Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

“Não desperdicemos a nossa vida. Não deixemos que ela passe em vão” – entrevista sobre a visita do Papa ao Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Nasceu em Lisboa há 38 anos. É licenciado em Engenharia Mecânica pela Universidade do Minho e doutorado em Teologia pela Universidade de Navarra. Viveu 8 anos no Brasil, 2 em Itália e 3 em Espanha. Chama-se Pe. Rodrigo Lynce de Faria e é um dos colaboradores habituais do nosso jornal.

Pertence à Prelatura do Opus Dei (Instituição da Igreja Católica fundada por São Josemaría Escrivá em 1928) e vive actualmente em Viseu onde é capelão do Clube do Moinho e do Centro Cultural Monte Fuste. Também dá aulas de Teologia Moral, Teologia Espiritual e cursos monográficos de outros temas relacionados com a Ciência Sagrada. Foi ordenado sacerdote em Roma no ano 2001.

O que é que o levou a decidir-se a ser padre?

Um chamamento de Deus. Houve alturas da minha vida em que não “sonhava” que esta seria a minha futura “profissão”. No entanto, a vida dá muitas voltas e Deus serve-se de vários acontecimentos para indicar-nos a Sua Vontade. No meu caso, essa Vontade é que eu seja sacerdote. É um dom de Deus tão grande que não o troco por nada deste mundo.

É melhor ser padre do que ser casado?

Não é melhor nem pior: é diferente. O melhor para cada um é aquilo que Deus quer. Tenho uma grande admiração pelas pessoas casadas. Em primeiro lugar, tenho uma grandíssima admiração pelos meus pais. Agradeço a Deus que os tenha chamado pelo caminho do casamento. Se isso não tivesse acontecido, eu não estaria aqui, nem os meus irmãos existiriam. Gosto muito da minha família e ela está fundada no dom de Deus que é o casamento.

Como é que, na perspectiva da Igreja Católica, vê as outras religiões?

Gostaria de começar por esclarecer que as minhas respostas têm sempre uma perspectiva pessoal. Não tenho nenhuma pretensão de falar em nome da Igreja Católica. Como é que eu vejo as outras religiões? Com muito respeito e admiração. Todas as religiões – se o são de verdade – representam uma procura de Deus por parte do homem. Isso é sempre algo grandioso e positivo. Nós, católicos, acreditamos que o Cristianismo é uma procura do homem por parte de Deus. Jesus Cristo não é somente um homem especial. É Deus que se fez homem para nos salvar.

Não será que, nos dias de hoje, a religião atrai menos as pessoas do que antigamente?

Quem atrai não é a religião, é Deus. Por isso, hoje em dia, como em todos os tempos, Deus continua a atrair cada um de nós a um encontro pessoal com Ele. É verdade que parece à primeira vista que, nos dias de hoje, as pessoas são menos religiosas. Penso que é só uma aparência. Todos nós necessitamos de acreditar em que a nossa vida tem um sentido. Necessitamos de acreditar em que não caminhamos simplesmente para o cemitério, para o vazio, para o nada. O sentido da nossa vida é Deus.

Pensa que a sociedade actual está a perder os seus valores?

Quem perde os valores não é a sociedade, são as pessoas. Nesse sentido, há pessoas que os perdem e outras que os conquistam e conservam. No entanto, a pergunta é muito oportuna porque parece que há mais pessoas que os perdem. Porque é que isto acontece? Talvez porque muitas pessoas vivem sem nenhum sentido. Simplesmente vão vivendo. E assim, acabam por chegar à conclusão que o único sentido que tem esta vida é aproveitar intensamente o momento presente. Com esta mentalidade, torna-se muito difícil conservar os princípios éticos (isso são os valores), sobretudo quando parece que eles “limitam” a liberdade da pessoa e a impedem de ser feliz. Será que isto é mesmo assim? Acho que não. Os valores – se o são de verdade – não tiram a liberdade de uma pessoa, mas protegem-na da degradação.

Não estará a Igreja Católica desactualizada em relação aos novos ideais que surgem na sociedade?

A Igreja possui dois mil anos de existência e é mais sábia do que possa parecer à primeira vista. Não se pede à Igreja que mude a sua doutrina conforme as épocas históricas, mas que permaneça fiel àquilo que recebeu de Jesus Cristo. A mensagem da Igreja é uma mensagem de salvação e, nesse sentido, é profundamente actual. Se a mensagem fosse adulterada, deixava de ser verdadeira. Também é actual – e sempre o foi – que há pessoas que recusam essa mensagem. É uma demonstração evidente de que o ser humano é verdadeiramente livre e que Deus é o primeiro a respeitar essa liberdade.

Acha que o Papa Bento XVI tem respondido de forma apropriada aos desafios e às polémicas que têm surgido?

A missão do Papa não é responder aos desafios e polémicas que sempre surgirão na História da Humanidade. A sua missão é pregar a doutrina de Jesus Cristo e indicar a todos o caminho para chegar até Deus. Ao fazer isto, o Papa resolve indirectamente vários desafios e polémicas que surgem precisamente porque muitos homens e mulheres recusam-se a deixar que Deus entre plenamente na suas vidas. Têm medo de que Ele lhes tire a felicidade. E é precisamente o contrário. Quando abrem as portas do coração a Deus, não perdem nada do que torna esta vida bela, feliz e entusiasmante. Encontram, não uma felicidade superficial, frívola e efémera, mas uma felicidade genuína.

Acha oportuna a visita do Papa a Portugal no próximo mês de Maio?

Muito oportuna. É um presente de Deus que o Vigário de Cristo (esta é a identidade do Papa) passe pelo nosso país. Talvez um presente muito oportuno nesta situação difícil em que muitas pessoas vivem: dificuldades económicas, dificuldades familiares, falta de uma verdadeira esperança em muitos corações.

O Papa vem só para estar com os católicos?

Claro que não. O Papa vem para estar com todos. Estar com ele é algo impressionante. É completamente diferente de o ver somente na televisão. Porque Deus concede muitas graças através da presença do Papa. Em várias ocasiões, tive oportunidade de perguntar a diferentes pessoas o que significou para elas estar com o Papa. As respostas tinham algo em comum: estar com o Papa (mesmo cercado de milhares de pessoas) foi algo inesquecível, único, aproximou-me de Deus, mudou a minha vida.

Que mensagem final gostaria de deixar aos jovens que lerão esta entrevista?

A nossa vida é única. É um dom de Deus. Está nas nossas mãos e depende das nossas decisões. Que fazer para que a nossa vida não passe inutilmente? Jesus Cristo é o único capaz de nos dar uma resposta porque é o único que nos pode garantir a vida eterna. Não desperdicemos a nossa vida. Não deixemos que ela passe em vão.

Entrevista concedida ao jornal "Voz do Sado" publicada no dia 24 de Março de 2010

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