O mundo não é uma propriedade para devastar mas um dom do Criador
Tem ainda sentido falar de criação na época da ciência e da técnica? Uma pergunta preocupante, que Bento XVI propôs à reflexão dos fiéis presentes na audiência geral de quarta-feira 6 de Fevereiro. Ou talvez provocatória, se se calcula que é feita a uma humanidade dominada pela tentação de construir sozinha o mundo no qual vive, disse o Papa explicando o sentido da sua pergunta, propenso a "não aceitar os limites do ser criatura, os limites do bem e do mal" e que considera a sua dependência do amor de Deus "como um peso do qual se libertar".
É sempre este o "núcleo da tentação": considerar a aliança com Deus como "uma corrente que amarra, que priva da liberdade e das coisas boas e preciosas da vida". Mas é precisamente esta convicção, esta "mentira" como lhe chama o Pontífice, que "altera a relação com Deus" e que induz o homem a pôr-se no seu lugar. Disto deriva que quanto Deus criou de bom "aliás - especificou o Papa - de muito bom", depois da livre escolha do homem a favor da mentira e contra a verdade, "o mal entra no mundo", com toda a sua bagagem de dor e sofrimento. E citando ainda o Génesis o Pontífice quis evidenciar outro ensinamento oferecido pelo livro das narrações da criação: "o pecado - disse - gera pecado e todos os pecados da história estão ligados entre si". Tudo deriva, acrescentou, de uma realidade que parece difícil de compreender, o pecado original. Com a ajuda do Catecismo da Igreja Católica, Bento XVI fez notar a propósito que o primeiro pecado do homem foi ter-se "escolhido a si mesmo contra Deus". Portanto, destruiu a relação que se tinha instaurado com o Pai e quis "pôr-se no lugar de Deus". Viver de fé, acrescentou o Papa, significa ao contrário "reconhecer a grandeza de Deus, aceitar a nossa pequenez, a nossa condição de criatura, deixando que o Senhor a preencha com o seu amor". A fé esclarece também o mistério do mal e dá-nos a certeza de nos podermos libertar dele; "a certeza - concluiu Bento XVI enfim - que é bom ser homem".
(© L'Osservatore Romano - 10 de Fevereiro de 2013)
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