'João Paulo II, Santo' é o título do livro de Slawomir Oder, encarregue de defender a causa da santidade de Karol Wojtyla no Vaticano. Uma condição que, defende este padre polaco, já é um facto para as actuais gerações de católicos, mas deve ficar provada.
Juntando um ponto de interrogação ao título do seu livro, porquê João Paulo II, Santo?
Exprime uma convicção pessoal a que cheguei no final deste processo. Não é uma antecipação da decisão da Igreja, porque a única entidade competente para dizer: "É santo" é a Igreja. É também uma manifestação da voz de quem sentiu necessidade de gritar: "Santo Subito". Eu estava convicto da sua santidade ao longo da sua vida, estava convicto da sua santidade no momento da sua morte, mas sobretudo estou convicto depois de cinco anos de investigação sobre a sua vida, sobre documentos relativos à sua existência e ao seu magistério.
Que aspectos da vida de João Paulo II lhe deram tal convicção?
Ele viveu a sua vida com muita intensidade, segundo uma medida elevada, sem se poupar, sem ceder a compromissos. Viveu a sua vida sempre olhando em frente. A sua santidade é uma santidade quotidiana, dentro da vida, com a simplicidade que pode ter a vida de um papa, sempre envolta em tantas coisas. A sua santidade é sobretudo parte da sua relação com Deus. Era um homem de Deus, um homem de oração. E esta profundidade da relação com Deus ele soube vivê-la na relação com os homens, com o mundo.
Mas para um homem ser reconhecido como santo, além da sua conduta, a Igreja procura outras provas, como milagres....
A dimensão mística de João Paulo II está, desde logo, na sua constante consciência de viver na presença de Deus. Se me pergunta por uma confirmação, que provém de Deus, a Igreja espera um sigilo divino sobre este processo que vivemos e que se encontra actualmente em curso perante a Congregação para a Causa dos Santos. Este processo observa a recuperação de uma religiosa francesa que tinha a doença de Parkinson...
O processo de beatificação começou logo em 2005. Foi praticamente o primeiro acto de Bento XVI enquanto Papa. Havia a convicção no Vaticano de que João Paulo II não tinha sido apenas um papa muito amado, mas também um homem santo? Foi isso que ditou a rapidez de todo o processo?
Penso que foi sobretudo a fama de santidade difusa no povo de Deus, que se expressa, de facto, no grito: "Santo Subito", mas que se expressa com maior eloquência durante a celebração do funeral, com uma presença de representantes do mundo inteiro. Isto exprime desde logo a convicção na morte de um santo. E depois as visitas constantes ao túmulo de João Paulo II que, desde o dia do seu funeral, são contínuas...
É já um homem venerado?
É um homem que goza de muita veneração popular, mas eu estou convencido que também a convicção pessoal do Papa Bento XVI, que o conheceu, quando era o cardeal Ratzinger, durante anos de colaboração quotidiana muito próxima, ajudou à decisão de abrir o processo imediatamente.
Mas a canonização era uma exigência popular?
Sim. Era uma exigência popular. E depois o sinal divino surgiu quase de imediato, porque o caso que actualmente está a ser estudado pela Congregação para a Causa dos Santos, esta recuperação miraculosa, deu-se quase imediatamente depois da morte de João Paulo II. Dois meses depois.
É possível apontar horizontes temporais para a beatificação e canonização de João Paulo II?
A resposta exacta não pode ser dada neste momento. O processo desenrola-se observando todas as regras do direito canónico, é um processo actualmente bastante avançado junto da Congregação. Quando estiver terminado todo a literatura canónica, o Papa indicará a melhor data para se poder chegar à beatificação.
(Fonte: DN online em entrevista de Pedro Sousa Tavares)
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