Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 18 de abril de 2020

Ficar em casa

Nas circunstâncias actuais, todos tivemos de voltar a aprender uma “sabedoria” que parece fácil, mas não o é tanto: ficar em casa.

“Ficar em casa” não pode ser visto nunca como algo meramente passivo. Caso contrário, corremos o risco de tornar a vida daqueles que nos rodeiam num verdadeiro inferno.

É bom não esquecer que as interações sociais mais importantes são aquelas que temos na nossa casa. Por isso, devemos estar atentos às falhas no convívio diário que podem estragar a nossa vida familiar: discussões sem motivo, frieza, egoísmo, orgulho ferido, mau uso da língua.

Todos temos de nos esforçar por cuidar o convívio mútuo em casa. Sermos delicados, sem cair em modos pouco naturais. Acostumarmo-nos a não falar num tom dogmático de quem deseja ter sempre a última palavra. Ou de quem pensa que sabe tudo e, por isso, não tem nada de novo a aprender.

Já reparámos que a grande maioria das discussões dentro do lar se devem a motivos fúteis que o orgulho agiganta? E que nos levam a falar num tom de voz que ofende?

Não há maior fonte de conflitos num lar do que o mau uso da língua.

Muitos neste mundo morreram ao fio da espada. Mas muitos mais lares se desmoronaram devido ao mau uso da língua: “espada afiada” que pode matar, porque possui uma grande capacidade de humilhar.

Já diz São Tiago na sua epístola: “a religião de quem não domina a sua língua é vã” (Tg 1, 26). É interessante meditarmos com calma – agora que temos mais tempo para isso – na estreita relação que existe entre o amor a Deus e o esforço real por não ofender os outros com as nossas palavras.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Que vos estimeis, que vos ajudeis

Com quanta insistência o Apóstolo S. João pregava o "mandatum novum"! "Amai-vos uns aos outros!". Pôr-me-ia de joelhos, sem fazer teatro – grita-mo o coração –, para vos pedir, por amor de Deus, que vos estimeis, que vos ajudeis, que vos deis a mão, que vos saibais perdoar. Portanto, vamos banir a soberba, ser compassivos, ter caridade; prestar-nos mutuamente o auxílio da oração e da amizade sincera. (Forja, 454)

Só por o filho voltar a Ele, depois de o atraiçoar, prepara um banquete. Que nos concederá, a nós, que procurámos ficar sempre ao Seu lado?

Longe da nossa conduta, portanto, a lembrança das ofensas que nos tenham feito, das humilhações que tenhamos padecido – por mais injustas, grosseiras e rudes que tenham sido – porque é impróprio de um filho de Deus ter um registo preparado para apresentar depois uma lista de ofensas. Não podemos esquecer o exemplo de Cristo. Não se muda a nossa fé cristã como quem muda um vestido: pode enfraquecer ou robustecer-se ou perder-se. Com esta vida sobrenatural revigora-se a fé e a alma aterra-se ao considerar a miserável nudez humana sem o auxílio divino. E perdoa e agradece: meu Deus, se contemplo a minha pobre vida não encontro nenhum motivo de vaidade e menos ainda de soberba; só encontro abundantes razões para viver sempre humilde e compungido. Sei bem que a melhor nobreza é servir.

Levantar-me-ei e percorrerei a cidade: pelas ruas e praças procurarei aquele que amo... E não apenas a cidade; correrei o mundo de lés a lés – por todas as nações, por todos os povos, por carreiros e atalhos – para conquistar a paz da minha alma. E descubro-a nas ocupações diárias, que não me servem de estorvo; que são – pelo contrário – o caminho e a ocasião de amar cada vez mais e de cada vez mais me unir a Deus. (Amigos de Deus, 309–310)

São Josemaría Escrivá

O Evangelho de Domingo dia 19 de abril de 2020

Chegada a tarde daquele mesmo dia, que era o primeiro da semana, e estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam juntos, por medo dos judeus, foi Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se muito ao ver o Senhor. Ele disse-lhes novamente: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também vos envio a vós». Tendo dito esta palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros discípulos disseram-lhe: «Vimos o Senhor!». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas Suas mãos a abertura dos cravos, se não meter a minha mão no Seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, colocou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Em seguida disse a Tomé: «Mete aqui o teu dedo e vê as Minhas mãos, aproxima também a tua mão e mete-a no Meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel!». Respondeu-Lhe Tomé: «Meu Senhor e Meu Deus!». Jesus disse-lhe: «Tu acreditaste, Tomé, porque Me viste; bem-aventurados os que acreditaram sem terem visto». Outros muitos prodígios fez ainda Jesus na presença de Seus discípulos, que não foram escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos a fim de que acrediteis que Jesus é o Messias, Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em Seu nome.

Jo 20, 19-31

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

31º Dia. Sábado da oitava da Páscoa, 18 de Abril de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Mc 16, 9-15)

Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho

“Mais tarde, apareceu aos Onze – Judas Iscariotes já não fazia parte do colégio apostólico – quando eles estavam sentados à mesa, e censurou-os pela sua incredulidade e dureza de coração, porque não acreditaram naqueles que O tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: ‘Ide por todo o mundo e proclamai o evangelho a toda a criatura’.”

Estes versículos finais do Evangelho segundo São Marcos parecem contraditórios. Com efeito, se o Senhor muito justamente censurou os apóstolos pela sua incredulidade em relação à sua ressurreição, fundamento da fé cristã, como é possível que lhes tenha depois confiado a missão de proclamar essa mesma fé ao mundo inteiro?!
Na verdade, não só não tinham acreditado nos que, antes deles, O viram ressuscitado, como também não creram na Sua palavra, pois por três vezes Jesus lhes tinha dito que, ao terceiro dia, ressuscitaria. Teria sido certamente mais lógico que, depois dessa justíssima censura, o Mestre despedisse, com justa causa, aqueles incompetentes apóstolos e confiasse a missão de proclamar o Evangelho a gente mais capaz.

Consta que um Secretário-Geral da ONU pretendeu fazer a reforma dessa organização internacional, mas não o conseguiu, durante os anos em que esteve no cargo. Um amigo censurou-lhe o falhanço, dizendo que Deus, em apenas seis dias, tinha conseguido criar o mundo. O falhado Secretário-Geral respondeu que o Criador tinha tido uma enorme vantagem, de que ele não pode desfrutar: Não tinha colaboradores!

Se a Igreja fosse apenas uma coisa de Deus, seria excelente, mas o Senhor, na sua infinita misericórdia, quis associar todos os cristãos à missão da sua Igreja, fazendo-a nossa também. Ele sabia bem o risco que corria, pois um apóstolo, Judas Iscariotes, fora o traidor; e outro, Simão, filho de João, negou-O por três vezes. Mesmo assim, não desistiu de Pedro, que confirmou como primeiro Papa, e decerto teria readmitido Judas se este, contrito, Lhe tivesse pedido perdão.

Nós somos os servos inúteis da parábola, com a diferença de que, muitas vezes, nem sequer fazemos o que devíamos fazer, e fazemos o que era suposto não fazer. Mesmo assim, Deus quer que a missão divina da Igreja se realize através de nós e apesar de nós! Ele, que conhece melhor do que nós as nossas próprias deficiências, escolheu-nos desde toda a eternidade para esta missão e, se fizermos tudo o que estiver ao nosso alcance, Ele suprirá misericordiosamente as nossas imensas deficiências.

A gratidão a manifestar pelo chamamento e missão não deve ser expressa com palavras, mas com obras, evangelizando efectivamente todo o mundo. Mas, a melhor pregação, não é a das palavras, mas das obras: que as nossas vidas gritem pois, ao mundo, a alegria da Páscoa, a certeza de que Cristo vive e nos ama!

Intenções para os mistérios gozosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A anunciação do Anjo a Nossa Senhora. Ante a enormidade da missão a que o Senhor nos convoca, só cabem duas reações: fugir, com medo; ou aceitar, com fé. Maria acreditou e por isso é bem-aventurada: que ela nos obtenha a graça da obediência na fé.
2º - A visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel. Talvez Maria, se pensasse na dificuldade de explicar o que nela tinha acontecido, nunca tivesse visitado a sua prima Santa Isabel. Mais pôde nela a confiança no Espírito Santo que, neste mistério, pedimos para todos nós e para toda a Igreja.
3º - O nascimento de Jesus em Belém. Foi num contexto da mais confrangedora pobreza material que o Filho de Deus nasceu. Que a Igreja e todos os fiéis aprendamos de Cristo esta lição de pobreza, que nos faz mais aptos para a missão evangelizadora.
4º - A apresentação de Jesus no templo e a purificação de Nossa Senhora. José e Maria estavam dispensados de apresentar no templo o Senhor do próprio templo. Que o seu exemplo de humilde e religiosa piedade seja também timbre da nossa devoção.
5º - O Menino Jesus perdido e achado no templo. Graças à sua perseverante busca, Maria e José reencontraram Jesus. Rezemos para que todos aqueles que, por alguma razão, perderam Jesus, O reencontrem na sua Igreja.

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Saber perdoar

Cristo deu a Sua vida por ti e tu continuas a detestar aquele que é um servo como tu? Como podes avançar em direcção à mesa da paz? O teu Mestre não hesitou em suportar por ti todos os sofrimentos, e tu recusas-te a renunciar sequer à tua cólera? [...] «Aquele ofendeu-me com gravidade, dizes tu, foi tantas vezes injusto para comigo, chegou mesmo a ameaçar-me de morte!» O que é isto? Ele ainda não te crucificou, como os inimigos do Senhor O crucificaram.Se não perdoas as ofensas do teu próximo, o teu Pai que está nos céus também não te perdoará as tuas faltas (Mt 6, 15). O que te diz a tua consciência quando pronuncias estas palavras: «Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome» e o que se segue? Cristo não fez diferenças: Ele derramou o Seu sangue por aqueles que derramaram o Dele. Serias capaz de fazer algo semelhante? Quando te recusas a perdoar ao teu inimigo, é a ti que causas mal, não a ele [...]; o que tu preparas é o teu próprio castigo no dia do julgamento. [...]Escuta o que diz o Senhor: «Quando fores apresentar a tua oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e depois volta para apresentar a tua oferta». [...] Porque o Filho do homem veio ao mundo para reconciliar a humanidade com o Pai. Como diz São Paulo: «Agora Deus reconciliou consigo todas as coisas» (Col 1, 22); «pela cruz [...], levando em Si próprio a morte à inimizade» (Ef 2, 16).

(São João Crisóstomo - Homilia sobre a traição de Judas, 2, 6)