Meditação:
Senhor: Não tenho ninguém..., ninguém que me ajude, que olhe para mim com compaixão, que se detenha junto desta enxerga, onde há trinta e oito anos espero a cura do meu mal. Que terríveis palavras estas: Não tenho ninguém ("Senhor, não tenho homem"). Por acaso, ao longo da tua vida, ou até, talvez, nestes últimos dias, não passaste sem te deteres junto de alguém que esperava por alguém - por ti -, porque precisa de ajuda, alguém que o anime, lhe diga algo que lhe conforte o coração, devolva a esperança ou sossegue a intranquilidade? Será possível que estejas surdo ao rumor que à tua volta se levanta de milhares de vozes que clamam por justiça, por oportunidade de vida sã e digna e que não têm ninguém que os atenda ou não sabem a quem recorrer? Poderá alguém dizer de ti que te viu passar, mesmo ao lado, mas que nem sequer devolveste o olhar que te implorava atenção?
Trinta e oito anos!
É muito tempo, sem dúvida, mas quanto tempo será preciso que alguém, homem ou mulher como eu e tu, sim...quanto tempo tem de permanecer ali, deitado numa qualquer enxerga de dor, de expectativa permanentemente gorada, de ânsia de auxílio que nunca chega porque, eu e tu, temos muito que fazer, estamos ocupadíssimos com as nossas vidas e, além do mais, não gostamos nada de nos meter-mos "nessas coisas"? (AMA, Meditação sobre Jo 5, 1-17, Homine non habeo blogue Nunc coepi, 2006)
Tema: Obras de misericórdia
As obras de misericórdia, além do alívio que causam aos necessitados, servem para melhorar as nossas próprias almas e as dos que nos acompanham nessas actividades. Todos temos experimentado que o contacto com os doentes, com os pobres, com as crianças e os adultos com fome de verdade, constitui sempre um encontro com Cristo nos Seus membros mais débeis ou desamparados e, por isso mesmo, um enriquecimento espiritual: o Senhor mete-Se com mais intensidade na alma de quem se aproxima dos seus irmãos pequenos, movido não por um simples desejo altruísta – nobre, mas ineficaz desde o ponto de vista sobrenatural -, mas pelos mesmos sentimentos de Jesus Cristo, Bom Pastor e Médico das almas. (D. Álvaro del PORTILLO, Carta, 31.05.1987, nr. 30)
Doutrina: Evangelium Vitae 24
A origem divina deste espírito de vida explica a perene insatisfação que acompanha o homem, ao longo dos seus dias. Obra plasmada pelo Senhor e trazendo em si mesmo um traço indelével de Deus, o homem tende naturalmente para Ele. Quando escuta o anseio profundo do coração, não pode deixar de fazer sua esta afirmação de Santo Agostinho: «Criastes-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em Vós».
Como é eloquente aquela insatisfação que se apodera da vida do homem no Éden, quando lhe resta como única referência o mundo vegetal e animal! Somente a aparição da mulher, isto é, de um ser que é carne da sua carne e osso dos seus ossos e no qual vive igualmente o espírito de Deus Criador, pode satisfazer a exigência de diálogo interpessoal, tão vital para a existência humana. No outro, homem ou mulher, reflecte-Se o próprio Deus, abrigo definitivo e plenamente feliz de toda a pessoa. (JOÃO PAULO II, Evangelium vitae, 35, b-c)
Agradecimento: António Mexia Alves
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