Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 7 de julho de 2013

Como uma ponte (Editorial)

Se a imagem da ponte é a que talvez representa melhor a encíclica Lumen Fidei como texto extraordinário de ligação entre os pontificados de Bento XVI e do seu sucessor Francisco, vai neste mesmo sentido muito eloquente o seu primeiro encontro público no Vaticano. Não é ocasional que o acontecimento, de igual modo fora do comum, tenha precedido de poucas horas a apresentação do documento e depois o anúncio da histórica canonização de dois Papas, cristãos autênticos e exemplares: João XXIII e João Paulo II. Mas sobretudo deve ser frisado um facto: o encontro realizou-se com uma naturalidade que expressa a fraternidade real que se instaurou visivelmente entre o bispo de Roma e o seu predecessor.

Foi este o contexto imediato e profundo que se deve ter em consideração para ler e apreciar a encíclica. "Nós tivemos um exemplo maravilhoso de como é esta relação com Deus na própria consciência, um recente exemplo maravilhoso. O Papa Bento XVI - disse não casualmente no início desta mesma semana o seu sucessor - deu-nos este grande exemplo quando o Senhor lhe fez compreender, na oração, qual era o passo que devia dar. Seguiu, com grande sentido de discernimento e coragem, a sua consciência, isto é, a vontade de Deus que falava ao seu coração. E este exemplo do nosso pai faz muito bem a todos nós, como um exemplo a seguir". Palavras não de circunstância, como de circunstância não foram as que abriram o primeiro encontro deveras público para reafirmar ao predecessor afecto, reconhecimento e grande alegria por uma presença, tão discreta quanto expressiva.

Portanto se a continuidade na diversidade das sucessões na cátedra romana é o quadro de fundo do documento que tem a data da solenidade dos santos Pedro e Paulo, o seu tema é essencial e decisivo, "a luz da fé": a Lumen Fidei que evoca a Lumen Christi que nas vésperas da Páscoa dissipa as trevas. Depois as encíclicas de Bento XVI sobre o amor (Deus caritas est) e sobre a esperança (Spe Salvi), esta completa uma longa meditação e é oferecida com humildade simples pelo seu sucessor. O bispo de Roma que veio "quase do fim do mundo" fez assim seu este "precioso trabalho" e personalizou-o, como texto tradicionalmente programático sobre o "grande dom que Jesus trouxe", e publicando-o no centro de um período expressamente dedicado, por vontade do seu predecessor, à reflexão sobre a fé e à sua celebração. Imediatamente se observou que outro "ano da fé" tinha sido querido por Paulo VI pouco depois da conclusão do Vaticano II e não ocasionalmente na encíclica é citada uma sua perspicaz anotação que respondia a objecções e murmúrios que já na época circulavam: "Se o Concílio não trata expressamente da fé, dela fala em cada página, reconhece o seu carácter vital e sobrenatural, a supõe íntegra e forte, e sobre ela elabora as suas doutrinas". E precisamente um eco do discurso conclusivo do Vaticano II se encontra no início da encíclica para descrever a objecção contemporânea em relação à fé do "homem que se tornou adulto, orgulhoso da sua razão". Tendo em consideração estas dificuldades, alimentada pela raiz do judaísmo e da grande tradição da Igreja, a encíclica oferece-se assim a quem a quiser ler para descobrir na fé a "lâmpada que guia na noite os nossos passos".

g.m.v.

(© L'Osservatore Romano - 7 de Julho de 2013)

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