No horizonte próximo
nuvens cruzadas
cobrem o céu.
Eu
emoções desgarradas
contemplo inquieto.
Assim, tão próximo
como se viesse quase de dentro
do meu intimo
coração
chega um brado crescendo
que é quase um lamento.
Oh meu Deus
eu bem sei que é impossível
ordenares o que for
superior
às minhas forças.
Permites a tentação,
o padecer
mas também dás a graça
para as vencer.
Ah coração
amarfanhado em ilusões
em coisas que queria
e desejo
em tantas deambulações
quiméricas e impossíveis.
Ah coração!...
Em cruz em cruz...
Nos meus olhos há luz
forte de cegueira
que me afasta as penumbras
de uma vida inteira
de catacumbas.
Subterrâneos de desejos
de coisas inúteis e mesquinhas
de peias, elos e gavinhas
que me prendem e sujeitam.
Nos meus ouvidos
ressoa um som estupendo
que atordoa os sentidos
e me confundem.
No meu coração,
Ah! no meu coração...
Há a Cruz!
Há a Cruz!
É bem leve por sinal,
não quero levá-la de rastos
mas bem erguida
em bandeira ou pendão.
Aqui Senhor, aqui onde estou,
é onde quero estar conTigo.
Dá-me o que me ordenares
que faça
pois eu, por mim, não consigo.
Porto, Páscoa 95
António Mexia Alves (AMA)
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