Quando a Pepa decidiu publicar na blogosfera algumas impressões sobre 2012 e os seus desejos para o novo ano, meio mundo sentiu-se indignado.
Não conheço a protagonista das controversas declarações e que é certamente uma óptima pessoa. Mas esta sua prestação foi deveras caricata. Que alguém confidencie publicamente umas quantas banalidades é, com efeito, censurável. A sua própria inconsciência em relação às previsíveis consequências desta sua futilidade é também significativa. Como digna de reparo, a sua aparente insensibilidade social, expressiva da vacuidade ética que abunda entre muita gente miúda e graúda.
De todos os modos, sem querer justificar o injustificável, nem assumir a defesa oficiosa da infeliz jovem, cuja reputação não está em causa, importa sublinhar que o seu discurso, não obstante a sua ligeireza, é muito mais potável do que o palavreado de muito boa gente, mais ou menos intelectual, que por aí pontifica impunemente. Se a Pepa, em vez de bloguista fosse bloquista, e tivesse feito uma declaração politicamente correcta advogando, por hipótese, a igualdade de género, a liberalização das drogas, o aborto livre ou a eutanásia, é certo e sabido que as suas palavras teriam suscitado, na opinião pública e nos meios de comunicação social uma reacção menos negativa. Ora tais propostas, como muitas outras que por aí circulam livremente, são bastante piores e sobretudo muito mais nocivas em termos sociais do que as suas tolas mas inocentes declarações sobre o ano transacto e as suas pueris mas inofensivas expectativas para este novo ano.
Seguramente a Pepa não é nenhum Einstein, nem uma nova Teresa de Calcutá. Mas também não é porta-voz de nenhuma aberração social, ao contrário de muitas mentes brilhantes que, não obstante a monstruosidade objectiva das suas teses, beneficiam da complacência pública e da benevolência dos comentadores.
Bem vistas as coisas, antes a Pepa!
Gonçalo Portocarrero de Almada
(Fonte: ‘i’ online AQUI)
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