Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 16 de março de 2010

A SIDA/AIDS aumenta entre os ugandeses, que estão a descurar a prevenção

Conhecido durante anos como o país africano com maior êxito na prevenção da SIDA/AIDS, o Uganda, vive ultimamente horas más, com a taxa de infecções a subir. Esta mudança de tendência faz temer uma nova onda de casos desta doença noutros países africanos, num momento em que as ajudas económicas - sobretudo dos Estados Unidos - pararam e os medicamentos não chegam aos centros de atendimento nas quantidades habituais.

Mas, qual é a causa deste recrudescer da doença? Médicos, organizações não governamentais e investigadores são unânimes em afirmar que a generalização dos tratamentos médicos entre a população afectada desde 2005 levou os ugandeses a um excesso de confiança e descuidar algumas medidas que outrora foram a chave do triunfo. David Kihumuro Apuuli, director da Uganda AIDS Commission, explica: "deixámos de olhar para a prevenção para nos centrarmos no tratamento e no cuidado". O resultado é que começou a crescer o número de novas infecções - umas 135.000 por ano - e a taxa de prevalência, quer dizer, a proporção de pessoas que sofrem de uma doença em relação ao total das pessoas estudadas, se situa em 7 %, segundo dados recentes recolhidos pelo The Wall Street Journal.

A maior disponibilidade de anti-retrovirais nos últimos cinco anos, como consequência da ajuda internacional, significou uma vitória. Mas verifica-se agora que também actuaram como um potente inibidor, um travão às medidas de precaução; desapareceu o medo ao contágio e ficaram temporariamente esquecidas as consequências negativas da doença. "A pessoa pensa que tomar anti-retrovirais equivale a curar-se do VIH/HIV", afirma Joseph Lubega, activista das campanhas contra a SIDA/AIDS.

Quando a fidelidade falha

Esta miragem, um efeito que os cientistas conhecem como "compensação de riscos", incide directamente na conduta sexual, e o número de parceiros sexuais dos ugandeses voltou a aumentar. Assim, enfraqueceu um dos três pontos de apoio da famosa campanha de prevenção desenvolvida durante anos pelo Governo do Uganda, que propunha a abstinência sexual até ao casamento (A), a posterior fidelidade (B) e o recurso aos preservativos em casos extremos (C), com uma simples fórmula, ABC, resumo das siglas dessas mesmas medidas em inglês.

A este propósito, Edward Green, director do Projecto de Investigação sobre a prevenção da SIDA/AIDS e autor do livro Rethinking AIDS Prevention (2003), há já alguns anos que procura explicar que com este tipo de conduta sexual as estratégias para combater a SIDA/AIDS não podem aplicar-se automaticamente aos países da África subsaariana, porque não têm as mesma eficácia. Enquanto que na América e na Europa o início de uma relação sexual costuma significar a ruptura com a anterior, é frequente em vastas zonas de África é manterem-se regularmente relações de longa duração com dois ou mais parceiros. O único modo de sair desta teia de contágio de maneira eficaz e, portanto de travar o vírus, é decidir viver uma relação fiel, coisa que se comprovou no Uganda durante o plano ABC.

Naqueles anos a fidelidade a um só parceiro subiu de 59 para 79 % entre os homens e de 77 para 91 % entre as mulheres, e a taxa de infecção reduziu-se 4 % , mas agora está de novo a crescer.

Compensação de risco

O aumento do denominado cocktail de anti-retrovirais também contribuiu para o fenómeno da "compensação de risco" no uso dos preservativos, como explica ao Wall Street Journal, Joseph Lubega, que tem armazenados no escritório da sua organização dezenas de milhares de preservativos, que os ugandeses não requisitam. "Já não se usam como dantes", afirma, porque se minimiza o perigo. O efeito inibidor não só é experimentado a nível pessoal mas também afecta as atitudes das ONGs, que repetem a mesma batalha ideológica que defrontam os congressistas americanos na hora de decidir que parte dos seus orçamentos se destinam a difundir a abstinência e a fidelidade, e que parte vai para o uso do preservativo.

O debate acerca da eficácia do preservativo em África - para o qual Bento XVI contribuiu os esclarecimentos que fez - baseia-se em dados comprovados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que podem ser muito eficazes para prevenir a transmissão do VIH/HIV "se se usam de modo correcto e sistemático", mas em África pouco mais de 5 % da população procede desse modo, segundo afirma Norman Hearst, professor de Epidemiologia da Universidade da Califórnia.

O aumento do número de doentes de SIDA/AIDS que afecta o Uganda e provavelmente se estende a outros países africanos, chega num momento complicado, em que as clínicas do país começam a sentir a falta de ajudas americanas, como consequência das restrições orçamentais. Após sete anos de funcionamento de um ambicioso programa de distribuição de fármacos, o aumento dos fundos americanos destinados a este fim - com os quais é financiada quase metade da ajuda mundial contra a SIDA/AIDS - afrouxou de maneira alarmante, enquanto continua a aumentar o número de afectados que requerem medicamentos.

M. Ángeles Burguera

Aceprensa

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