Quem já foi emigrante, como eu, sabe das dificuldades que estes portugueses encontram em tudo, ou quase tudo, o que os liga ao país de origem e se refere ao exercício da sua cidadania.
Uma rede consular já de si pobre, reduzida nos últimos anos devido a encerramentos de raiz, sobretudo, economicista, não lhes facilita a vida.
Neste contexto, só pode suscitar surpresa a iniciativa socialista de tentar impor o voto presencial dos emigrantes nas legislativas, impedindo, pela primeira vez em trinta anos de democracia, o habitual voto por correspondência.
É certo que nas presidenciais sempre foi esta a forma de votação, mas também é certo que nestas eleições a abstenção sempre foi praticamente o dobro da registada nas legislativas. E tem lógica a diferença: nas legislativas, o total dos portugueses a residir no estrangeiro só pode eleger quatro dos 230 deputados. Nas presidenciais, caso todos se inscrevessem nos cadernos eleitorais, o seu voto seria suficiente para ditar o novo presidente. Daí, a cautela para evitar manipulações.
Neste quadro, é compreensível e bem vindo o veto de Cavaco Silva à nova lei. O presidente lembra que o Governo PS se propunha, no seu programa, reduzir as deslocações dos emigrantes aos consulados, aumentando a prestação de serviços pela via electrónica. Em pleno século XXI, era isso que se esperava: acabar com o voto por correspondência substituindo-o pelo voto electrónico. O voto presencial é um retrocesso que esconde mal os verdadeiros motivos da lei. Estão em jogo quatro deputados que podem fazer a diferença entre o PS ter ou não a maioria absoluta. A História diz que têm sido, maioritariamente, do PSD.
Graça Franco
(Fonte: site RR)
Pessoalmente entendo e admito que a articulista também, só que a limitação do tamanho da mensagem, bem como o seu objectivo, não lhe permitem expressá-lo, que na verdade decorre uma tentativa de ditadura camuflada, utilizando todos os meios para perpetuar um partido no poder.
Senão vejamos, o novo Estatuto dos Açores não passa de um balão de ensaio para proceder por via de lei ordinária alterações da própria Constituição da República, o índice elevadíssimo de legislação que o PR tem enviado para o Tribunal Constitucional e que na larguíssima maioria de vezes este tem dado razão às suas objecções, é bem revelador da falta de sentido democrático e de Estado de quem nos governa, pelo que me permito afirmar que 'é a democracia que está em jogo’.
(JPR)
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