Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 16 de março de 2010

Redes sociais não, obrigado (será mesmo caso para se dizer NÃO?)

Ninguém pode ficar indiferente ao enorme sucesso das redes sociais da Internet, contando já com milhões de utilizadores. Mas que riscos e consequências estarão ligadas a esta nova forma de relacionamento social virtual? Sem cair em estereótipos, e em fundamentalismos redutores, julgo que há uma tendência neste recente instrumento de relacionamento humano introduzido pela Internet. Neste caso parece existir uma busca pela auto-valorização e uma necessidade exibicionista de atenção e admiração. Esta última característica torna-se bem visível pela forma como se arrecada "amigos", aos milhares, como se fossem troféus de caça social. Portanto, na amizade, desvalorizou-se a qualidade para se dar a primazia à quantidade, o que não é mais do que um reflexo da sociedade de consumo nas relações sociais.

As relações sociais virtuais da Internet são bastante diferentes das relações sociais reais. Alimentam-se fantasias e cada um mostra aquilo que tem de melhor: a beleza, o êxito, as férias fantásticas, os momentos de felicidade, etc. Habitualmente o indivíduo promove-se na rede social como uma pessoa de sucesso, expondo as suas vitórias e ocultando propositadamente os seus fracassos. É nesta imensa revista cor-de-rosa, irreal e fantasiosa, que as pessoas se relacionam umas com as outras, evitando as regras da verdadeira rede social, bem mais complexa e difícil.

Seja como for, parece não existirem dúvidas de que se criou um certo consumismo social, sem esforço, e acessível a alguns toques no teclado do computador. Porém, as redes sociais da Internet, no sentido em que são redes virtuais e menos complexas, podem surgir como uma forma de resistência à aquisição de uma verdadeira aprendizagem social, promovendo a regressão e a imaturidade. A amizade criada no mundo real demora tempo a consolidar-se e passa por diversas provas que nada têm a ver com as pseudo-amizades do mundo virtual. Por essa razão, nenhum relacionamento através do computador substituiu a experiência da presença humana: a troca de olhares, a expressão facial, os gestos, o tom de voz, etc. As redes sociais favorecem o empobrecimento do relacionamento social - criando-se novas formas de solidão - porque as relações pessoais reais são mais ricas e profundas.

Não se pode discutir as redes sociais da Internet sem falar em segurança. Por diversas vezes, as polícias têm alertado para os perigos de se divulgarem informações pessoais na rede. Por exemplo, uma vez colocada uma fotografia pessoal na rede social, ela poderá ficar na Internet para sempre, perdendo-se por completo o seu controlo. Curiosamente, este fenómeno reflecte um paradoxo. Numa altura em que se investe cada vez mais em segurança, através da videovigilância, alarmes, etc., na Internet as pessoas expõem-se cada vez mais, abrindo as portas da sua vida privada, sem reflectir nos perigos que isso representa.

Importa sublinhar que as redes sociais reflectem o que há de melhor e pior na natureza humana, com a diferença de possibilitar aos indivíduos perturbados psiquicamente - que existem em largo número em todas as sociedades - actuarem facilmente dissimulados, diminuindo a possibilidade de serem detectados. As redes sociais tornam-se assim uma ferramenta útil para as mais vis maquinações. Um magnífico caldo de cultura para que várias mentes perigosas possam florescer e movimentar-se facilmente na cobardia do anonimato, encorajados pela diminuição dos vários mecanismos de prevenção e segurança de que a sociedade dispõe.

Espantosamente, milhões de pessoas passam cada vez mais tempo nesse mundo virtual, agarrados obsessivamente ao computador. Este é um sinal preocupante de desumanização da nossa sociedade uma vez que esta emigração maciça para o mundo virtual pode revelar-se como um início de psicose colectiva: como esta realidade não é conveniente, as pessoas refugiam-se noutra imaginária. O crescimento vertiginoso das redes sociais demonstra que o Homem, outrora sonhador, com ideias e valores, está a capitular. Desistiu de lutar por uma sociedade melhor, cedeu ao facilitismo, e renunciou viver neste mundo. Por tudo isto, adaptando um slogan antigo, talvez valesse a pena dizer: redes sociais não, obrigado.

Pedro Afonso
Médico psiquiatra
In jornal Público - 15-03-2010

Comentário de JPR:

“Redes sociais, em muitos casos, sim, se faz favor”

Subscrevo na integra as preocupações e a análise do Dr. Pedro Afonso, ainda que esta, na minha opinião, peque por apenas analisar uma vertente, certamente a mais relevante do problema, concluindo pela possibilidade de se recusar as redes sócias.

Ora sucede, que as mesmas sem qualquer intuito de promoção pessoal, são igualmente um excelente meio, que utilizo no Facebook e no Twitter para divulgar a doutrina da Igreja Católica, as intervenções do Santo Padre, eventos e artigos de opinião, como é o caso, que manifestem opiniões e análises dignas de ser tidas em conta.

Aliás, diga-se que é a própria Igreja que nos incentiva a usar todos os meios ao nosso dispor e a não nos remetermos, como é o desejo de muitos à esfera pessoal. (vide Mensagem do Papa de 2010 para 44º Dia Mundial das Comunicações)

Perdoem-se o aparente exagero de comparação, mas existindo revistas pornográficas e ao que consta com elevado número de leitores, não é por esse facto, que se deixa de ler outras de reconhecida qualidade nas mais diferentes áreas, em suma, não tenhamos receio de ser minoria e não deixemos de aproveitar positivamente todos os meios que o Senhor nos disponibilizou.

“Internet é sempre uma oportunidade e em todo caso não temos muita escolha: pois ali estão as pessoas e nós devemos estar presentes. Acrescentarei que nos oferece uma dupla oportunidade, porque é uma forma de comunicação onde os jovens podem ensinar os adultos. De facto, enquanto os adultos podem ensinar os jovens a conhecer o Evangelho através da experiência e do estudo, os jovens, do ponto de vista digital, sentem-se no seu ambiente natural na Internet.

“A Instituição é uma coisa, mas precisamente porque a Internet é algo de fortemente descentralizado, algo que funciona em rede, é em particular aos cristãos que devemos nos dirigir... creio seja uma ocasião formidável para lançar os jovens neste novo campo, neste novo continente, como eles o chamam”. (Padre Eric de Beukelaer. Porta-voz da Conferência Episcopal da Bélgica)

Obrigado!

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