Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 20 de novembro de 2018

A parábola da net

Ocorreu, com pompa e circunstância, mais uma edição da Web Summit: um evento mundial dedicado às novas tecnologias, que teve o condão de reunir, em Lisboa, milhares de especialistas de todo o mundo, entre os quais o próprio inventor da net, Tim Berners-Lee, o primeiro-ministro de Portugal e o secretário-geral da ONU.

Quando, em 1989, Berners-Lee criou a internet, mais concretamente a world wide web ou, de forma abreviada, www, ninguém supunha que, em pouco mais de vinte e cinco anos, tornar-se-ia no principal meio de comunicação mundial. Mais ainda: hoje é praticamente uma necessidade, porque já quase não se consegue trabalhar, se não for ligado à net.

É pela net que nos chegam as principais notícias, em tempo real. Pela net temos acesso, quase instantâneo, à realidade internacional, sem necessidade de esperar, à hora certa, um noticiário que, para além de selectivo, filtra as notícias de forma que nem sempre é a mais isenta e objectiva.  Na net temos, a qualquer hora do dia ou da noite, acesso a uma central de dados verdadeiramente impressionante, muito embora nem sempre a informação fornecida seja fidedigna. Por último, através da net temos a prodigiosa oportunidade de rever velhos amigos e conhecidos a quem, se calhar há já muito tempo, tínhamos perdido o rasto e que agora, graças a esta fantástico instrumento, reencontramos, à brevíssima distância de um clique.

É verdade que não há bela sem senão. Também este instrumento, que mais não é do que uma sofisticada e apurada tecnologia, é susceptível de se transformar num instrumento maligno, se for utilizado de forma contrária à dignidade humana. Com efeito, pela net pode-se fabricar uma bomba caseira; pela net pode-se contactar uma organização terrorista; pela net pode-se caluniar uma pessoa inocente; pela net pode-se cair na armadilha de uma falsa amizade; pela net pode-se perverter a fé; pela net pode-se ter acesso, gratuito e imediato, às piores depravações de que é capaz o género humano. E, a própria net, pode ser viciante: há quem tenha ficado tão doentiamente dependente destes meios, que já não consegue despegar do ecrã em que alienou a sua existência.

Entre os que louvam e quase idolatrizam esta tecnologia e os que a diabolizam, há um justo meio, que é onde se situa, precisamente, a doutrina da Igreja. Como instrumento que é, a net não é, em si mesma, boa nem má. Como qualquer outro meio tecnológico, a bondade ou maldade da net depende do objecto da acção em que for utilizada, bem como da intenção do agente. Uma caneta tanto serve para escrever um poema de amor, como para caluniar um ser humano ou uma instituição. A inteligência humana tanto pode descobrir a cura de doenças, como pode inventar novas torturas. A web é boa quando é utilizada para o bem, mas é prejudicial quando se transforma num mecanismo de ampliação do mal, numa estrutura de pecado.

É necessário defender o direito fundamental à liberdade de pensamento e de expressão, nomeadamente através das redes sociais. Mas essa prerrogativa irrenunciável não pode ser um pretexto para a irresponsabilidade, nem para a impunidade. É preciso que cada qual, também na sua actividade virtual, responda pelos seus actos, mesmo que se esconda sob um nickname. A liberdade não pode servir de desculpa para os circuitos de pedofilia, prostituição ou pornografia, nomeadamente infantil, que, graças ao anonimato que a web proporciona, encontram na rede o ambiente propício para a sua execrável acção. Hoje em dia, o combate à criminalidade organizada, sobretudo contra os mais indefesos, como são certamente as crianças, não pode ignorar estas novas realidades.

Alguém, há dois mil anos, disse-o com tal clareza que quase diríamos tratar-se do próprio Tim Berners-Lee, ou de outro ilustre participante na última edição da Web Summit: “o reino dos céus é ainda semelhante a uma rede (net, em inglês) lançada ao mar, que colhe toda a casta de peixes. Quando está cheia, os pescadores tiram-na para fora e, sentados na praia, escolhem os bons para cestos e deitam fora os maus” (Mt 13, 47-48).

Já que a Portugal coube a honra de acolher este fórum internacional, assuma também a missão de, sem menoscabo da liberdade de pensamento e de expressão, responsabilizar quem utiliza a net como instrumento de ódio ou de qualquer tipo de exploração.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Voz da Verdade

Relâmpagos e trovões

Passámos toda a semana a ouvir declarações inflamadas contra a Dra. Maria José Vilaça. Desta vez, foi contra ela, mas efervescências parecidas ocorrem regularmente contra várias pessoas. De repente, explode a ira colectiva com uma agressividade inesperada e, principalmente, uma desproporção aparente entre o efeito e o motivo inicial. Mas a explosão é violentíssima. Dá a impressão de que há um mal-estar na nossa sociedade, um sofrimento latente, que se liberta como uma bomba devastadora.

Há tempos, foi a Isabel Jonet, noutra altura foi a Madre Teresa de Calcutá, agora tocou a vez à Maria José Vilaça. Será que as vítimas femininas atraem especialmente os excessos? O que é certo é que as tempestades não são pequenas!

A Isabel Jonet, a quem o país deve tantas mobilizações extraordinárias de solidariedade, como o Banco Alimentar, opinou que todos devíamos cultivar a sobriedade e contribuir para vencer as dificuldades... Foi o que se viu, de indignação! Durante semanas!

Sobre a Madre Teresa de Calcutá, heróica até ao extremo para ajudar os pobres, canonizada recentemente pelo Papa Francisco, o «Sexualpedagogik», principal jornal dos abortistas norte-americanos, escreveu: «Esta pessoa bem-sucedida na vida e murcha, que não parece uma mulher, especialmente quando ergue os seus punhos cerrados a rezar por nós, (...) tornou-se um símbolo de tudo o que a maternidade e a feminidade têm de mau, uma imagem que rejeitamos absolutamente. És o pesadelo das mulheres! Roubas a liberdade – escravizas! – as mulheres, as mães, as freiras e as tias; porque é que te metes connosco, que decidimos assumir o controlo dos nossos corpos, das nossas crianças e do nosso destino?».

Os exemplos poderiam multiplicar-se. Qual a razão de algumas mulheres serem rejeitadas de forma tão violenta por certos grupos ideológicos, em particular feministas?

A Dra. Maria José Vilaça gasta os seus dias a ajudar pessoas que sofrem, com enorme generosidade e – vale a pena acrescentar – com grande eficácia profissional. Merecia talvez uma homenagem, mas a história recente é-nos recordada todos os dias pelos meios de comunicação social: cometeu o crime de dizer que os pais deviam acolher e estimar os filhos com tendência homossexual como acolhem todos os outros, independentemente de viverem numa situação que não é boa.

Que alguma militância sonhe com o triunfo do seu despotismo iluminado, compreende-se. Que os ecos deste fervor ideológico ecoem semanas a fio em tantas notícias e tantos artigos de opinião, deixa-me perplexo.

Alguns pais vivem triturados pelo remorso de terem abortado um filho? Não queremos ouvir! Algumas pessoas com tendência homossexual pedem ajuda? Proíbe-se! A revolução ideológica decretou que o aborto é um alívio, a homossexualidade uma glória, o divórcio uma libertação... como é que ainda há românticos a suspirar por um amor verdadeiro, fiel até ao sacrifício? Pior ainda, como é que há gente arrependida de algum passo em falso que deu na vida?

Faz pena que a revolução politicamente correcta não compreenda que o arrependimento nos salva. A humildade de reconhecer o erro e aceitar ajuda purifica.

O Papa Francisco passou o Ano da Misericórdia, que termina hoje, a recordar que Deus perdoa sempre, é fiel sempre. A sua misericórdia não tem fim. Alegra-se mais por um pecador que se arrepende do que por 99 justos que não precisam de se arrepender. Deus não pergunta se somos super-homens, espera-nos de braços abertos, como o pai do filho pródigo.

A mensagem da misericórdia é também uma mensagem de humildade. Servir os outros não é considerar-se puro e estender uma mão simpática aos desgraçados que nos rodeiam. A mensagem do Ano da Misericórdia é reconhecermo-nos cheios de fragilidade e abrirmos o coração para que os outros nos enriqueçam e nós os possamos ajudar naquilo que precisarem. O Papa insiste em que um grande objectivo deste Ano da Misericórdia era cada um fazer uma boa confissão. Agora, o Jubileu acabou, mas estamos a tempo. Deus é fiel e perdoa sempre.

Mesmo que não estejamos contentes com alguma coisa que aconteceu na nossa vida, Deus quer transformar o nosso remorso na alegria de ter sido perdoados.
José Maria C.S. André
Spe Deus
20-XI-2016

Evangelho do dia 20 de novembro de 2018

Tendo entrado em Jericó, atravessava a cidade. Eis que um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos publicanos e rico, procurava conhecer de vista Jesus, mas não podia por causa da multidão, porque era pequeno de estatura. Correndo adiante, subiu a um sicómoro para O ver, porque havia de passar por ali. Quando chegou Jesus àquele lugar, levantou os olhos e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, porque convém que Eu fique hoje em tua casa». Ele desceu a toda a pressa, e recebeu-O alegremente. Vendo isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa de um homem pecador». Entretanto, Zaqueu, de pé diante do Senhor, disse-Lhe: «Eis, Senhor, que dou aos pobres metade dos meus bens e, naquilo em que tiver defraudado alguém, restituir-lhe-ei o quádruplo». Jesus disse-lhe: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque este também é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido».

Lc 19, 1-10