Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Como Mateus

Como Mateus 
Estou aqui sentado 
Não para receber
Mas para pagar.
Aliás 
Tanto faz
Não tenho com que pagar 
O muito que estou a dever.

Diz-me Senhor que passas
Que queres que Te siga
Não perguntarei para quê 
Sigo-Te e sem qualquer hesitação
Deixo tudo  por Ti
(Não é grande coisa a troca)
E o que me vale
É que não és grande comerciante 
Só Te interessa fazer o negócio
E que apertemos as mãos.

Se eu ganhar
E ganho sempre que me entregar 
Já ficas contente e sorris 
Afinal sabes muito bem como negociar e pões as condições:

Eu, dou-te tudo (não me interessa o valor)
E, de Ti, só quero todo o teu amor.

19.01.2018

António Mexia Alves

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

«Gleichschaltung»

O aniversário do nascimento de Hannah Arendt recorda-nos um dos grandes mistérios do século XX. Como é que ditaduras tão terríveis, como o nazismo e o comunismo, chegaram a ter tanto poder? Como foi possível mobilizarem e organizarem a sociedade para matarem milhões de pessoas?

 

Hannah Arendt foi uma mulher excessiva, impulsiva, inteligente e corajosa, nascida em Outubro de 1906, a tempo de assistir directamente ao surgir dos regimes totalitários. A sua origem judia acrescentou dramatismo à experiência porque, na fase inicial da ascensão nazi, chegou a passar oito dias numa prisão da Gestapo (polícia secreta nazi), antes de fugir para Paris e, finalmente, para os EUA.

 

Arendt ficou célebre pela análise pouco convencional de como as ditaduras arraigam na cultura e na vida das pessoas. Os crimes horrorosos daqueles regimes parecem o resultado de perversões infames, no entanto, Arendt reparou que as depravações extremas ocorreram em raríssimos casos, a maioria comportou-se como uma manada passiva, apenas se adaptou ao novo poder.

 

Como é que o regime nazi conseguiu matar muitos milhões de judeus? Não bastaria um milhar de loucos raivosos para levar a cabo uma operação de tal envergadura, ela só foi possível porque milhões de funcionários aceitaram essa adaptação subtil e cada um desempenhou o seu pequenino papel. Foram precisos dezenas de milhares de comboios para transportarem tantos milhões de prisioneiros para os campos de concentração e isso exigiu o trabalho de uma estrutura de dezenas de milhares de funcionários dos caminhos de ferro. Um, só verificou as cavilhas dos vagões; outro, só manobrou as agulhas; outro, só deu o sinal de partida; outro, só deitou carvão na caldeira; outro, só conduziu a locomotiva... o resultado foi o transporte de milhões de prisioneiros. Claro, sem dizer que eram prisioneiros ou que iam ser mortos.

 

A sintonia («Gleichschaltung») de toda a população não consiste em recrutar criminosos mas em conseguir que a maioria da população se adapte. Se o dactilógrafo desempenhar a sua função, se a telefonista passar as chamadas, se o estafeta levar as mensagens, se o burocrata cumprir o regulamento... no final, temos uma gigantesca estrutura a trabalhar de forma competente e eficaz.

 

Um dos elementos fundamentais para conseguir a «Gleichschaltung» é convencer cada indivíduo de que o seu contributo é muito limitado (manobrar agulhas de caminho de ferro não é matar pessoas!) e que a desobediência tem um preço exorbitante.

 

A ciência da adaptação ao poder tem requintes por parte dos indivíduos e da autoridade. Numa primeira fase, as pessoas metem uma baixa médica, desculpam-se com os atrasos do trânsito, fingem que não perceberam a ordem. Ao princípio, não convém hostilizá-las. Depois, a pressão cresce e alguns cedem, cria-se o precedente, interioriza-se o «não quero saber». A fase seguinte consiste em impor castigos exemplares e desproporcionados. Em nome do rigor burocrático, a telefonista que chegou atrasada é torturada; em nome da qualidade do serviço, o maquinista ferroviário é preso e os filhos menores são fechados num asilo. O objectivo destas medidas não é evidentemente melhorar o serviço, mas aterrorizar a população para que se adapte.


As descrições de Hannah Arendt retratam a actuação do Ministério da Educação português na disciplina de «Cidadania». Para fechar os olhos aos professores que se opunham à ideologia de género dispensou a avaliação externa a esta disciplina; consentiu que as famílias usassem manhas para os filhos faltarem a certas aulas. Agora, entrou na segunda fase, a de aterrorizar a população castigando cruel e publicamente a resistência. Não interessa se milhares de crianças ainda escapam sub-repticiamente à doutrinação da «Cidadania», o importante é escolher um caso isolado para servir de valente lição a todos.

 

Estas etapas eram conhecidas, mas ninguém esperava o grau de violência do Governo contra duas crianças. Depois de decidir que reprovassem dois anos, um gabinete dependente do Primeiro-Ministro sugeriu, na semana passada, que estas duas crianças podem ser retiradas aos pais.

 

Esta gente esqueceu-se de que Deus existe.

 

José Maria C.S. André

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Amar a Cristo...

Filho de Maria Santíssima, hoje a Tua Igreja recorda-A pela Sua total entrega maternal e pelo Seu sofrimento silencioso junto à Tua Cruz.

Ajuda-nos a imitá-La oferecendo-Te todas as nossas dificuldades pessoais e colectivas por honra e glória a Ti e pela nossa salvação.

É certo, que ainda não cumprimos o que nos pedistes, pois ainda não Te conseguimos fazer chegar e à Tua Palavra a todos os cantos do universo, mas permite-nos que Te recordemos como o proclamamos na Santa Missa – Vinde Senhor Jesus!

JPR

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Mais estranho que uma explosão

No passado dia 4 de Agosto, um depósito de fertilizante agrícola (nitrato de amónio) explodiu no porto de Beirute, destruindo grande parte da zona portuária da cidade. Morreram quase duas centenas de pessoas e umas 6000 ficaram feridas. O transporte de nitrato de amónio exige precauções de segurança que não foram tidas em conta, em parte porque os contentores tinham sido deixados ali a título provisório, embora tenham ficado lá esquecidos durante seis anos.

A explosão pôs em causa a serenidade da sociedade libanesa, já de si muito provada pelos conflitos intermináveis nos países vizinhos, Israel, a Palestina, a Síria... e em países próximos, como o Iraque, a Turquia, a Jordânia... Costuma dizer-se que o Líbano é um oásis de paz no Médio Oriente, um caso único na região:

– «Há mais de cem anos, o Líbano tem sido um país de esperança», disse o Santo Padre, porque «os libaneses mantiveram a sua fé em Deus e foram capazes de fazer da sua terra um lugar de tolerância, de respeito e de coexistência, único na região. Para o bem do país, mas também do mundo, não podemos permitir que este património se perca».

Apesar de toda a violência que circunda o Líbano e que às vezes lhe invade as fronteiras, as várias comunidades cristãs e muçulmanas têm conseguido conviver. Isso deve-se à capacidade da maioria cristã de acolher os muçulmanos que se juntaram ao país por iniciativa dos colonizadores franceses, por volta de 1942, mas também à abertura das populações muçulmanas, que souberam respeitar o país que as recebeu. Em 1976, a Síria invadiu o Líbano, com o apoio dos Estados Unidos da América e de Israel, mas o Líbano conseguiu recuperar a independência e a paz. Outro desafio foram as multidões de refugiados palestinianos, expulsas do seu país quando os israelitas ocuparam a Terra Santa para formar o Estado de Israel. Mais uma vez, o Líbano resistiu.

Depois de tantas convulsões, a situação social e económica do país está fragilizada e a explosão dos contentores agrícolas veio acrescentar as tensões. No entanto, a Igreja e todos os que prezam a paz compreendem que esta experiência de convivência pacífica não se pode perder. O Líbano tem de ser apoiado, porque o seu povo extraordinário o merece e porque o Líbano faz imensa falta ao Médio Oriente e ao mundo.

– «O Líbano não pode ser abandonado na sua solidão», disse o Santo Padre

Neste último mês, o Vaticano e várias organizações da Igreja orientaram ajudas económicas e humanas para o Líbano, mas, segundo o Papa, não é isto o mais importante, nem é suficiente. A grande ajuda é rezar e jejuar:

– «Convido todos a viverem um dia universal de oração e jejum pelo Líbano, na próxima sexta-feira, 4 de Setembro. (...) Vamos oferecer a nossa oração por todo o Líbano e por Beirute. Estejamos também próximos no compromisso concreto da caridade».

Quem não conhece a Igreja católica arregala os olhos de espanto: Rezar?! Passar um pouco de fome?! Isso ajuda alguma coisa?!

Quem acompanha a Igreja sabe que é assim desde há séculos, a Igreja confia realmente em Deus (ter fé é viver assim...).

Como líder supremo da Igreja, o Papa acrescentou uma orientação concreta à oração pelo Líbano: «Peço que confiem a Maria os nossos medos e as nossas esperanças».
José Maria C.S. André

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Deus e a nossa liberdade

Para muitas pessoas a religião não tem nada a ver com a liberdade. Até lhes parece que são conceitos opostos: “se quero ser livre tenho que me libertar do jugo da religião”.

Mesmo entre aqueles que veem a religião como algo positivo, encontram-se pessoas que olham para ela somente como um conjunto de obrigações a cumprir: ir à Missa, viver de acordo com os Mandamentos, renunciar àquilo que me apetece.

Por isso, convém recordar que Deus não é inimigo da nossa liberdade. Muito pelo contrário. Foi Ele que nos deu a liberdade e respeita, como ninguém, as nossas decisões livres.

E que a liberdade fora ou à margem da verdade é ilusória: cedo ou tarde revela-se como escravidão.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres” (Jo 8, 32). Que verdade é essa?

O Amor de Deus por cada um de nós. A realidade de que não somos apenas criaturas: somos filhos!

Se Deus é Pai, nós não somos autores de nós mesmos, mas sim colaboradores. Mas como alguém dizia, um dos fenómenos mais chamativos do homem moderno é que “não quer ser filho”. Considera a filiação como uma dívida insuportável que põe em causa a sua autonomia.

Mas é precisamente isso que nós somos: filhos. Podemos não ser pais, mas não há ninguém que não seja filho.

Não nos demos a vida. Recebemo-la de um modo gratuito. E reconhecer essa dependência dos nossos pais, dos nossos antepassados e, em última instância, de Deus, não equivale a negar a nossa liberdade.

Fugir do que somos não nos liberta. Abraçar a nossa condição de filhos muito amados é o que dá sentido à nossa liberdade e nos faz entender que actuar mal não é nunca uma libertação, mas sim uma escravidão.

Porque Deus, que é nosso Pai, quer sempre o melhor para nós. Esquecer isto reduz a liberdade a uma “paixão inútil”, como dizia um famoso filósofo.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria