Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 2 de março de 2022

A importância de um sacerdote e de um neto

Em janeiro de 2008, tinha o meu neto Sebastião doze anos, no decorrer de um Sacramento de Reconciliação ministrado pelo Pe. António Barbosa, que chamado pelo Senhor nos deixou há um ano, este incentivou-me a um maior empenho em atos que fossem espelho da minha vida cristã. Confesso que saí do confessionário preocupado e interrogando-me como o poderia fazer, sobretudo devido à minha curta vida na Igreja pós reconversão e falta de bagagem.

 

Passados dias o meu neto, hoje com vinte e seis anos e alguma notoriedade no âmbito do comentário político, ex-Observador, Diário de Notícias e CNN, criou um blogue e eis senão quando o Senhor me fez descortinar um caminho. Se ele com doze anos havia sido capaz de criar um blogue, eu com a sua ajuda também o poderia fazer o mesmo e assim nasceu o ‘Spe Deus’ a que me aventurei sem qualquer preparação técnica seguindo estritamente o meu instinto.

 

Criei alguma linhas vermelhas como agora se diz, que ainda hoje me imponho, e.g.: não procurar quaisquer benefícios económicos da iniciativa, manter um quase anonimato fazendo questão que tal não fosse visto como secretismos ou cobardia de dar a cara, aspirando a que tudo fosse direcionado ao Senhor.

 

Embora, entretanto, por falta de saúde a atividade do blogue seja escassa, ainda assim mantém uma média acima dos mil leitores diários e já tenha mais de três milhões e meio de visitas, creio que não fora o incentivo do Pe. Barbosa e a ajuda do meu neto o blogue provavelmente não existiria. Outros houve, que me ajudaram e incentivaram, alguns ainda hoje me acarinham permitindo-me publicar textos seus.

 

Concluo, dizendo que o blogue me fez crescer na fé e que minha história é uma entre tantas que o Mons. António Barbosa terá motivado e incentivado.

 

Obrigado Pe. Barbosa e interceda por todos os que tanto ajudou.

 

João Paulo Reis 

Quaresma: tempo de penitência

Aproximar-se um pouco mais de Deus quer dizer estar disposto a uma nova conversão, a uma nova retificação, a ouvir atentamente as suas inspirações - os santos desejos que faz brotar nas nossas almas - e a pô-las em prática (Forja, 32).

Entramos no tempo da Quaresma: tempo de penitência, de purificação, de conversão. Não é fácil tarefa. O cristianismo não é um caminho cómodo; não basta estar na Igreja e deixar que os anos passem. Na nossa vida, na vida dos cristãos, a primeira conversão - esse momento único, que cada um de nós recorda, em que advertimos claramente tudo o que o Senhor nos pede - é importante; mas ainda mais importantes e mais difíceis são as conversões sucessivas. É preciso manter a alma jovem, invocar o Senhor, saber ouvir, descobrir o que corre mal, pedir perdão, para facilitarmos o trabalho da graça divina nessas sucessivas conversões.

Invocabit me et ego exaudiam eum, lemos na liturgia (...): Se me chamardes, Eu vos escutarei, diz o Senhor. Reparai nesta maravilha que é o cuidado que Deus tem por nós, sempre disposto a ouvir-nos, atento em cada momento à palavra do homem. Em qualquer altura - mas agora de modo especial, porque o nosso coração está bem disposto, decidido a purificar-se - Ele nos ouve e não deixará de atender ao que Lhe pede um coração contrito e humilhado.
Haverá melhor maneira de começar a Quaresma? Renovamos a Fé, a Esperança, a Caridade. Esta é a fonte do espírito de penitência, do desejo de purificação. A Quaresma não é apenas uma ocasião de intensificar as nossas práticas externas de mortificação; se pensássemos que era isso apenas, escapar-nos-ia o seu sentido profundo na vida cristã, porque esses actos externos são, repito, fruto da Fé, da Esperança e do Amor.

Cristo que passa, 57

A Quaresma coloca-nos agora perante estas perguntas fundamentais: Avanço na minha fidelidade a Cristo? Em desejos de santidade? Em generosidade apostólica na minha vida diária, no meu trabalho quotidiano entre os meus companheiros de profissão?

Cristo que passa, 58

Não podemos considerar esta Quaresma como uma época mais, repetição cíclica do tempo litúrgico; este momento é único; é uma ajuda divina que é necessário aproveitar. Jesus passa ao nosso lado e espera de nós - hoje, agora - uma grande mudança.

Cristo que passa, 59

A Quaresma

(...) começa a Quaresma, um tempo especialmente adequado para revermos o nosso comportamento e ver se estamos a ser generosos com Deus e com os outros por Deus. Na segunda leitura de Quarta-feira de Cinzas, o Apóstolo das gentes diz-nos, da parte do Senhor: No tempo favorável, ouvi-te. No dia da salvação, vim em teu auxílio. É este o tempo favorável, é este o dia da salvação [12]. Mais adiante, na mesma Epístola, anima-nos a servir a Deus em todo o momento: com muita paciência nas tribulações, nas necessidades e nas angústias (…), nas fadigas, nas vigílias e nos jejuns, pela pureza e pela ciência, pela magnanimidade e pela bondade, no Espírito Santo, com sincera caridade [13].

Estas palavras do Apóstolo – escreveu S. Josemaria – devem encher-vos de alegria, porque são como que uma canonização da vossa vocação de cristãos correntes, vivendo no meio do mundo, compartilhando com os outros, vossos iguais, ideais, trabalhos e alegrias. Tudo isso é caminho divino. O que o Senhor vos pede é que a todo o momento atueis como Seus filhos e servidores.

Mas estas circunstâncias normais da vida só serão caminho divino se realmente nos convertermos, se nos entregarmos. S. Paulo, na verdade, usa uma linguagem dura. Promete ao cristão uma vida difícil, arriscada, em perpétua tensão. Como se tem desfigurado o Cristianismo quando se tem pretendido fazer dele um caminho cómodo! Mas também é uma desfiguração da verdade pensar que essa vida profunda e séria, que conhece de forma real todos os obstáculos da existência humana, é uma vida de angústia, de opressão ou de medo.

O cristão é realista, de um realismo sobrenatural e humano, sensível a todos os matizes da vida: a dor e a alegria, o sofrimento próprio e alheio, a certeza e a perplexidade, a generosidade e a tendência para o egoísmo... O cristão conhece tudo e com tudo se enfrenta, cheio de integridade humana e de fortaleza recebida de Deus [14].

[12]. Missal Romano, quarta feira de cinzas, Segunda Leitura (2 Cor 6, 2).
[13]. 2 Cor 6, 4-6.
[14] . S. Josemaria, Cristo que passa, n. 60.

(D. Javier Echevarría na carta do mês de fevereiro de 2013)

Tempo de conversão

É preciso manter a alma jovem, invocar o Senhor, saber ouvir, descobrir o que corre mal, pedir perdão, para facilitarmos o trabalho da graça divina nas sucessivas conversões.

Reparemos de novo, nesta Quaresma, que o cristão não pode ser superficial. Estando plenamente metido no seu trabalho habitual, entre os demais homens, seus iguais, atarefado, ocupado, em tensão, o cristão tem de estar, ao mesmo tempo, imerso totalmente em Deus, porque é filho de Deus.

A filiação divina é uma feliz verdade, um mistério consolador. A filiação divina enche a nossa vida espiritual, porque nos ensina a conviver intimamente com o nosso Pai do Céu, a conhecê-Lo, a amá-Lo, e assim enche de esperança a nossa luta interior e dá-nos a simplicidade confiante dos filhos pequenos. Mais ainda: precisamente por sermos filhos de Deus, essa realidade leva-nos também a contemplar com amor e com admiração todas as coisas que saíram das mãos de Deus Pai, Criador. E deste modo somos contemplativos no meio o mundo, amando o mundo.

Na Quaresma, a Liturgia considera as consequências do pecado de Adão na vida do homem. Adão não quis ser um bom filho de Deus e revoltou-se. Mas também se faz ouvir continuamente o eco dessa felix culpa - culpa feliz, ditosa - que a Igreja inteira cantará, cheia de alegria, na vigília do Domingo de Ressurreição.

Deus Pai, chegada a plenitude dos tempos, enviou ao mundo o seu Filho unigénito para que restabelecesse a paz; para que, redimindo o homem do pecado, adoptionem filiorum reciperemus, fôssemos constituídos filhos de Deus, libertos do jugo do pecado, capazes de participar na intimidade divina da Trindade. E assim se tomou possível a este homem novo, a esta nova enxertia dos filhos de Deus libertar a Criação inteira da desordem, restaurando todas as coisas em Cristo, que nos reconciliou com Deus.

É tempo de penitência, pois. Mas, como vimos, não se trata de uma tarefa negativa. A Quaresma deve ser vivida com o espírito de filiação que Cristo nos comunicou e que vive na nossa alma. O Senhor chama-nos para que nos acerquemos d'Ele, desejando ser como Ele: Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados, colaborando humildemente, mas fervorosamente, no divino propósito de unir o que está quebrado, de salvar o que está perdido, de ordenar o que o homem pecador desordenou, de conduzir ao seu fim o que está desencaminhado, de restabelecer a divina concórdia de todas as criaturas.

Cristo que passa, 65

Quaresma: um profundo sentido de reparação

“Acabámos de começar a Quaresma. Sei que esperais que vos peça mais oração, mais generosidade nas mortificações oferecidas pelo que enche a minha alma. Eu também espero estes tempos de conversa de família, de confidência com cada um de vós, para vos pedir que me ajudeis mais, que me apoieis.Gostaria que a vossa resposta fosse como a daquela doente que, nos primeiros anos da Obra, sentia o peso do Opus Dei – estava tudo por fazer! – e percebia que o Senhor contava com a sua resposta mais completa, com o seu total holocausto. Aquela pessoa – como tantas outras ao longo dos anos – soube oferecer com alegria enormes dores físicas e morais para dar solidez aos fundamentos do Opus Dei, constituindo para o nosso Padre [São Josemaria] um apoio firmíssimo.

Vamos dar à nossa mortificação e à nossa penitência – que hão-de ser mais intensas neste período da Quaresma – um profundo sentido de reparação. Que possamos dizer cada um com São Paulo:completo na minha carne o que falta à Paixão de Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja (ColossensesI, 24). Procurai aproximar as pessoas com que convivais ao sacramento da Confissão, e recebei-o vós com mais agradecimento, com maior devoção.” (Carta, 1-III-1990, III, 74)

Bem-aventurado Álvaro del Portillo