Na tarde de sábado, 23, o Papa Francisco encontrou-se com os catecúmenos, num encontro/celebração que se inseriu no âmbito do encerramento do Ano da Fé. O encontro teve como tema “Prontos a atravessar a Porta da fé”.
No início da tarde, os catecúmenos se reuniram e foram lidos testemunhos em várias línguas. O Papa pronunciou o rito de admissão ao catecumenato, celebrou uma Liturgia da Palavra e recebeu na porta da Basílica os 35 candidatos ao catecumenato. Estavam presentes cerca de 500 catequistas provenientes de 47 países. A todos, os Papa pronunciou uma catequese. Abaixo, uma tradução livre do texto distribuído pela Secretaria de Estado.
“Queridos catecúmenos.
Este momento conclusivo do “Ano da Fé” conta com a vossa presença, aqui reunidos com os vossos catequistas e familiares, que representam também tantos outros homens e mulheres que, em diversas partes do mundo, estão fazendo este mesmo percurso de fé. Vocês vieram de vários países, de tradições culturais e de experiências diferentes. Entretanto, nesta tarde, sentimos ter tantas coisas em comum, sobretudo uma: o desejo de Deus.
Este desejo é evocado pelas palavras do Salmista: “Como o cervo anseia pelos cursos de água, assim a minha alma anseia por vós, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando verei a face de Deus?” (Sal 42,2-3). Como é importante manter vivo este desejo, este anseio de encontrar o Senhor e fazer experiência Dele, do Seu amor, da Sua misericórdia! Se faltar esta sede do Deus vivo, a fé arrisca se tornar costumeira, arrisca se apagar, como o fogo que não é fomentado.
A narração do Evangelho (cf. Jo 1,35-42) apresenta-nos João Batista que indica Jesus aos seus discípulos como o Cordeiro de Deus. Dois deles seguem o Mestre e depois, por sua vez, se tornam “mediadores”, que permitem aos outros encontrarem o Senhor, conhecê-lo e segui-lo.
Há três momentos nesta narração que se referem à experiência do catecumenato: em primeiro lugar, a escuta. Os dois discípulos ouviram o testemunho de Batista. Vocês também, queridos catecúmenos, escutaram aqueles que lhes falaram sobre Jesus e lhes propuseram segui-Lo, tornando-se, assim, seus discípulos por meio do Batismo. No tumulto de tantas vozes que ressoam em torno de nós e dentro de nós, vocês ouviram e aceitaram a voz que lhes indicava Jesus como o único que pode dar pleno sentido às suas vidas.
O segundo momento é o encontro. Os dois discípulos encontram o Mestre e permanecem com Ele. Depois de encontrá-Lo, sentem logo uma coisa nova em seus corações: a exigência de transmitir a sua alegria também aos outros, para que todos O possam encontrar. De facto, André encontra o seu irmão Simão e o conduz a Jesus. Quão bem faz contemplar esta cena!
Recorda-nos que Deus não nos criou para ficarmos sós, fechados em nós mesmos, para poder encontrá-Lo e para nos abrir ao encontro com os outros. Deus vem primeiramente junto a cada um de nós; e isto é maravilhoso! Na Bíblia, aparece sempre como aquele que toma a iniciativa do encontro com o homem: é Ele que procura o homem, e normalmente o procura justamente enquanto o homem vive a amarga e trágica experiência de trair Deus e fugir Dele. Deus não espera para ir procurá-lo: vai imediatamente. É um descobridor paciente o nosso Pai! Ele nos precede e nos espera sempre. Não se afasta de nós, mas tem a paciência para aguardar o momento favorável ao encontro com cada um de nós. E quando o encontro acontece, nunca é apressado, porque Deus quer ficar muito tempo connosco para nos apoiar, consolar, para doar-nos a sua alegria. Como nós rumamos a Ele e o desejamos, Ele também tem desejo de estar connosco porque pertencemos a Ele, somos uma sua “coisa”, somos suas criaturas. Ele também, podemos dizer, tem sede de nós, de nos encontrar.
O último trecho da narração é o caminhar. Os dois discípulos caminham rumo a Jesus e depois percorrem um pouco da estrada junto com Ele. É um ensinamento importante para todos nós. A fé é um caminho com Jesus... e dura toda a vida. No fim, estará lá. Certo, em alguns momentos deste caminho, nós nos sentimos cansados e confusos. A fé, porém, nos dá a certeza da presença constante de Jesus em toda situação, até mesmo na mais dolorosa ou difícil de entender. Somos chamados a caminhar para entrar sempre mais no profundo do mistério do amor de Deus, que é maior que nós, e nos permite viver com serenidade e esperança.
Queridos catecúmenos, hoje iniciais o caminho do catecumenato. Espero que o percorram com alegria, certos do apoio de toda a Igreja, que deposita em vós tanta confiança. Maria, a discípula perfeita, os acompanha: é bonito sentir que ela é a nossa Mãe na fé! Convido vocês a manterem o entusiasmo dos momentos que os fizeram abrir os olhos à luz da fé; a recordar, assim como o discípulo amado, o dia e a hora em que pela primeira vez vocês sentiram Jesus, Seu olhar sobre vocês. E assim, terão sempre certeza do amor fiel do Senhor. Ele nunca os trairá!
(Fonte: 'news.va' com adaptação)
Vídeo da ocasião em italiano
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