Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 1 de setembro de 2019

Relativismo e Intolerância

Muitos defenderam que o abandono das verdades objectivas iria vacinar-nos definitivamente contra o grande perigo da intolerância. Uma vez que abraçássemos com devoção o “libertador” relativismo, isso seria um caminho seguro para sermos mais flexíveis com as opiniões dos outros.

Foi isto que aconteceu?

Não me parece.

A aspiração natural de todo o ser humano pela verdade é um forte antídoto contra a obstinação de acreditar que todas as opiniões possuem o mesmo valor. Ou que são igualmente válidas.

Quem foge da idolatria de pôr as suas opiniões por cima da verdade, defendem os professores R. George e C. West, terá todo o interesse em dialogar com pessoas que vêem o mesmo assunto de um modo diferente. Um diálogo que procura entender que considerações (provas, razões, argumentos) levaram os outros a um lugar distinto daquele em que, de momento, nos encontramos.

É esta disposição a levar a sério as pessoas com as quais não compartilhamos as mesmas opiniões (e não o relativismo) aquilo que nos vacina contra o dogmatismo e o pensamento único: essas, sim, realidades tóxicas para o funcionamento saudável da sociedade.

Também convém não esquecer que, quando não concordamos com uma opinião, não estamos obrigatoriamente a julgar nem a criticar aquele que a expressa.

Um exemplo muito actual: uma pessoa pode legitimamente defender que o casamento é somente uma união entre um homem e uma mulher. E tem todo o direito de, por esse motivo, não ser chamado “homofóbico”.

Não é “homofóbico” porque não está objectivamente a atacar ninguém. Está simplesmente a defender com argumentos (de um modo civilizado) aquilo que acha que é a verdade.

É muito cómodo acabar com o diálogo através do insulto directo àquele que pensa de um modo diferente. É cómodo mas, isso sim, é manifestação de uma profunda intolerância!
Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Tornou-se alimento, fez-se Pão

O maior louco que houve e haverá é Ele. Cabe maior loucura do que entregar-se como Ele se entrega e a quem se entrega? Porque loucura teria sido ficar como um Menino indefeso; mas, assim, ainda muitos malvados se enterneceriam, sem se atreverem a maltratá-lo. Pareceu-lhe pouco: quis aniquiliar-se mais e dar-se mais. Tornou-se alimento, fez-se Pão. – Divino Louco! Como te tratam os homens?... Eu próprio? (Forja, 824)

Lembremo-nos da experiência tão humana da despedida de duas pessoas muito amigas. Desejariam ficar sempre juntas, mas o dever – ou seja o que for – obriga-as a afastar-se uma da outra. Não podem, portanto, continuar uma junto da outra, como seria do seu gosto. Nestas ocasiões, o amor humano, que por maior que seja,é sempre limitado, costuma recorrer aos símbolos. As pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, talvez uma fotografia onde se escreve uma dedicatória tão calorosa, que até admira que não arda o papel. Mas não podem ir além disso, porque o poder das criaturas não vai tão longe como o seu querer.

Ora o que não está na nossa mão, consegue-o o Senhor. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não deixa um símbolo, mas uma realidade. Fica Ele mesmo. Embora vá para o Pai, permanece entre os homens. Não nos deixará um simples presente que nos faça evocar a sua memória, alguma imagem que tenda a apagar-se com o tempo, como uma fotografia que a pouco e pouco se vai esvaindo e amarelecendo até perder o sentido para quem não interveio naquele momento amoroso. Sob as espécies do pão e do vinho está Ele, realmente presente, com o seu Corpo, o seu Sangue, a alma e a sua Divindade. (Cristo que passa, 83)

São Josemaría Escrivá

Bom Domingo do Senhor!

Que em tudo na vida tenhamos a humildade e o gesto de respeito pelo próximo como o Senhor nos fala no Evangelho de hoje (Lc 14, 1.7-14) de não procurarmos sobressair por vaidade e procuremos estar sempre próximos dos que mais necessitam.

Senhor Jesus ajuda-nos a viver segundo a Tua Palavra, hoje e sempre!

Chegou setembro, e a Igreja, Mãe e Mestra, convida-nos a apreciar melhor os frutos da redenção

O dia 14, festa da Exaltação da Santa Cruz, recorda-nos que o madeiro sagrado em que o Senhor ofereceu a Sua vida pela salvação do mundo é um trono de triunfo e de glória: quando for levantado da Terra, atrairei todos a Mim [1]. E, no dia seguinte, memória de Maria ao pé da Cruz, vemos, de forma veemente, como a Santíssima Virgem, nova Eva associada a Cristo, o novo Adão, colaborou de forma sublime na salvação das almas. Contemplando a Cruz com fé, percebemos que «o instrumento de suplício que, na Sexta-Feira Santa, tinha manifestado o juízo de Deus sobre o mundo, tornou-se fonte de vida, de perdão, de misericórdia, sinal de reconciliação e de paz» [2].
Estas festas litúrgicas também nos interrogam sobre a nossa resposta diária ao mistério da dor, quando ele se apresenta no nosso caminho. Mas às vezes só consideramos como "êxitos" o que nos agrada aos sentidos ou contenta o próprio eu, e vemos como "fracassos" as contrariedades, o que não corre como queríamos, o que nos traz sofrimento ao corpo ou à alma. Procuremos ultrapassar essa lógica equivocada, porque, como S. Josemaria escreveu, o êxito ou o fracasso estão na vida interior. O êxito está em receber com sossego a Cruz de Jesus Cristo, em estender os braços abertos, porque a Cruz é, para Jesus como para nós, um trono. É a exaltação do Amor, é o cúmulo da eficácia redentora para levar as almas a Deus; para as orientar segundo o nosso estilo laical: com o nosso relacionamento, com a nossa amizade, com o nosso trabalho, com as nossas palavras, com a nossa formação, com a oração e a mortificação [3].
Observando a fuga da Cruz que, infelizmente, vemos em tantos ambientes, podemos perguntar-nos, com o Papa: o meu caminho cristão, que teve início com o batismo, como está? Parado? (...) Paro diante do que me agrada: mundanidade, vaidade  muitas coisas, não?  ou vou sempre em frente, realizando as bem-aventuranças e as obras de misericórdia? Porque a via de Jesus tem tanta consolação, glória e também cruz, mas sempre com paz na alma [4].
[1]. Jo 12, 32.
[2]. Bento XVI, Homilia, 14-IX-2008.
[3]. S. Josemaria, Carta 31-V-1954, n. 30.
[4]. Papa Francisco, Homilia em Santa Marta, 3-V-2016.

(D. Javier Echevarría excerto da carta do mês de setembro de 2016)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Confiança e esperança

Minha querida Meg, não posso deixar de confiar em Deus; contudo, sinto que o medo poderia bem afundar-me. Recordar-me-ei que S. Pedro, por causa da sua pouca fé, começava a ir ao fundo sob o efeito do vento e farei como ele: chamarei por Cristo e pedir-lhe-ei auxílio. Assim, espero que Ele me estenda a mão, me agarre e não me deixe soçobrar no mar alterado.

(Excerto carta escrita da prisão em 1534 por São Tomás Moro)

“Um mundo sem Cruz seria um mundo sem esperança”

A Cruz fala a todos os que sofrem – oprimidos, doentes, pobres, marginalizados, vítimas da violência - e assegura-lhes a esperança de que Deus pode transformar o seu sofrimento em alegria, o isolamento em comunhão, a morte em vida. A Cruz oferece uma esperança ilimitada ao nosso mundo decaído. É por isso que o mundo precisa da Cruz.

A Cruz não é um símbolo privado de devoção, não é um distintivo de sócio de um grupo qualquer. No seu significado mais profundo, não tem nada que ver com a imposição pela força de um credo ou de uma filosofia.

A Cruz fala de esperança, fala de amor, fala da vitória da não violência sobre a opressão; fala de Deus que eleva os humildes, dá força aos impotentes, faz superar as divisões, vencer o ódio com o amor.

Um mundo sem Cruz seria um mundo sem esperança, um mundo em que a tortura e a brutalidade permaneceriam desenfreados, o fraco seria explorado e a avidez teria a última palavra. A desumanidade do homem em relação ao homem manifestar-se-ia de modo ainda mais horrendo e não teria fim o círculo vicioso da violência. Só a Cruz põe um termo a tudo isso.

(Bento XVI na homilia da Missa celebrada em Nicósia em 05.06.2012)

O profeta da esperança

«Jeremias, o profeta pessimista (por causa da catastrófica derrota de Israel e do desabamento de todos os optimismos precedentes), revela-se como verdadeiro portador da esperança. Para os demais tudo deveria ter acabado com esta derrota*, para ele tudo começa de novo nesse momento. Deus nunca é derrotado e as Suas promessas não caem com as derrotas humanas, antes se tornam maiores, tal como o amor aumenta na medida em que o amado necessita dele».

*babilónios

(Joseph Ratzinger - Olhar para Cristo)

Seguir a Cristo, ser o último servo

Beato Charles de Foucauld (1858-1916)
eremita e missionário no Saara[

Diz Cristo:] Vede a minha dedicação aos homens para perceberdes como deve ser a vossa. Vede essa humildade para bem do homem e aprendei a abaixar-vos para fazer o bem [...], a tornar-vos pequenos para ganhar os outros, a não receardes descer, perder os vossos direitos, para fazer o bem, a não acreditardes que, descendo, perdeis a capacidade de fazer o bem. Pelo contrário, quando desceis, imitais-Me; ao descer, empregais, por amor aos homens, o meio que Eu próprio empreguei; ao descer, caminhais pelo meu caminho e, por conseguinte, na verdade; e estais na melhor situação para ter a vida e a dar aos outros. [...] Eu ponho-Me ao nível das criaturas pela minha encarnação, ao nível dos pecadores [...] pelo meu batismo: descida, humildade. [...] Descei sempre, humilhai-vos sempre.

Que os que são os primeiros se mantenham sempre no último lugar, pela sua humildade e a sua disposição de espírito, em sentimento de descida e de serviço. Amor aos homens, humildade, último lugar: no último lugar enquanto a vontade divina não vos chamar a outro, porque nessa altura é preciso obedecer. Primeiro que tudo, a obediência, a conformidade com a vontade de Deus. Quando estiverdes no primeiro lugar, mantende-vos no último em espírito, pela humildade; ocupai-o em espírito de serviço, sabendo que só estais nesse lugar para servir os outros e os conduzir à salvação.