São Cipriano (c. 200-258), Bispo de Cartago e mártir
«O pão nosso de cada dia»
«Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia». Estas palavras podem entender-se no sentido espiritual e no sentido literal: no desígnio de Deus, as duas interpretações devem contribuir para a nossa salvação.
O nosso pão de vida é Cristo, e este pão não está acessível a toda a gente, mas a nós sim. Tal como dizemos «Pai Nosso» porque Ele é o Pai dos que têm fé, também chamamos a Cristo o «nosso pão» porque Ele é o pão dos que constituem o seu corpo. Para obter este pão, rezamos todos os dias; não queremos ser, [...] pelo pecado grave, [...] privados do pão do céu, separados do corpo de Cristo, Ele que proclamou: «Eu sou o pão vivo que desceu dos céus; quem come deste pão, viverá para sempre. E o pão que Eu vos darei é a Minha carne para a vida do mundo» (Jo 6, 51). [...] O Senhor advertiu-nos: «Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis a vida em vós» (Jo 6, 53). Pedimos, portanto, para receber todos os dias o nosso pão, ou seja Cristo, para permanecermos e vivermos em Cristo, e não nos afastarmos da Sua graça e do Seu corpo.
Também podemos compreender este pedido da seguinte maneira: renunciámos ao mundo; pela graça da fé, rejeitámos as suas riquezas e as suas seduções; pedimos apenas o alimento. [...] Aquele que se torna discípulo de Cristo e renuncia a tudo segundo a palavra do Mestre (Lc 14, 33) deve pedir o alimento de cada dia e não se preocupar a longo prazo. O Senhor disse: «Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações; basta a cada dia o seu trabalho» (Mt 6, 34). O discípulo pede, portanto, com razão o seu alimento de cada dia, uma vez que está proibido de se preocupar com o dia seguinte.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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