Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 22 de março de 2009

Prioridade da Igreja é prevenção e tratamento grátis, 800 centros contra a SIDA/AIDS no continente africano

Mais de 1200 projectos de instituições católicas de apoio a doentes de sida atingem por ano pelo menos quatro milhões e meio de pessoas. Em África, estão dois terços destes programas - 800, ao todo - ligados a congregações religiosas de padres ou freiras. Nestas instituições a prioridade não é a distribuição do preservativo mas, em muitos casos, aconselha-se o seu uso em várias situações.

Os números são de um inquérito promovido em 2006 pela União dos Superiores Maiores (USG, da sigla italiana), que reúne os responsáveis das congregações católicas.

Esta rede envolve três mil padres e freiras, 16 mil voluntários e 15 mil funcionários. Os resultados foram apresentados em Roma, em Maio de 2008, pela missionária comboniana Maria Martinelli. A própria afirmou, na ocasião, que por vezes o preservativo é necessário.

Os dados não incluem projectos desenvolvidos por organizações não-governamentais católicas. A rede católica de combate à SIDA/AIDS representa 27 por cento das instituições no mundo, segundo dados do Vaticano.

Nestas instituições, dá-se preferência ao tratamento anti-retroviral, prevenção da transmissão mãe-filho, aconselhamento, informação e erradicação do estigma. "O problema da sida é maior que o preservativo", diz ao PÚBLICO outra missionária que trabalha com o projecto da USG.

Ana Maria Francisco, médica e religiosa da congregação Filhas de África, é uma das responsáveis do Instituto Nacional de Luta Contra o SIDA/AIDS para a província do Huambo (Angola). E fundou uma organização para o apoio a doentes de SIDA: Otchi Mumga (solidariedade, em umbundo). "Surgiu da necessidade de ajudar as pessoas."

Na polémica sobre o preservativo que esta semana atravessou a viagem do Papa, a irmã Ana Maria desvaloriza. "A Igreja defende a fidelidade e a abstinência", diz. "O meu testemunho é de alertar para a sexualidade responsável. Em último caso, aconselho o preservativo."

De acordo com o inquérito da USG, só em África há mil hospitais, mais de 5000 dispensários e 800 orfanatos ligados a congregações religiosas - muitos deles incluem o acompanhamento de doentes de sida. No continente, estão 70 por cento dos infectados pelo HIV-SIDA/AIDS.

Ainda referindo o que se passa em África, a maioria das instituições tem projectos na área da educação e informação (96 por cento dos 800 projectos). Seguem-se a erradicação do estigma (72 por cento), os testes e aconselhamento (48), o tratamento anti-retroviral (39) e a prevenção da transmissão mãe-filho (27) - muitas delas trabalham diferentes áreas.

Maria Martinelli notava, na apresentação do relatório, que uma das dificuldades destas instituições é o reduzido número de laboratórios disponíveis - apenas 16 por cento. A par da pobreza, e da falta de medicamentos e financiamento.

Um dos projectos não incluído no inquérito é o Dream, promovido pela Comunidade de Sant'Egídio desde 2002. Com 31 centros em 10 países africanos, o programa já atingiu cerca de um milhão de pessoas. Em declarações ao PÚBLICO, Steffano Scapparucci, um dos coordenadores do projecto, diz que a prioridade é dar às pessoas as mesmas terapias disponíveis no Ocidente, de modo a reduzir o contágio. "Acreditamos que o melhor tipo de tratamento, dado gratuitamente, é necessário também em África."

Foi com essa ideia que o programa criou 18 laboratórios de biologia molecular - três dos quais em Moçambique. O Dream centra-se muito na prevenção da transmissão mãe-filho, mas actua também noutras áreas - como os 3300 profissionais africanos já formados. Sete mil crianças já nasceram sãs em virtude da prevenção - cada uma custou 400 euros, cada paciente custa anualmente 600 euros.

Também Scapparucci diz que o preservativo não é problema. "Em África, a mulher é muito débil. Com a poligamia, é muito difícil impor o uso do preservativo. Há um problema cultural, em primeiro lugar. O que temos que mostrar é que, com a terapia, é possível ter uma vida com futuro."

Resultado? Centenas de mulheres que beneficiaram do projecto tornaram-se "activistas", dando a cara, formando e sensibilizando outras.


António Marujo


(Fonte: Público online em http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1370359 )

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