FERNANDO LIMA foi despedido e a carcaça da notícia vorazmente devorada por uns e outros nesta derradeira semana de competição feroz, em que cada voto conta. Conheço o Fernando Lima há precisamente 24 anos, tantos quantos os que assessorou Cavaco Silva, e custa-me acreditar que não esteja em grande sofrimento neste momento. Não sei se é ou não o bode expiatório (embora também me pareça que sim e que aparentemente se pôs a jeito) nem me sobra aqui espaço para alimentar a triste polémica das suspeitas escutas em Belém. Concordo inteiramente com todos os que já escreveram ou disseram que o Presidente da República foi equívoco nos seus silêncios e pouco certeiro nas frases mais ou menos assassinas com que tentou sublinhar que ninguém é ingénuo, e muito menos ele próprio. Se agora escrevo sobre o Fernando Lima é porque guardo dele a imagem de um homem sério, discreto e leal, que marcava pela presença atenta aos detalhes e pelo profissionalismo com que acompanhava Cavaco Silva. Aliás, a prova deste profissionalismo e da confiança de que era digno está na longevidade da proximidade entre um e outro. Não tenho uma relação pessoal com Fernando Lima e é com essa margem de liberdade que me pergunto quem, nesta história, foi mais papista que o Papa.
Laurinda Alves
(Fonte: jornal”i” online)
Sem comentários:
Enviar um comentário