O vaticanista italiano Andrea Tornielli referiu-se à carta apresentada pela agência Associated Press (AP) manipulada para tentar mostrar o Papa Bento XVI, quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, como encobridor de um sacerdote acusado de abusos contra menores na Califórnia. Para o perito, esta manobra cojuga-se com um novo preconceito: "O-Papa-deve-ser-culpado".
Tornielli assinala que na referida missiva de 1985, assinada pelo então Cardeal Ratzinger "aconselhava-se prudência sobre a redução ao estado laico solicitada por um sacerdote pedófilo de 38 anos que efectivamente foi demitido dois anos depois, ao cumprir 40 anos. Como já sucedeu há dias, a carta foi apresentada como um caso de ‘encobrimento’ da parte do futuro Papa a favor de um sacerdote pedófilo".
Entretanto, explica o vaticanista, "as coisas não foram assim e no decorrer das horas foi possível verificar o contexto recordando que 1) nessa época a Congregação para a Doutrina da Fé não era competente nos casos de pedofilia e na carta fala-se da demissão do estado laical e não do processo, 2) a demissão do estado clerical não se decidia antes dos 40 anos de idade, 3) o pedido foi apresentado pelo próprio sacerdote envolvido, 4) Ratzinger solicita tempo para aprofundar o caso e dois anos depois chega a demissão do estado clerical, e 5) não houve nenhum encobrimento do culpado".
Para Tornielli, "o que mais chama a atenção não é o fcato de que estas cartas (muitas terá assinado Ratzinger durante os 23 anos à frente do ex-santo Ofício) sejam publicadas, mas sim que sejam lançadas e relançadas sem verificar os contextos e procedimentos, quer dizer sem aprofundar nas circunstâncias para permitir que o leitor tenha uma ideia (da situação). Esta seria a tarefa do jornalista".
"Quem escreve – reconhece o vaticanista falando sobre si mesmo – comete diversos enganos em anos de profissão, não me sinto habilitado a de dar lições ou conselhos a ninguém. Mas me parece, como leitor, que estamos diante de um preconceito já estabelecido: O-Papa-deve-ser-culpado (talvez por isso tentam levá-lo aos tribunais) e com esta óptica buscam testemunhos, documentos".
Para o vaticanista este preconceito se manifesta no fato que "apareçam estes fatos na primeira página sem verificar o caso e sem explicar as circunstâncias".
Depois de ressaltar o grande trabalho do Papa Bento XVI enfrentando os casos de abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero, Tornielli comenta que "é totalmente evidente que estamos ante um encarniçamento consertado que procura deslegitimar a autoridade moral da Igreja, do Papa, para tirar força à sua mensagem. Com isto –conclui– não procuro minimizar os escândalos que estão aos olhos de todos".
Andrea Tornielli escreve também um artigo no jornal italiano Il Giornale no qual assinala que o advogado Jeff Anderson está atrás da publicação da carta da AP, quem de facto assinalou a esta mesma agência alguns anos atrás que estava processando a Igreja por tudo o que ela tem e que já ganhou milhões de dólares em processos legais.
O vaticanista indica que "junto ao advogado Anderson, durante a conferência de imprensa em Nova Iorque no passado dia 25 de Março, dedicada ao caso do Padre Murphy, estava presente o dominicano Thomas Doyle, há anos empenhado em favorecer as vítimas de abusos, mas empenhado sobre tudo em demonstrar uma responsabilidade do Vaticano".
Tornielli assinala além que "é necessário recordar que ao início dos casos de pedofilia na Alemanha se deram as denúncias do presidente do Canisius College, Padre Klaus Mertel, quem busca uma revalorização teológica da homossexualidade".
William McGurn, editor do Wall Street Journal, explica com mais profundidade o papel de Jeff Anderson em: www.acidigital.com/noticia.php?id=18661
(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)
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