Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 8 de setembro de 2012

OS CONTEÚDOS ESSENCIAIS DA NOVA EVANGELIZAÇÃO – Jesus Cristo (continua)

Com essa reflexão, o tema de Deus já se ampliou e concretizou no tema de Jesus Cristo.

Apenas em Cristo e por Cristo o tema de Deus se faz realmente concreto: Cristo é o Emmanuel, o Deus connosco, a concretização do Eu sou, a resposta ao deísmo. Hoje é muito forte a tentação de reduzir Jesus Cristo, o Filho de Deus, unicamente a um Jesus histórico, a um mero homem. Não é que se negue a sua divindade, mas usam-se certos métodos para destilar da Bíblia um Jesus à nossa medida, um Jesus possível e compreensível segundo os parâmetros da nossa historiografia. Mas esse "Jesus histórico" é uma invenção, a imagem dos seus autores, e não a imagem de Deus vivo (cfr. 2 Cor 4, 4 e segs.; Col 1, 15). O Cristo da fé não é um mito; o assim chamado "Jesus histórico" é que é uma figura mitológica, inventada por diversos intérpretes. Os duzentos anos de história do "Jesus histórico" refletem fielmente a história das filosofias e ideologias desse período.

Seria impossível tratar nesta conferência de todos os conteúdos do anúncio do Salvador.

Gostaria de mencionar apenas dois aspectos importantes. O primeiro é o seguimento de Cristo. Cristo apresenta-se como caminho da minha vida.

O seguimento de Cristo não significa imitar o homem Jesus. Essa tentativa fracassaria necessariamente; seria um anacronismo. O seguimento de Cristo tem uma meta muito mais elevada: identificar-se com Cristo, isto é, chegar à união com Deus. Esta palavra talvez choque os ouvidos do homem moderno. Mas, na realidade, todos temos sede de infinito, de uma liberdade infinita, de uma felicidade ilimitada. Só assim se explica toda a história das Revoluções dos últimos dois séculos. Só assim se explica a droga. O homem não se contenta com soluções que não cheguem à divinização. Mas todos os caminhos oferecidos pela "serpente" (cfr. Gén 3, 5), isto é, a sabedoria mundana, fracassam. O único caminho é a identificação com Cristo, realizável na vida sacramental. Seguir Cristo não é um assunto de moralidade, mas um tema "mistérico", um conjunto em que intervêm a acção divina e a nossa resposta.

Neste tema do seguimento de Cristo, encontra-se o outro centro da cristologia, ao qual gostaria de aludir: o mistério pascal, a Cruz e a Ressurreição. Ordinariamente, o tema da Cruz carece de significado nas reconstruções do "Jesus histórico". Numa interpretação "burguesa", transforma-se num acidente de per si evitável, sem valor teológico; numa interpretação revolucionária, converte-se na morte heróica de um rebelde. Mas a verdade é muito diferente. A Cruz pertence ao mistério divino; é a expressão do seu amor até o extremo (cfr. Jo 13,1). O seguimento de Cristo é a participação na sua Cruz, a união com o seu amor, a transformação da nossa vida, que se converte no nascimento do homem novo, criado segundo Deus (cfr. Ef 4, 24). Quem omite a Cruz, omite a essência do cristianismo (cfr. 1 Cor 2, 2).

(Cardeal Joseph Ratzinger excerto conferência pronunciada no Congresso de catequistas e professores de religião, Roma, 10.12.2000, e publicada no ‘L’Osservatore romano’ de 19.01.2001)

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