Os pobres em espírito, são bem-aventurados, prometeu o Senhor.
Sou, eu, pobre em espírito?
Não sou, tenho humildemente de reconhecer. Não sou, portanto, bem-aventurado.
Assim, radicalmente, esta realidade absoluta, causa-me calafrios. Mas é a verdade!
Não sendo pobre em espírito não sou bem-aventurado!
Porque desejo coisas, bens, confortos, disponibilidades.
Porque sonho, acordado, em ter, possuir mais do é necessário e justificável.
Porque ambiciono posses para fazer isto e aquilo, poder comprar, poder gastar, não sei bem para quê ou em quê.
Enfim, porque desejo, muitas vezes desenfreadamente, sem me dar conta que estou a subir um caminho que, na verdade, desce.
Pobre em espírito... é o que tenho que ser ou, pelo menos, tentar ser, de uma forma continuada. Tenho de estar vigilante na minha imaginação. Tenho de traçar um caminho bem definido que me marque bem as balizas do que é legítimo querer e do que é supérfluo desejar.
Devo conhecer exactamente o que quero e para que quero o que desejo.
Não mascarar as minhas ambições, porque de ambições se trata, com subterfúgios como, por exemplo, se tivesse este ou aquele dinheiro, daria esta ou aquela esmola, faria esta ou aquela contribuição.
O que quero tem de ser legítimo, do ponto de vista da necessidade, da justificação e da utilidade.
É legitimo desejar ter uma casa, já não será tanto que essa casa tenha piscina, um jardim com tantos metros quadrados, ginásio, ténis, enfim, uma quantidade de coisas que são, evidentemente, supérfluas. Não há mal em tê-las, mas não é bom desejá-las como uma coisa essencial.
Como cristão, tenho de considerar sempre que me compete viver com dignidade e com recato.
Não conseguirei este espírito de pobreza, desprendimento, sem a ajuda constante do meu Senhor.
Só com a Sua ajuda poderei moderar os meus desejos, calcar as minhas ambições e ir-me tornando pobre em espírito, para poder ser bem-aventurado e possuir o Reino dos Céus.
(AMA, considerações sobre as Bem-Aventuranças, Abril de 1987)
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