Obrigado, Perdão Ajuda-me
domingo, 2 de julho de 2017
São Josemaría Escrivá nesta data em 1974
Está em Santiago do Chile. No colégio Tabancura, durante uma reunião com centenas de pessoas, dirige-se a uma professora: “Tu, na alma dessas criaturas, nos corações dessas criaturas – que às vezes parecem pequenos rebeldes; mas não, são brincalhões –, com os teus dedos modelas os ensinamentos cristãos e a cultura que deve ter hoje uma pessoa. Tem um pouco de calma! Se ainda por cima dás – como estás a dar – o teu bom exemplo, o teu espírito de sacrifício…”
Bom Domingo do Senhor!
Saibamos sempre tomar a
nossa cruz para assim sermos dignos do Senhor como Ele nos fala no Evangelho de
hoje (Mt 10, 37-42) e manifestemos-Lhe o nosso amor em tudo.
Louvado seja Deus Nosso Senhor pelo seu infinito e misericordioso amor por
todos nós!
Os Papas também dão murros na mesa
Nos últimos 100 anos, raramente
um Papa deu um murro na mesa. A regra é ouvir, esclarecer e contar com o tempo
para que as pessoas se emendem. A paciência costuma ultrapassar todas as
expectativas. Mesmo quando toma uma medida desagradável, o Papa «não levanta a
voz». Mas há excepções, alguma recente, como passo a contar, começando por
exemplos mais antigos.
Pio XI publicou duas Encíclicas
cáusticas contra os fascistas e uma, muito dura, a manifestar a preocupação da
Igreja quando Hitler chegou ao poder. Talvez por isso, se dizia que Pio XI
tinha mau feitio.
Paulo VI não protestava, mas sofria
amargamente a crise da Igreja. Os mais próximos contam que Paulo VI chorava a infidelidade
de alguns e a falta de respeito pelos sacramentos, e muitas vezes ele manifestou
a sua dor em público. «Esperava-se que depois do Concílio viesse uma época de
luz para a história da Igreja. Pelo contrário, vieram nuvens pesadas,
tempestades, escuridão, busca, incerteza... O fumo de satanás entrou por alguma
frincha no templo de Deus»! Via-se-lhe o rosto cada vez mais marcado pelo
sofrimento, mas preferia não dar murros na mesa. Quando o responsável da
reforma litúrgica abusou gravemente da confiança do Papa, mandou-o para o
Iraque, sem mais comentário.
João Paulo II foi mais
expressivo. Por exemplo, em 1983, à chegada à Nicarágua, ainda na pista do
aeroporto, deu uma descompostura veemente e pública ao Pe. Ernesto Cardenal,
ministro do Governo revolucionário, transmitida em directo pela televisão e conservada
no Youtube.
Numa visita à Sicília, à
varanda do paço episcopal, encostou a férula ao ombro e, gesticulando com os
dois braços, dirigiu-se aos gritos à Máfia, ameaçando-os com o castigo terrível
do inferno e pedindo-lhes que se arrependessem. Na recente visita de Francisco
à Sicília, a cena repetiu-se com alguma semelhança.
No auge da guerra na antiga
Jugoslávia, João Paulo II mandou que uma lamparina ardesse dia e noite, em
sinal de oração ininterrupta, até se alcançar a paz, e celebrou a Eucaristia na
basílica de S. Pedro, por essa intenção. Tive a sorte de assistir. Depois da
homilia, continuou a falar, sem papel, para aqueles que o escutavam do outro
lado do mar Adriático. Sentia-se a sua angústia profunda; a cada frase, o tom
de voz aumentava, sem olhar para ninguém, como se estivesse sozinho. Não se
ouvia a respiração das 20 mil pessoas que enchiam a basílica, apenas o estrondo
da voz poderosíssima do Papa. Pensei que talvez os vidros não aguentassem, porque
quem tinha o comando da amplificação sonora estava petrificado, sem reacção. O
Papa gritava às instituições internacionais, pedindo-lhes que interviessem. Pareceu
uma eternidade até que, quando houve um segundo de intervalo, a tensão explodiu
num aplauso compacto. O aplauso não cresceu aos poucos, rebentou em uníssono. Milhares
de pessoas tiveram simultaneamente o impulso de se comprometer com a oração do
Papa. Foi como se nessa altura João Paulo II tivesse reparado que não estava
sozinho. Não acrescentou mais nada e continuou a celebração.
Reunião com representantes da Diocese de Ahiara na Nigéria |
Há poucas semanas, no dia 8 de
Junho, o Papa Francisco recebeu os representantes da Nigéria, porque o Bispo
nomeado em 2012 por Bento XVI para a diocese de Ahiara ainda não conseguiu
tomar posse. Não se trata de um antagonismo tribal, mas da revindicação de
alguns padres que querem ser promovidos ao episcopado, para essa diocese ou para
outra qualquer. A «claque» mobilizada por eles exibiu-se em desacatos violentos
em frente da catedral de Ahiara e a polícia interveio, prendendo vários,
incluindo 4 padres. Francisco não levantou a voz, mas o murro na mesa foi mais
do que simbólico: deu 30 dias a cada um dos eclesiásticos de Ahiara para lhe
escrever uma carta a pedir perdão, a manifestar dor por tudo o que aconteceu e
a aceitar a nomeação do bispo. O prazo termina no dia 9 de Julho. Quem não
cumprir, fica imediatamente suspenso, impedido de desempenhar qualquer função
na Igreja ou celebrar os sacramentos.
As atitudes duras de um Papa
não obedecem a estados de ânimo nem seguem um critério de justiça penal. Um
Papa procura tratar cada filho da forma que mais o ajuda. Como Jesus, o
resultado tem os seus paradoxos: consola quem cometeu pecados graves e corre à
chicotada uns mercadores que montaram a tenda no sítio errado.
José Maria C.S. André
02-VII-2017
Spe Deus
'O jardim da nossa alma'
Ele não podia deixar escapar esta oportunidade. Finalmente tinha encontrado o que procurara com tanto empenho. O preço era fantástico e a casa estava em boas condições. O jardim abandonado fê-lo sonhar com um trabalho que muito o repousava. Tinha aprendido, desde pequeno, que cuidar das plantas era o mesmo que descansar. Sempre desejara viver numa casa com jardim, por muito pequeno que ele fosse. Logo que pôde, começou a trabalhar. Transformou aquele monte de mato, de pedras e de espinhos num pequeno “oásis”. Que gosto lhe deu esse trabalho! É verdade que tinha demorado o seu tempo. Mas também é verdade que tudo o que vale a pena nesta vida só se consegue com uma generosa dedicação de esforço e de tempo.
Certo dia, enquanto trabalhava na manutenção do seu jardim, passou pela rua uma senhora. Parou e pôs-se a olhar atentamente para as diversas plantas. Enquanto olhava, saiu-lhe um comentário como um suspiro: «Que maravilha! Que coisas tão bonitas faz Deus!». Ao ouvir isto, o “jardineiro” não conteve uma observação que, naquele momento, lhe pareceu muito oportuna: «A senhora devia ter visto o aspecto do jardim quando era Ele quem cuidava disto sozinho».
É verdade que Deus faz coisas maravilhosas na nossa vida. Mas também é verdade que Ele conta com a nossa colaboração. Ele deseja que o jardim da nossa alma esteja sempre belo e limpo, e dá-nos todas as ajudas necessárias para que isso seja possível. Mas se nós não colaborarmos, respeita a nossa decisão. Se fizesse o contrário, passaria por cima de um dom que foi Ele próprio quem nos deu: a liberdade. Por isso, se o jardim da nossa alma está sujo e desleixado, não podemos dizer que a culpa é de Deus. Nem podemos dizer que, ao contrário das outras pessoas, nós não temos jeito para cuidar dele.
Nos dias de hoje, existe um paradoxo muito grande em relação ao modo como se entende a liberdade. Por um lado, exalta-se este dom como se fosse algo absoluto e sem limites. Algo que permite ao homem fazer tudo aquilo que lhe apetece sem que ninguém o possa limitar. Por outro lado, custa a muitas pessoas aceitar a verdade evidente de que, porque somos livres, somos também responsáveis. Somos donos do nosso destino, tanto para o bem como para o mal. É verdade que a liberdade não é absoluta e está condicionada por muitos factores. Mas também é verdade que ela continua a ser uma liberdade real.
Nos dias de hoje, existe um paradoxo muito grande em relação ao modo como se entende a liberdade. Por um lado, exalta-se este dom como se fosse algo absoluto e sem limites. Algo que permite ao homem fazer tudo aquilo que lhe apetece sem que ninguém o possa limitar. Por outro lado, custa a muitas pessoas aceitar a verdade evidente de que, porque somos livres, somos também responsáveis. Somos donos do nosso destino, tanto para o bem como para o mal. É verdade que a liberdade não é absoluta e está condicionada por muitos factores. Mas também é verdade que ela continua a ser uma liberdade real.
Por isso, negar a existência de dois destinos eternos diferentes – em nome da Bondade infinita de Deus – é, na prática, negar a existência da liberdade. É verdade que Deus quer que todos os homens se salvem – mas Deus criou o homem livre e responsável. Portanto, é o próprio homem quem, com plena autonomia, se exclui voluntariamente da salvação de Deus. Se persistir assim até ao fim, Deus respeitará a sua decisão.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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