Não há dúvida nenhuma que Marcelo Rebelo de Sousa com a insistência que coloca no seu catolicismo, principalmente quando toma posições contrárias às da Igreja, é, por muitos, considerado o “pregador” Dominical de maior audiência e de entre todos o que faz “sermões” mais longos.
No Domingo passado, ao que me garantem, deu a entender que o artigo do L’ Ossevartore Romano sobre Saramago era da autoria do director desse jornal e afirmou com todas as letras que o mesmo era violentíssimo. Concluiu, justificando a sua discordância, enquanto católico, em relação ao mesmo, asseverando que Deus era muito mais misericordioso que o director do referido órgão de comunicação.
Ora convirá esclarecer algumas coisas não vão os fiéis do professor ser induzidos em erro. Em primeiro lugar o artigo não é do director, Giovanni Maria Vian, mas sim de Claudio Toscani; em segundo lugar trata-se de uma crítica literária, equilibrada e fundamentada, e não de um texto violento e muito menos violentíssimo – quando, por exemplo, o crítico chama irreverências (ainda para mais com as conotações positivas que esta expressão adquiriu nos dias de hoje) às blasfémias sacrílegas de Saramago só podemos concluir que a sua “moderação” de tão excessiva peca por defeito. Violentíssimos são muitos dos textos do escritor falecido. Enfim, o “pregador” que adora lisonjear as audiências violenta o texto do crítico para ficar de bem com a esquerda ateia e marxista; Em terceiro lugar, pode não se concordar com a análise crítica de C. Toscani, mas então argumente-se e não se invoque a Misericórdia de Deus. É claro que Deus é muito mais Misericordioso do que o director do jornal da Santa Sé, infinitamente mais Misericordioso do que qualquer um de nós e, sobretudo, mais Misericordioso do que José Saramago. Acontece, porém, que também é infinitamente Justo e, sobretudo, infinitamente mais justo que o irmão Marcelo.
Como católicos sempre rezámos pela conversão de Saramago agora que ele partiu continuemos a rezar por sua alma e deixemos que os mortos sepultem os seus mortos (cf. Mateus 8, 21).
Nuno Serras Pereira
01. 07. 2010
http://jesus-logos.blogspot.com/2010/07/o-pregador-dominical.html
Nota de JPR: subscrevo na integra este texto que corresponde exactamente ao que senti, percepcionei e valorei ao ouvir o referido 'pregador', duvido mesmo que este tenha lido o artigo do 'L'Osservatore Romano'. Obrigado!
2 comentários:
Subscrevo inteiramente o texto do Padre Serras Pereira.
Marcelo R.S. foi superficial, "maria vai com as outras", e decididamente não leu a nota do jornal.
Apenas ouviu falar!
Um abraço
O Marcelo confundiu a pessoa com o erro. O que Saramago teria pensado à hora da morte só ele e Deus sabem. Certamente Deus é misericordioso e até ao último instante continua a ajudar a pessoa e perdoa se esta está realmente arrependida. Mas os erros que a pessoa divulgou continuam a ser erros mesmo que a pessoa os tenha reconhecido no final. O Osservatore chamou erros aos erros. Não condenou Saramago. Como pode ter escapado esta diferença a uma pessoa inteligente?
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