1. Ó dulcíssimo Senhor Jesus, quão grande é a doçura de uma alma devota que toma parte no vosso banquete, no qual outro manjar não há que se lhe ofereça, senão vós mesmo, seu único amado, suprema aspiração de todos os desejos de seu coração! Também a mim seria doce derramar em vossa presença lágrimas do mais terno amor e com a piedosa Madalena banhar os vossos pés com meu pranto; mas onde está essa devoção, onde essa copiosa efusão de santas lágrimas? Por certo, na vossa presença e na dos santos anjos, meu coração devia inteiramente ficar abrasado e chorar de alegria, pois vos tenho verdadeiramente presente no Sacramento, embora oculto sob estranhas espécies.
2. Contemplar-vos na vossa própria e divina claridade - não poderiam suportar meus olhos; nem o mundo todo poderia subsistir perante o fulgor de vossa majestade. Por isso viestes em socorro à minha fraqueza, em vos ocultando debaixo do Sacramento. Possuo realmente e adoro aquele a quem os anjos do céu adoram; mas eu, por enquanto, só pela fé, eles, porém, com clara visão e sem véu. Eu me devo contentar com a luz da verdadeira fé e nela caminhar, até que amanheça o dia da claridade eterna e desapareçam as sombras das figuras. "Mas, quando vier o que é perfeito" (1Cor 13,10), cessará o uso dos sacramentos; porque os bem-aventurados na glória celeste não necessitam do remédio sacramental. Gozam sem fim da presença de Deus, contemplando a sua glória face a face, e, transformados de claridade em claridade no abismo da divindade, fruem a visão do Verbo de Deus encarnado, como foi no princípio e permanecerá para sempre.
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