ser humilde é, para mim, um objectivo que persigo desde sempre. Sempre longe, parece, cada vez mais distante porque, pobre de mim, sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, que resiste a ser moldado pelas Tuas divinas mãos.
Mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência.
A verdade, que Te confesso, é esta: Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.'
(AMA, orações diárias, 1990)