Fica, mais uma vez, clara a insustentabilidade do actual modelo de empobrecimento continuado.
O Banco de Portugal veio, ontem, dizer-nos algumas verdades inconvenientes sobre o futuro da economia portuguesa, a primeira das quais é a previsão de um agravamento do défice externo em três pontos percentuais nos próximos dois anos. Uma deterioração que é o triplo do previsto, ainda há poucos meses, no boletim de Outono.
Pior, ainda: o agravamento agora enunciado colocará o desequilíbrio das nossas contas externas acima dos 11% da riqueza anual criada, quando antes se ficava ainda abaixo do limite psicológico dos dez.
Resumindo: fica, mais uma vez, clara a insustentabilidade do actual modelo de empobrecimento continuado.
À anemia económica e ao endividamento interno e externo galopante soma-se a segunda verdade: a previsão de aumento do chamado desemprego estrutural da economia e a constatação de que a taxa de desemprego vai continuar a crescer, até 2011, o que fará que esta seja, das últimas crises, a que apresenta a factura social mais alta. Com contas públicas desequilibradas e endividamento a subir, o crédito, cada vez mais escasso e necessário, só pode ser mais caro. Ora, Portugal já está a endividar-se para pagar juros que, por ano, são já superiores ao investimento público.
Transformar este diagnóstico numa boa noticia sobre a inesperada retoma não é apenas excesso de optimismo. É um mau serviço prestado à verdade e ao país.
Graça Franco
(Fonte: site Rádio Renascença)
Sem comentários:
Enviar um comentário