Levei várias horas a recompor-me da notícia inesperada da resignação do Papa Bento XVI. A tristeza, como que um luto abissal, que me invadiu não há palavras que a descrevam. Desde o meu noviciado, se a memória não me atraiçoa, em 1981 que os seus escritos alimentaram, confirmaram, robusteceram a minha Fé. A sua cooperação leal, corajosa e sintónica com o Santo Padre João Paulo II foi um prodigioso milagre providencial que salvou e fortaleceu a Fé e a Igreja no mundo inteiro, em especial no ocidente.
A sua admirável inteligência, a sua profundidade espiritual, a sua grandíssima coragem, a invulgar, mesmo genial, penetração teológica, o seu singular amor e fidelidade à Verdade, a extraordinária capacidade de diálogo, sem a mínima renúncia ao anúncio do Evangelho, a excepcional humildade, o seu amor inaudito por Jesus Cristo, a Sua Igreja e por todos os homens, tudo isto, e muito mais, garantem-lhe um lugar destacado na história da Igreja e, assim o creio firmemente, a futura canonização. Não há dúvidas que temos de dar muitíssimas Graças a Deus por nos ter concedido este Papa.
Mas apesar do meu intenso sentimento de orfandade, tenho a certeza firme que Bento XVI nunca teria resignado se não tivesse uma iluminação particular de Deus que o movesse a tal, para maior bem do mundo e da Igreja. Daí que a minha ilimitada melancolia se tenha transformado numa alegria imensa.
É Deus que guia a Sua Igreja. Ele providenciará para que daqui advenha um maior bem para todos.
O que agora a Igreja quer, e seguramente o Papa Bento XVI o deseja com todas as veras, é que todos os católicos rezemos ao Espírito Santo implorando-Lhe que ilumine os Cardeais eleitores para que seja escolhido aquele que Ele quer como sucessor de Pedro e Vigário de Jesus Cristo na terra.
Uma última palavra sobre este Papa e o dia que hoje vivemos. Faz hoje, dia de Nossa Senhora de Lurdes - a Imaculada Conceição -, 6 anos que a maioria dos portugueses, que foram às urnas, votou criminosa e ignobilmente a liberalização do homicídio, em forma de aborto provocado, dos mais inocentes, vulneráveis e indefesos. Desde então só ao abrigo desta “lei” infame e abominável, sem ter em conta os clandestinos que continuam a proliferar, já se dizimaram oitenta mil portugueses. Esta tragédia inominável revela com uma clareza meridiana o elevadíssimo grau de demência suicido-parricida a que chegamos. Depois espantam-se com o aumento exponencial quer de suicídios de mulheres, quer de mães que assassinam brutalmente seus filhos já nascidos para logo em seguida se matarem.
Ora neste breve Pontificado de Bento XVI - coisa que é, sabe-se lá porquê, habitualmente silenciada nas conferências, palestras e debates sobre o seu Magistério - a quantidade e alta qualidade das suas intervenções sobre a defesa da vida é verdadeiramente impressionante.
De importância semelhante são as numerosas intervenções que fez quer como Cardeal quer como Papa em defesa do Crucifixo (Crucificado) no espaço público. Por isso parece boa-ideia homenagearmos o ainda Papa Bento XVI dependurando das janelas e varandas das nossas casas o estandarte de Cristo para o Ano da Fé.
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