Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 31 de março de 2020

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

13º Dia. Terça-feira da V Semana da Quaresma, 31 de Março de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Jo 8, 21-30)

Eu vou partir

“Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: ‘Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou.’” Estas palavras, algo enigmáticas de Nosso Senhor, intrigaram os judeus, que chegaram a temer que fosse pôr termo à sua existência humana. Não era esse, como é óbvio, o sentido dessa sua declaração, que apenas tendia a preparar aqueles homens para a iminência da sua paixão e morte que, ao contrário do que eles poderiam supor, não era nenhum fracasso, mas a consumação da sua missão redentora.

Costuma-se dizer que o futuro a Deus pertence e, de facto, nenhum de nós, nem ninguém, sabe o que está ainda para acontecer. Mas há uma coisa certa: também nós estamos de partida. Um dia, seremos nós a embarcar para a nossa última viagem, em direcção à casa do Pai.

O pensamento da morte sempre atemorizou os pecadores e alegrou os santos. Teresa de Jesus, santa reformadora do Carmelo, dizia até que morria, porque não morria. Mas não era a morte que ela desejava, mas sim, por paradoxal que pareça, a sua antítese, ou seja, a verdadeira Vida. A morte, em si mesma, mais não é do que passagem, ou páscoa para a eternidade. Para um cristão é mais ainda: é, em Cristo e na comunhão do Espírito Santo, passaporte para a casa do Pai. Se fosse possível, dir-se-ia que a eternidade nos vai parecer curta, ante a imensidade do amor de Deus.

“Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’”. Esta expressão, ‘Eu sou’, é o nome próprio de Deus, revelado a Moisés: Jesus diz-nos, portanto, que a maior prova da sua divindade é a sua morte na Cruz. Porque a Cruz, para além de uma tremenda injustiça e um inimaginável suplício é, sobretudo, uma insígnia gloriosa, na medida em que nos manifesta que o amor de Jesus por nós é infinito, ou seja, divino. Por isso, é o símbolo do cristão: não como insígnia do sofrimento, mas do amor que fez possível esse sofrimento e da felicidade eterna de que é, afinal, penhor.

Antes de partir para o Pai, o Senhor morreu na Cruz. Que a nossa vida e a nossa morte sejam também preparação para essa Páscoa eterna, onde o Senhor Jesus e sua Mãe, Maria Santíssima, que nos precederam, já nos esperam.
Intenções para os mistérios dolorosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A oração de Jesus no horto. As crianças já concebidas mas ainda não nascidas, estão como que num horto, aguardando o momento do seu nascimento. Rezemos por todas elas, em especial por todas as que hoje nascerem.

2º - A flagelação de Jesus. As mães dão à luz com dor, mas depois esquecem-se desse seu sofrimento, pela alegria do dom desse seu filho. Peçamos ao Senhor que abençoe com o dom da maternidade as esposas cristãs.

3º - A coroação de espinhos. A juventude é um tempo de desafios e provações, por vezes espinhosas para os próprios e para os seus pais e familiares. Que Nossa Senhora alcance para todos os jovens um crescimento que seja, como o de Jesus, em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.

4º - Jesus com a cruz às costas. A vida adulta é, para muitos, um tempo de trabalhos penosos. Que Maria e José abençoem todos os cristãos desempregados, ou em difícil situação laboral.

5º - Jesus morre na Cruz. A última etapa da vida humana costuma ser de algum sofrimento e incompreensão. Peçamos a Deus pelos mais velhos e, em especial, por todos aqueles que, neste dia, serão chamados à Sua presença.

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

O Senhor procura o meu pobre coração

Quantos anos a comungar diariamente! – Outro seria santo – disseste-me – e eu, sempre na mesma! – Filho – respondi-te – continua com a Comunhão diária, e pensa: que seria de mim, se não tivesse comungado? (Caminho, 534)

Recordai – saboreando, na intimidade da alma, a infinita bondade divina – que, pelas palavras da Consagração, Cristo vai tornar-se realmente presente na Hóstia, com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Adorai-O com reverência e devoção; renovai na sua presença o oferecimento sincero do vosso amor; dizei-lhe sem medo que Lhe quereis; agradecei-lhe esta prova diária de misericórdia tão cheia de ternura, e fomentai o desejo de vos aproximardes da comunhão com confiança. Eu surpreendo-me perante este mistério de Amor: o Senhor procura como trono o meu pobre coração, para não me abandonar, se eu não me afastar d'Ele.

Reconfortados pela presença de Cristo, alimentados pelo seu Corpo, seremos fiéis durante esta vida terrena, e mais tarde no Céu, junto de Jesus e de Sua Mãe, chamar-nos-emos vencedores. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Demos graças a Deus que nos trouxe a vitória, pela virtude de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Cristo que passa, 161)

São Josemaría Escrivá

Estar no mundo mas não ser do mundo...

Hoje é Domingo, dia do Senhor. O Mundo continua a rodar e a criar-se sem nós darmos por isso! Porque a obra de Deus é silenciosa, tranquila e bela. Todo o ruído, o stress e a pressa é obra nossa!

Domingo, é o primeiro dia da semana e não o último, como é hoje apresentado nos calendários. O dia que nos põe a olhar para o Futuro, preparar a semana, que nos espera, no trabalho, em casa com a família, nas decisões que vão forjando o nosso caminho.

Como cristãos precisamos de ir permanentemente à essência, que é Cristo, senão corremos o risco de nos afogarmos na obra dos homens, quando não recorremos á Sabedoria.

Vou contar o que me aconteceu na semana que passou:

Fui à “Futurália”, a maior feira de escolha de profissões de Lisboa ( e de Portugal certamente), com 2 gigantes pavilhões cheios de oferta para os jovens do 9º e 12º escolherem o seu futuro. Esta descrição poderia levar-nos a dizer: “ora aqui está um excelente evento!”. Pois enganam-se... aquilo é uma espécie de descida ao inferno!

Mal atravessei a porta, senti-me levada por um Tusnami, de ruído, de pessoas. Tocam ao mesmo tempo nos vários stands, dezenas de sons, que não são música, são uns metais, tambores, e guitarras electricas, ” 0” de harmonia. Cada um quer impor o sua "musica". Tudo a uma altura de 180db, ou seja 120db acima do permitido por lei!!! Milhares e milhares de rapazes e raparigas, que vão ali não para escolher o seu futuro, mas para participar em mais um festival! Ninguém se consegue ouvir e ninguém tem cabeça para escolher seja o que for.

Os stands dos cursos, salvo raras excepções, estão cheios, de poluição visual. Vi coisas incríveis como um stand onde se faziam massagens, as raparigas despiam as t-shirts ali mesmo, o massagista tirava-lhes o sotien e massajava-as. Um outro stand que propunha como profissão, Grafittis! Mas não eram aqueles que até são bem pintados e representam algo, não! Eram aqueles das assinaturas que ninguém percebe.

Tudo aos gritos, tudo acelerado.

Estive ali umas 3 horas, por motivos profissionais, e quando saí, tinha a cabeça como se tivesse de ressaca de uma noite sem dormir, e intoxicada. Só me ocorreu ir a correr para uma Igreja, onde estive outras 2 horas, em silêncio e depois assistir à missa! Acabei tranquila e cheia de Paz, Rezei por todos estes jovens que são vitimas nossas, da nossa geração que permite estas Feiras e outras no género! Rezei pelos pais e encarregados de educação que deixam a educação nas mãos de governantes que certamente não vão verificar o que assinam...Rezei para que Nosso Senhor tenha compaixão desta geração e que conte connosco para realizarmos a Sua vontade. E acabei a rezar e a pensar como é que se consegue viver apenas nesta loucura do mundo criado pelos homens sem Deus! Porque sem Deus a vida torna-se alucinantemente perigosa e destrutiva. Temos mesmo que anunciar Cristo! E acordar as Famílias para ajudarem os seus filhos a olhar para o Futuro com vontade de o agarrar.

Sofia Guedes na sua página no Facebook

O sacerdócio...

«Cristo é a fonte de todo o sacerdócio: pois o sacerdócio da [antiga] lei era figura d’Ele, ao passo que sacerdote da nova lei age na pessoa d’Ele».

«… e por isso Cristo é verdadeiro sacerdote, sendo os outros seus ministros».

(São Tomás de Aquino)

«Na realidade, tudo o que é constitutivo do nosso ministério não pode ser produto das nossas capacidades pessoais. Isto é válido para a celebração dos Sacramentos, mas vale igualmente para o serviço da Palavra: não somos enviados para nos anunciarmos a nós mesmos nem às nossas opiniões pessoais, mas para anunciar o mistério de Cristo e, n’Ele, a medida do verdadeiro humanismo».

(Bento XVI - Discurso ao clero de Roma em 13/V/2005)

«Ser cristão - e particularmente ser sacerdote; recordando também que todos os baptizados participam do sacerdócio real - é estar continuamente na Cruz».

(São Josemaría Escrivá - Forja 882)

segunda-feira, 30 de março de 2020

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

12º Dia. Segunda-feira da V Semana da Quaresma, 30 de Março de 2020.
Meditação da Palavra de Deus (Jo 8, 1-11)

Nem eu te condeno

O episódio da “mulher surpreendida em adultério” e levada diante de Jesus é uma das páginas mais belas e exigentes do Evangelho. Enche-nos de esperança a certeza de que a nós, tão ou mais pecadores do que aquela infeliz mulher, nos aguarda sempre a mesma ternura e misericórdia do Senhor. Mas também assusta reconhecer como é difícil compreender, amar e perdoar como Jesus.

Chama a atenção que se diga que aquela “mulher foi surpreendida em flagrante adultério” e, no entanto, esteja só, porque o adultério é um pecado que exige duas pessoas: ninguém o pode cometer sozinho. Se aquela mulher foi apanhada em flagrante, necessariamente estava com o seu cúmplice que, contudo, não foi levado à presença de Jesus e, ao que parece, ficou impune.

Quantas vezes, a justiça humana é forte com os fracos e fraca com os fortes! Por isso, é necessária uma justiça divina, que a todos julgará no juízo final.

Enquanto acusavam a mulher, “Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão.” É esta a única passagem do Evangelho em que se refere um texto escrito por Jesus, cujo teor se ignora. Mas, toda a Sagrada Escritura, na medida em que é palavra de Deus, o é também de Jesus.

Jesus pediu que, quem dos acusadores estivesse sem pecado, fosse o primeiro a apedrejar aquela mulher. Todos, a começar pelos mais velhos, foram saindo. A consciência dos nossos pecados é uma exigência de compreensão e perdão em relação ao nosso próximo porque, na mesma medida em que julgarmos os nossos irmãos, seremos também nós julgados por Deus. Nesse dia, quantas graças daremos a Deus pelas ofensas que soubemos perdoar, as dívidas que não reclamámos, os insultos a que não respondemos, as injúrias e ingratidões que esquecemos!

Sozinha diante de Jesus, que não era testemunha do seu pecado, a mulher poder-se-ia ter desculpado, tendo em conta que os que a tinham surpreendido em flagrante se tinham afastado. Mas o seu silêncio confirma a sua falta e é graças a esta sua humilde confissão – quem cala consente – que Jesus, sem negar a gravidade da sua falta, a absolve. Deus também nos perdoa quando, em vez de nos desculparmos, nos acusamos e Lhe pedimos perdão, sobretudo através do Sacramento da Reconciliação e Penitência.

Intenções para os mistérios gozosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A anunciação do Anjo a Nossa Senhora. Jesus Cristo não veio ao mundo para condenar o mundo, mas para o salvar. Sejamos também mensageiros da sua esperança em relação a todos os que, pelo seu pecado, se afastaram de Deus.

2º - A visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel. Aos seus apóstolos, Jesus deu a missão de irem a todas as partes, anunciar a Boa Nova, como Maria foi a casa de sua prima Santa Isabel. Rezemos para que todos os cristãos anunciem o Evangelho, com o seu exemplo e palavra.

3º - O nascimento de Jesus em Belém. A vida cristã não é uma ascensão ininterrupta, mas um processo de contínuas conversões. Senhora, que eu saiba começar e recomeçar sempre!

4º - A apresentação de Jesus no templo e a purificação de Nossa Senhora. A Ana e a Simeão, já de idade, não lhes faltou a alegria de conhecer o tão esperado Filho de Deus. Rezemos pelos mais velhos, para que nunca lhes falte Jesus, nem o apoio familiar.

5º - O Menino Jesus perdido e achado no templo. Sempre que perdemos Jesus, é por nossa culpa, porque Ele nunca nos deixa. Perseveremos na sua procura, através da oração e expiação.

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Cáritas Junto Dos Mais Desprotegidos

Neste tempo de pandemia, a primeira urgência é a de mantermos em funcionamento as instituições que entre nós têm assegurado que não haja fome na área geográfica do nosso Patriarcado.

Assim, para a aquisição de bens alimentares, a Cáritas Diocesana de Lisboa entrega de imediato:

• À Comunidade Vida e Paz, instituição da Igreja, ao serviço das 450 pessoas em situação de sem-abrigo de Lisboa, um reforço de 40 mil euros, para cobrir as necessidades de um mês de serviço, numa parceria com o grupo Jerónimo Martins;

• Ao Banco Alimentar contra a Fome, que recebe alimentos doados para os distribuir em Lisboa por 380 instituições, acudindo a cerca de 80 mil pessoas, um reforço de 40 mil euros;

• Ao ReFood, movimento que elimina desperdícios alimentares, distribuindo os excedentes em 46 mil refeições por mês, em todo o país, um reforço de 25 mil euros, para que possa continuar a assegurar apoio alimentar enquanto os restaurantes estão fechados;

• A cinco Paróquias do Patriarcado, que habitualmente fornecem refeições a um total de 1382 pessoas diariamente, um reforço de 41 460 euros.

Sabemos que isto é só um princípio.

Sabemos que as instituições, agora apoiadas, estão a fazer um trabalho absolutamente notável, excedendo-se, para não abandonarem quem mais precisa, numa hora de particular aperto. Estamos solidários com todos os colaboradores e voluntários, que se desmultiplicam na sua missão de fazer o bem, bem feito.

Coragem! É Jesus a quem deitam a mão, é Jesus que convosco vai acudir aos mais vulneráveis. Deus vos guarde em saúde.

A Cáritas Diocesana de Lisboa está particularmente atenta ao desenrolar da situação nos contornos de incerteza que conhecemos. Fá-lo, casando donativos com necessidades, procurando parcerias que potenciem o esforço de todos para que ninguém fique desamparado. Mas fá-lo sobretudo com enorme esperança, pois vivemos da certeza que em todas as circunstâncias, até nas mais difíceis, se manifestam surpreendentemente o amor e a misericórdia de Deus. E fá-lo também com imensa gratidão por todos aqueles que generosamente já estão a contribuir com donativos, quer em espécie, quer financeiros, para que a Cáritas possa estender a sua ajuda capilarmente, não só hoje como nos próximos meses.

Ainda que fiquemos em casa, todos podemos ser úteis. Estamos em isolamento, mas não fechados num egoísmo autorreferencial.

Contamos com a sua oração. Ela dispõe o coração para a escuta dos sinais de Deus - sempre, e em particular durante esta Quaresma tão atípica.

E se puder, faça um donativo, por pequeno que seja, para o NIB da Cáritas Diocesana de Lisboa: NIB 0033.0000.5005.7111.7070.5

O seu donativo de hoje permite-lhe a si chegar a pessoas concretas. Vamos dando notícias. Se quiser falar connosco, ligue para o 925 401 408.

Todos juntos vamos superar este desafio.

A Virgem Maria, nossa Mãe e Padroeira, conduza o nosso olhar. Jesus nosso Salvador dê ousadia à nossa ação.

A Caridade Vence Sempre.

Tantos anos a lutar...

Surgiram nuvens negras de falta de vontade, de perda de entusiasmo. Caíram aguaceiros de tristeza, com a clara sensação de te encontrares atado. E, como remate, vieram os desânimos, que nascem de uma realidade mais ou menos objectiva: tantos anos a lutar... e ainda estás tão atrasado, tão longe! Tudo isso é necessário, e Deus conta com isso. Para conseguirmos o "gaudium cum pace" – a paz e a alegria verdadeiras – havemos de acrescentar à certeza da nossa filiação divina, que nos enche de optimismo, o reconhecimento da nossa própria fraqueza pessoal. (Sulco, 78)

Mesmo nos momentos em que percebemos mais profundamente a nossa limitação, podemos e devemos olhar para Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, sabendo-nos participantes da vida divina. Nunca existe razão suficiente para voltarmos atrás: o Senhor está ao nosso lado. Temos que ser fiéis, leais, encarar as nossas obrigações, encontrando em Jesus o amor e o estímulo para compreender os erros dos outros e superar os nossos próprios erros. Assim, todos esses desalentos – os teus, os meus, os de todos os homens – servem também de suporte ao reino de Cristo.

Reconheçamos as nossas fraquezas, mas confessemos o poder de Deus. O optimismo, a alegria, a convicção firme de que o Senhor quer servir-se de nós têm de informar a vida cristã. Se nos sentirmos parte dessa Igreja Santa, se nos considerarmos sustentados pela rocha firme de Pedro e pela acção do Espírito Santo, decidir-nos-emos a cumprir o pequeno dever de cada instante: semear todos os dias um pouco. E a colheita fará transbordar os celeiros. (Cristo que passa, 160)

São Josemaría Escrivá

domingo, 29 de março de 2020

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

11º Dia. V Domingo da Quaresma, 29 de Março de 2020.

Meditação da Palavra de Deus

Vede como o amava!

O longo episódio da ressurreição de Lázaro foi, por assim dizer, a gota de água que exasperou o Sinédrio: foi depois de um tão portentoso milagre que a autoridade religiosa de Israel se decidiu pela eliminação de Jesus de Nazaré.

A ressurreição de Lázaro foi particularmente surpreendente, porque as outras duas que os Evangelhos narram aconteceram com dois jovens recém-falecidos: a filha de Jairo e o filho da viúva de Naim. Nestes dois casos, talvez se pudesse pensar que não tinham chegado a morrer e que, portanto, a sua ressurreição teria sido apenas uma cura. Mas, em relação a Lázaro, que estava há já quatro dias no sepulcro, uma tal explicação não era possível. Obviamente, um tal milagre só podia ter uma explicação lógica: Jesus Cristo é o Messias, o Filho de Deus vivo.

Nem Lázaro, nem as suas irmãs Marta e Maria, faziam parte daquele ‘núcleo duro’ de homens e mulheres que habitualmente acompanhavam Jesus: os doze apóstolos e as santas mulheres. Mas eram amigos de Jesus e, por isso, não só Marta e Maria mandaram chamar o Mestre quando o seu irmão adoeceu, como o próprio Senhor chorou diante do sepulcro de Lázaro. Os judeus que O acompanharam naquela circunstância, comentaram: Vede como Ele o amava!
Também nós não somos, certamente, pessoas importantes na Igreja, como é o Santo Padre, os Cardeais e Bispos, sucessores dos apóstolos. Também não somos, seguramente, como as santas mulheres, como Maria Madalena, apóstola dos apóstolos. Mas somos, sem dúvida, amigos de Jesus e, por isso, temos o direito de O chamar para junto daqueles que agora estão doentes: Senhor, aqueles que Tu amas, estão doentes!

Mais importante do que nos sabermos e sermos, de facto, amigos de Jesus, é que Ele é nosso amigo, como o foi e é de Lázaro, Marta e Maria. Ele ouve sempre a nossa oração, como ouviu a prece daquelas duas irmãs; vem ao nosso encontro, como foi ter com Lázaro, mesmo pondo em risco a sua própria vida; e chama-nos para o seu amor, mesmo na forçosa imobilidade desta nossa temporária quarentena quaresmal.

Intenções para os mistérios gloriosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A Ressurreição de Nosso Senhor. Ante a surpreendente ausência do Corpo de Cristo, Maria Madalena vai ter com Pedro, a quem reconhece como Vigário de Cristo na terra. Rezemos este mistério pela pessoa intenções do nosso querido Papa Francisco.

2º - A Ascensão de Jesus aos Céus. Para além da Igreja triunfante, dos Anjos e santos no Céu, e da Igreja militante, dos fiéis que ainda peregrinam na terra, há a Igreja purgante, das almas do purgatório. Por intercessão de Maria, peçamos a Deus que lhes conceda a graça de ascenderem, quanto antes, ao Céu, para de lá intercederem por nós.

3º - A vinda do Espírito Santo. Quando, sobre os apóstolos, desceu o Espírito Santo, poisaram sobre eles como que umas línguas de fogo. Nunca Maria maldisse ninguém porque, esposa do Espírito Santo, só sabia bem dizer, ou seja, dizer bem. Imitemo-la!

4º - A Assunção de Nossa Senhora. Jesus não prescindiu da sua Mãe, na hora da sua morte. Peçamos por todos os agonizantes e moribundos, para que Nossa Senhora os ajude, ‘agora e na hora da (sua) morte’.

5º - A coroação de Maria Santíssima. A mais importante das graças é a da conversão final. Rezemos por todos os pecadores, sobretudo os mais necessitados, para que na sua última hora, tenham o arrependimento e esperança do bom ladrão.

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Não te assustes ao veres-te tal como és

Não necessito de milagres; bastam-me os que há na Escritura. – Pelo contrário, faz-me falta o teu cumprimento do dever, a tua correspondência à graça. (Caminho, 362)

Repitamos com a palavra e com as obras: Senhor, confio em Ti, basta-me a tua providência ordinária, a tua ajuda de cada dia. Não temos por que pedir a Deus grandes milagres. Temos de lhe suplicar, pelo contrário, que aumente a nossa fé, que ilumine a nossa inteligência, que fortaleça a nossa vontade. Jesus está sempre junto de nós e permanece fiel.

Desde o começo da minha pregação, preveni-vos contra um falso endeusamento. Não te assustes ao veres-te tal como és: assim, feito de barro. Não te preocupes. Porque, tu e eu somos filhos de Deus, – este é o endeusamento bom – escolhidos desde a eternidade, com uma vocação divina: escolheu-nos o Pai, por Jesus Cristo, antes da criação do mundo, para que sejamos santos diante dele. Nós, que somos especialmente de Deus, seus instrumentos apesar da nossa pobre miséria pessoal, seremos eficazes se não perdermos o conhecimento da nossa fraqueza. As tentações dão-nos a dimensão da nossa própria fraqueza.

Se sentimos desalento ao experimentar – talvez de um modo particularmente vivo – a nossa mesquinhez, é o momento de nos abandonarmos por completo, com docilidade, nas mãos de Deus. Conta-se que, certo dia, um mendigo saiu ao encontro de Alexandre Magno, pedindo uma esmola. Alexandre parou e ordenou que o fizessem senhor de cinco cidades. O pobre, confundido e atordoado, exclamou: eu não pedia tanto! E Alexandre respondeu: tu pediste como quem és; eu dou-te como quem sou. (Cristo que passa, 160) 

São Josemaría Escrivá

CORAÇÕES AO ALTO!

Tive hoje uma longa conversa com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor que me encheu de esperança nestes tempos particularmente sombrios. Sobretudo por ver que, no meio do caos, há quem consiga ter visão e esteja a tirar partido daquilo que Portugal tem de melhor nos campos da Ciência e Tecnologia. Manuel Heitor está a envolver activamente a comunidade científica e tecnológica portuguesa – que tem enormes capacidades, como ontem descrevi – para a mobilização geral nesta guerra.

Vou tentar descrever algumas das frentes nesta batalha muito menos visível, mas talvez não menos importante, do que a frente estritamente médica. São notícias desta frente de batalha que trago hoje.

Manuel Heitor, em estreita colaboração com outros membros do Governo e líderes de instituições científicas, está a proceder à identificação e valorização de um conjunto de iniciativas e projectos de base científica e tecnológica com implementação imediata e eficaz para entrarem em acção nesta guerra. Serão as nossas “armas secretas” para esta guerra. Eis os exemplos mais impressionantes.

1. O teste de diagnóstico por PCR implementado pelo Instituto de Medicina Molecular (IMM) (que ontem descrevi no post “Testes: a solução está em Portugal”) está certificado e validado pelo Instituto Ricardo Jorge e está pronto para entrar em acção. Usa reagentes produzidos em Portugal pela empresa de biotecnologia NZYTech. O teste do IMM permitirá ainda estimar a carga viral, que poderá ser relevante na avaliação do prognóstico clínico.

2. Um dos materiais em falta para a implementação dos testes tem sido a falta de zaragatoas. A Iberomoldes, da Marinha Grande, sob a liderança de Joaquim Meneses, reconverteu a sua linha de montagem no espaço de um dia de forma a produzir zaragatoas. Na próxima segunda-feira deverá dispôr de 40.000 para entrega imediata.

3. O teste do IMM vai ser produzido em grande quantidade e o objectivo é que seja aplicado em unidades próprias por todo o País. A aplicação dos testes aos lares de idosos é muito importante e particularmente critica e urgente. Está a ser implementada em coordenação directa com a Ministra do Trabalho e Segurança Social (MTSS), Ana Mendes Godinho, e com a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) em articulação com a Segurança Social. Exige uma operação muito sensível de logística, para recolher amostras e aplicar as medidas necessárias de isolamento dos idosos contagiados. Estão a ser recolhidos apoios de mecenas e voluntários pelo MTSS.

4. A tradição portuguesa nas Biociências está mais ligada à área da Imunologia, não da Virologia. No entanto, outras unidades de investigação de excelência (IGC, ITQB, CEDOC) estão a reorientar a sua investigação com efeitos imediatos para poder ajudar nesta luta.

5. A Biosurfit, empresa portuguesa de Biotecnologia sediada na Azambuja, em particular dispositivos médicos e testes PCR, reorientou a sua actividade para o desenvolvimento de novo processo de triagem “SMART”, que está já em implementação Hospital de campanha instalado na Cruz Vermelha Portuguesa e arrancará na segunda-feira. Este sistema permite antecipar a detecção dos processos de maior risco ainda antes de o paciente ter marcados problemas respiratórios, facilitando a prevenção da propagação do COVID: um dos grandes problemas deste vírus são os pacientes “invisíveis”, que estão espalhados pela população sem noção de que estão infectados e contagiosos.

6. O CEIIA, centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produtos sediado em Matosinhos e virado para a indústria aeronáutica, onde trabalha mais de uma centena de engenheiros aeroespaciais, foi reconvertido para realizar o desenvolvimento de ventiladores invasivos, em estreita colaboração com a Escola de Medicina da Universidade do Minho e a indústria. A capacidade de produção é de 100 ventiladores até ao final de Abril, 400 até ao final de Maio e, caso seja necessário, 10.000 até ao final do ano. (Da próxima vez que me vierem dizer “mas para que é que Portugal precisa de engenheiros aeroespaciais?”, já sei o que responder). Para o transporte dos materiais necessários está a ser mobilizada a linha logística da SONAE.

7. Embora a indústria têxtil e de vestuário seja forte em Portugal, ela está virada para a moda. Em particular, em regime normal Portugal não produz material para utilização médica (luvas, batas, máscaras, fatos isolantes) tendo de o importar. O CITEVE (Centro de Centro Tecnológico Indústrias Têxtil Vestuário de Portugal) reorientou a sua actividade para o desenvolvimento e produção destes Equipamentos de Protecção Individual, estando em estrita colaboração com a indústria, estando toda a operação a ser conduzida em estreita articulação com o Ministro da Economia

8. Finalmente, é muito bom saber que a FCT está a apoiar a DGS na preparação de uma plataforma de dados de acesso aberto. A DGS não tem neste momento os dados organizados e codificados de uma forma que permita o seu tratamento com as ferramentas da Ciência de Dados, permitindo extrair toda a informação relevante. E sem informação sobre o inimigo dificilmente poderemos ganhar a guerra.

É este o caminho. Temos competências em Portugal, temos inteligência em Portugal, temos Ciência e Tecnologia em Portugal, temos indústria em Portugal. Temos tudo! Falta apenas colocar as rodas em movimento.

Foi muito repetido que este é um estado de guerra; mas ainda não construímos uma economia de guerra. Mobilizemos tudo o que o País tem de melhor, recrutemos cientistas, inventemos tecnologias, reorientemos indústrias. Este é uma guerra que o Estado sozinho não pode ganhar. Temos de mobilizar a sociedade civil e saber aproveitar tudo o que ela tem para dar.

No meio do caos, há algumas razões para esperança. O tempo urge.

Corações ao alto!
Jorge Buescu, 28/3/2020
Nota: o texto pode ser partilhado fazendo copy+paste

Bom Domingo do Senhor!

Tenhamos também nós a doçura de coração do Senhor imitando-o, sempre que for o caso, chorando pelos que nos são caros como Ele fez pelo Seu amigo Lázaro (Jo 11, 1-45). As nossas lágrimas não serão de desespero ou revolta, mas de amor certos do Seu Reino.

Que o Senhor nos dê a Paz e a Vida Eterna!

Entrar no interior para ter vida interior...

Hoje, pensei e rezei muito sobre a vida, exterior e interior.

O homem não é como uma moeda, com duas faces, mas como semelhança de Deus, que em Cristo, no Batismo assume duas naturezas: humana e divina.

A natureza humana sem Deus, fica confinada a um valor limitado, que serve apenas para aquela “quantia” que o mundo a olha: se é bonita, vale muito, se é normal, vale pouco; se é pequenina, dependente, ou muito velha, não vale nada; se é esperta, depende... mas se é inteligente e justa, não se consegue dar valor;

Por outro lado a natureza humana unida à natureza divina, toma uma forma como que 3D; é possível observar por muitos ângulos e perspectivas e encontrar sempre uma beleza única. Um homem que vive a sua vida respirando Deus, torna-se grande, livre, bom e cheio de “saúde”.

Não interessa o que o mundo lhe quer oferecer para ficar com ele, como o ser fotografado (a troco de torturas físicas, como dietas, ginásios em excesso), ou ofuscado pelas luzes da ribalta, ou ainda pago por ser aquilo que não foi obra sua.

É a vida interior que temos que descobrir, que nos completa, nos dá liberdade. Esta é a vida que está em cada um de nós e que só nós vamos descobrir, para a trazer à luz e partilhar com o mundo que anda no escuro.

Se olharmos à nossa volta, parece que andamos sempre de noite! Parece!!! Parece!!! Porque na realidade é na Luz que fomos criados para viver. É na Luz que conseguimos saber para onde vamos, que Alguém nos espera, que Alguém caminha ao nosso lado. É na Luz que os outros nos vão realmente conhecer e amar.

Este é o caminho que devemos percorrer neste últimos dias da Quaresma. São o “sprint” final para chegarmos à Páscoa, com vontade de entrar e reconhecer que afinal essa Luz é Cristo!!! Que já morreu uma vez por todas, para nos dar a Vida e a Vida em abundância. Ver o que verdadeiramente interessa!

Sofia Guedes na sua página no Facebook em 2014

«San Gennaro» (ou S. Januário)

Próculo nasceu na Calábria (Sul de Itália) no ano 272, numa época em que matar cristãos era um desporto habitual do império romano. O primeiro nome deste rapaz atlético (tinha 1,90 m) era Próculo, o apelido é o mês em que nasceu, Janeiro. Ainda muito novo, foi bispo na Itália do Sul. Morreu com 33 anos no dia 19 de Setembro de 305, decapitado, juntamente com bastantes outros cristãos, leigos, padres e diáconos.

Januário era estimadíssimo pelo povo, razão pela qual houve uma hesitação na sua condenação às feras, para evitar sublevações populares. Afinal, as autoridades ganharam coragem e cortaram-lhe a cabeça. Logo depois da decapitação, os cristãos conservaram o sangue, como era hábito. Compreende-se que os documentos cristãos tivessem guardado a memória da senhora cristã corajosa que se encarregou de recolher o sangue do bispo em duas ampolas: chamava-se Eusébia.

Três vezes por ano, o sangue de S. Januário, já com 17 séculos de história, volta a liquefazer-se, como sangue vivo. Desde há muitos anos, o milagre repete-se numa cerimónia soleníssima presidida pelo Cardeal Arcebispo de Nápoles e, no final, durante uma semana, as ampolas ficam à disposição dos fiéis, que as podem ver de perto e beijar.

O sangue liquefaz-se no início de Maio, aniversário da trasladação das relíquias, em Setembro, no aniversário do martírio, e no dia 16 de Dezembro, em memória de um rio de lava a escorrer do vulcão Vesúvio, que estacou à entrada de Nápoles, depois de o povo ter invocado S. Januário, no ano de 1631.

Geralmente, o sangue de S. Januário liquefaz-se nestas ocasiões mas, nalguns anos, isso não acontece, por razões que não se conhecem. Os devotos de S. Januário notam que esses casos têm coincidido com desgraças que acontecem à cidade. Existe na catedral um livro em que estão apontados todos os casos, ao longo dos séculos, em que o sangue não se liquefez, ou em que esse fenómeno ocorreu fora das datas habituais.

Muitos Papas peregrinaram a Nápoles mas nenhum se pronunciou sobre o eventual carácter milagroso da liquefacção do sangue contido nas duas ampolas. Paulo VI disse em 1966: «…tal como este sangue palpita em cada festa, assim a fé do povo de Nápoles possa palpitar, reflorir e afirmar-se». Comprometer-se, nada. Mesmo assim, em Nápoles e em toda a Itália, as pessoas gostam de olhar com devoção para aquelas ampolas e lembrar-se de que Deus cuida de nós, rodeado santos, de multidões de santos que foram fiéis e se interessam por nós.

Vem isto a propósito de algo que aconteceu pela primeira vez na passada festa de S. José, no dia 19 de Março de 2015. Nunca na história o sangue de S. Januário se tinha liquefeito durante a visita de um Papa a Nápoles: nem no século XIX com Pio IX, nem mais recentemente com João Paulo II, ou Bento XVI. Liquefez-se agora, no final das palavras que o Papa Francisco dirigiu aos fiéis e ao clero.

O Papa Francisco, falando sem discurso escrito, insistiu no amor à Igreja, «porque não se pode amar Jesus sem amar a sua Igreja», e na missão de evangelizar, «a Igreja existe para levar Jesus à gente». Falou também do amor a Nossa Senhora: «Jesus e Nossa Senhora são o ponto de partida». Lembrou o perigo da mundanidade, o exagero no conforto e nos gastos, «o espírito do mundo», que Jesus não queria. Falou a seguir do testemunho de vida dos cristãos: «isso é que atrai vocações!». Depois, referiu um aspecto característico do testemunho cristão, a alegria: «se há tristeza, qualquer coisa não funciona, na relação com Deus». Finalmente, alertou para o «terrorismo da murmuração»: «as críticas destroem, as diferenças discutem-se frente a frente».

Quando o fenómeno se começou a notar, a seguir ao discurso do Papa, o Cardeal de Nápoles disse ao microfone, entusiasmado: «é sinal de que S. Januário gosta de Nápoles e do Papa Francisco: metade do sangue liquefez-se!». A multidão aplaudiu longamente e o Papa comentou com o seu humor espontâneo: «Se se liquefez a meias, quer dizer que temos de nos esforçar mais, temos que ser melhores. O Santo só gosta de nós a meias». Um minuto depois, o sangue das ampolas liquefazia-se completamente.

José Maria C.S. André
«Correio dos Açores», «Verdadeiro Olhar», «ABC Portuguese Canadian Newspaper», 30-III-2015

«Eu sou a Ressurreição e a Vida»

Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, doutor da Igreja 
Comentário do Evangelho concordante, 17, 7-10


Quando perguntou: «Onde o pusestes?», as lágrimas vieram aos olhos de Nosso Senhor. As suas lágrimas eram como a chuva, Lázaro como a semente e o sepulcro como a terra. Ele clamou com voz retumbante, a morte tremeu à sua voz, Lázaro germinou como a semente e, tendo saído, adorou o Senhor que o tinha ressuscitado.

Jesus […] devolveu a vida a Lázaro e morreu em seu lugar, pois quando o tirou do sepulcro e tomou lugar à sua mesa, foi Ele próprio amortalhado simbolicamente, com o óleo que Maria derramou sobre a sua cabeça (cf Mt 26,7). A força da morte, que tinha triunfado durante quatro dias, foi esmagada […] para que a morte soubesse que era fácil ao Senhor vencê-la ao terceiro dia […]; a sua promessa é verdadeira: Ele prometera ressuscitar pessoalmente ao terceiro dia (cf Mt 16,21) […]. O Senhor devolveu, portanto, a alegria a Maria e a Marta ao arrasar o inferno para mostrar que Ele próprio não seria retido pela morte para sempre. […] Agora, quando se disser que é impossível ressuscitar da morte ao terceiro dia, bastará que se olhe para aquele que ressuscitou ao quarto dia. […]

«Tirai a pedra». Então aquele que ressuscitou um morto e lhe deu a vida não poderia ter aberto o sepulcro e virado a pedra? Ele, que disse aos seus discípulos: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Muda-te daqui para acolá”, e ele há-de mudar-se» (Mt 17,20), não teria podido deslocar a pedra que fechava a entrada do sepulcro? Claro que Ele também poderia ter tirado a pedra com a sua palavra, Ele, cuja voz, quando suspenso da cruz, fendeu as pedras e os sepulcros (cf. Mt 27,51-52). Mas, como era amigo de Lázaro, disse: «Abri para que vos sintais atingidos pelo cheiro da podridão e desligai-o, vós que o haveis envolto no seu sudário, para que possais reconhecer aquele que amortalhastes.»

sábado, 28 de março de 2020

Frequenta o convívio do Espírito Santo

Frequenta o convívio do Espírito Santo – o Grande Desconhecido – que é Quem te há-de santificar. Não esqueças de que és templo de Deus. – O Paráclito está no centro da tua alma: ouve-O e segue docilmente as Suas inspirações. (Caminho, 57)

A força e o poder de Deus iluminam a face da Terra. O Espírito Santo continua a assistir à Igreja de Cristo, para que ela seja – sempre e em tudo – sinal erguido diante das nações, anunciando à Humanidade a benevolência e o amor de Deus. Por maiores que sejam as nossas limitações, nós, homens, podemos olhar com confiança para os Céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus ama-nos e liberta-nos dos nossos pecados. A presença e a acção do Espírito Santo na Igreja são o penhor e a antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e dessa paz que Deus nos prepara. (...).

Mas esta nossa fé no Espírito Santo deve ser plena e completa. Não é uma crença vaga na sua presença no mundo; é uma aceitação agradecida dos sinais e realidades a que quis vincular a sua força de um modo especial. Quando vier o Espírito de Verdade – anunciou Jesus – Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. O Espírito Santo é o Espírito enviado por Cristo, para operar em nós a santificação que Ele nos mereceu para nós na Terra.

É por isso que não pode haver fé no Espírito Santo, se não houver fé em Cristo, na doutrina de Cristo, nos sacramentos de Cristo, na Igreja de Cristo. Não é coerente com a fé cristã, não crê verdadeiramente no Espírito Santo, quem não ama a Igreja, quem não tem confiança nela, quem se compraz apenas em mostrar as deficiências e limitações dos que a representam, quem a julga por fora e é incapaz de se sentir seu filho. (Cristo que passa, 128 – 130)

São Josemaría Escrivá

O Evangelho de Domingo dia 29 de março de 2020

Estava doente um homem, chamado Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de Marta, sua irmã. Maria era aquela que ungiu o Senhor com perfume e Lhe enxugou os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava doente. Mandaram, pois, suas irmãs dizer a Jesus: «Senhor, aquele que amas está doente». Ouvindo isto, Jesus disse: «Esta doença não é de morte, mas é para glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por ela». Ora Jesus amava Marta, sua irmã Maria e Lázaro. Tendo, pois, ouvido que Lázaro estava doente, ficou ainda dois dias no lugar onde Se encontrava. Depois disto, disse aos Seus discípulos: «Voltemos para a Judeia». Os discípulos disseram-Lhe: «Mestre, ainda há pouco os judeus Te quiseram apedrejar, e Tu vais novamente para lá?». Jesus respondeu: «Não são doze as horas do dia? Aquele que caminhar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;1porém, o que andar de noite tropeça, porque lhe falta a luz». Assim falou, e depois disse-lhes: «Nosso amigo Lázaro dorme; mas vou despertá-lo». Os Seus discípulos disseram-Lhe: «Senhor, se ele dorme, também se há-de levantar». Mas Jesus falava da sua morte; e eles julgavam que falava do repouso do sono. Jesus disse-lhes então claramente: «Lázaro morreu, e Eu, por vossa causa, estou contente por não ter estado lá, para que acrediteis; mas vamos ter com ele». Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: «Vamos nós também, para morrer com Ele». Chegou Jesus, e encontrou-o já há quatro dias no sepulcro. Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. Muitos judeus tinham ido ter com Marta e Maria, para as consolarem pela morte de seu irmão. Marta, pois, logo que ouviu que vinha Jesus, saiu-Lhe ao encontro; e Maria ficou sentada em casa. Marta disse então a Jesus: «Senhor, se estivesses cá, meu irmão não teria morrido. Mas também sei agora que tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá».2Jesus disse-lhe: «Teu irmão há de ressuscitar». Marta disse-Lhe: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Jesus disse-lhe: «Eu sou a ressurreição e a vida; aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em Mim, não morrerá eternamente. Crês isto?». Ela respondeu: «Sim, Senhor, eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que vieste a este mundo». Dito isto, retirou-se, e foi chamar em segredo sua irmã Maria, dizendo: «O Mestre está cá e chama-te». Ela, logo que ouviu isto, levantou-se rapidamente, e foi ter com Ele. Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta saíra ao Seu encontro. Então os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, vendo que Maria se tinha levantado tão depressa e tinha saído, seguiram-na, julgando que ia chorar ao sepulcro. Maria, porém, tendo chegado onde Jesus estava, logo que O viu, lançou-se aos Seus pés e disse-Lhe: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido». Jesus, vendo-a chorar, a ela e aos judeus que tinham ido com ela, comoveu-Se profundamente e emocionou-Se; depois perguntou: «Onde o pusestes?». Eles responderam: «Senhor, vem ver». Jesus chorou. Os judeus, por isso, disseram: «Vede como Ele o amava». Porém, alguns deles disseram: «Este, que abriu os olhos ao que era cego de nascença, não podia fazer que este não morresse?». Jesus, pois, novamente emocionado no Seu interior, foi ao sepulcro. Era este uma gruta com uma pedra colocada à entrada. Jesus disse: «Tirai a pedra». Marta, irmã do defunto, disse-Lhe: «Senhor, ele já cheira mal, porque está aí há quatro dias». Jesus disse-lhe: «Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?». Tiraram, pois, a pedra. Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. Eu bem sabia que Me ouves sempre, mas falei assim por causa do povo que está em volta de Mim, para que acreditem que Tu Me enviaste». Tendo dito estas palavras, bradou em voz forte: «Lázaro, sai para fora!». E saiu o que estivera morto, ligado de pés e mãos, com as ataduras, e o seu rosto envolto num sudário. Jesus disse-lhes: «Desligai-o e deixai-o ir». Então, muitos dos judeus que tinham ido visitar Maria e Marta, vendo o que Jesus fizera, acreditaram n'Ele.

Jo 11, 1-45

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

10º Dia. Sábado, 28 de Março de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Jo 7, 40-53)

É o Messias!

“Naquele tempo, alguns que tinham ouvido as palavras de Jesus diziam no meio da multidão: ‘Ele é realmente o Profeta’. Outros afirmavam: ‘É o Messias’.”

Na iminência da paixão e morte de Nosso Senhor, agudiza-se a tensão a propósito da sua verdadeira identidade: enquanto uns pensam que é apenas mais um profeta – este foi também o parecer da multidão sondada em Cesareia de Filipe (cf. Mt 16, 13-14) – outros, mais perspicazes, reconhecem que Jesus é verdadeiramente o tão esperado Messias.

A confissão de Pedro foi ainda mais audaz, porque revelação do Pai e, por isso, ele pode testemunhar que Jesus “é o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16, 16). Foi porque o disse, que Jesus de Nazaré foi condenado à morte, por blasfémia, pelo Sinédrio, quando blasfema teria sido a negação desta verdade de fé. Ser cristão é reconhecer, não apenas intelectualmente, nem afectivamente, que Cristo é o Messias.

Ter fé não é apenas concordar com os ensinamentos de Nosso Senhor, nem amar muito Jesus de Nazaré, mas fazer d’Ele o Caminho, a Verdade e a Vida. Por isso, Ele não pediu aos seus primeiros discípulos que assinassem um programa ideológico, nem que sentimentalmente se unissem a Ele, mas que O seguissem, ou seja, fizessem da vida d’Ele a sua própria vida.

Os guardas que o deviam ter detido, não conseguiram fazê-lo, porque “Nunca ninguém falou como esse homem”. Mas “os fariseus replicaram: ‘Também vos deixastes seduzir?’”.

Razão tinham aqueles soldados, pois dois mil anos depois, ninguém consegue ficar indiferente às palavras de Jesus. Queira Deus que cada um de nós, pela diária leitura e meditação da Palavra de Deus, se deixe por elas seduzir, para depois as testemunhar, com obras e palavras.

Intenções para os mistérios gozosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A anunciação do Anjo a Nossa Senhora. Maria acolheu a mensagem do Anjo, disponibilizando-se de imediato para a missão que lhe foi confiada por Deus. Peçamos a Nossa Senhora que faça suas as petições do Papa Francisco e dos nossos Bispos, e por elas interceda junto de Deus.

2º - A visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel. Que comovedora a oração e a bênção do Papa Francisco, urbi et orbi, para a cidade e para o mundo! Procuremos meditar as palavras do Santo Padre, para melhor as assimilar e transmitir.

3º - O nascimento de Jesus em Belém. A praça de São Pedro deserta e a homónima basílica estranhamente vazia pareciam reproduzir a solidão de Cristo, em Belém e na Cruz. Rezemos para que esta Páscoa seja ocasião para o nascimento de uma nova esperança para toda a humanidade.

4º - A apresentação de Jesus no templo e a purificação de Nossa Senhora. Mais tarde, Jesus voltará ao templo, para dele expulsar os vendilhões. Que este tempo penitencial seja também propício à irradicação da hipocrisia nos nossos corações.

5º - O Menino Jesus perdido e achado no templo. Quantos cristãos, confusos, perplexos, desorientados. Que Maria, Sede da Sabedoria, dê ciência e zelo a todos os pastores da Igreja, para que orientem, na verdade e caridade, as ovelhas que lhes foram confiadas.

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada