A Conferência Episcopal norte-americana acaba de lançar um plano para ajudar e atender os casais que desejam ter filhos e não podem. Além de lhes oferecer recursos na sua página web, publicou um documento onde recorda alguns princípios morais sobre as técnicas de assistência à fertilidade.
Os bispos dos Estados Unidos levaram muito a sério a defesa da família. Nos últimos anos, publicaram vários documentos para esclarecer a doutrina sobre o casamento. Os dois mais importantes são: Married Love and the Gift of Life (2006) e Marriage: Love and Life in the Divine Plan (2009).
Ambos procuram explicar de modo atractivo algumas ideias básicas sobre o casamento e a família. Além disso, também incluem argumentos sobre questões como a contracepção, as uniões homossexuais, o divórcio e as uniões de facto sem vínculo matrimonial.
O empenho cultural dos bispos costuma ser acompanhado por campanhas que proporcionam recursos práticos para reavivar a estima pelo compromisso conjugal. A mais conhecida de todas é "For Your Marriage", que decorre há mais de três anos (cfr. Aceprensa, 4-06-200, na versão impressa7). Há pouco tempo lançaram uma versão desta campanha para o público de língua castelhana (www.portumatrimonio.org).
Soluções que não o são
Agora, a Conferência Episcopal norte-americana quis aproximar-se de um modo especial dos casais que desejam ter filhos e não podem. Como primeira medida, criou uma secção especial no seu site para lhes recordar os meios lícitos que têm ao seu alcance.
Segundo informa o Washington Post (20-02-2010), nalgumas dioceses dos Estados Unidos já havia iniciativas isoladas. Na de St. Louis, tornaram-se famosas as "missas para casais sem filhos", com homilias e orações pensadas para eles. O costume começou com o então arcebispo de St. Louis, Justin Rigali (agora cardeal de Filadélfia) e foi continuado pelo seu sucessor, Robert Carlson.
Embora este tipo de iniciativas seja sempre bem-vindo, os bispos quiseram abordar o fenómeno da esterilidade mais a fundo. O seu objectivo é dar alívio aos casais que sofrem este problema. Além disso, querem clarificar os dilemas éticos que suscitam alguns tratamentos da infertilidade.
Para os bispos, ambos os aspectos estão ligados. Há técnicas – dizem - que são soluções e outras que não o são, pois não respeitam a dignidade dos cônjuges, do casamento nem da procriação. Neste sentido, não se pode falar de verdadeiras soluções, mesmo que do ponto de vista técnico prometam maravilhas.
Fruto da sua experiência na diocese de St. Louis, o cardeal Rigali constata que "há muita confusão entre os fiéis católicos a respeito dos ensinamentos da Igreja sobre as técnicas de reprodução assistida".
Compaixão e clareza
Para abordar este problema, os bispos norte-americanos reuniram-se em Baltimore no passado mês de Novembro. Daí surgiu um documento programático, intitulado Live-Giving Love in an Age of Technology.
O texto começa por recordar que a abertura à vida é essencial ao casamento. O problema é que, segundo os dados que os bispos têm, hoje um em cada seis casais padece de infertilidade. Isto constitui uma fonte de sofrimento real para muitos esposos.
Os bispos gerem a sua situação com realismo: "A esterilidade pode afectar as relações sexuais e até a estabilidade do casamento. Também pode alterar as relações com os pais e os sogros, que expressam a sua decepção perante a falta de netos. Os católicos podem sentir uma dor ainda mais profunda, ao ouvirem a Igreja elogiar a vida familiar e ensinar que os filhos são o dom supremo do casamento."
Em seguida, o documento esclarece algumas questões que causam perplexidade em sectores cada vez mais amplos da sociedade: a relação entre sexualidade e procriação; a doação de óvulos e esperma; a fecundação in vitro; a clonagem humana; a adopção de embriões congelados, etc.
Os bispos fazem uma chamada de atenção para os restantes católicos de modo a que apoiem os casais sem filhos. Além disso, incentivam a adopção como "uma forma admirável de constituir uma família" e de contribuir para a criação de uma cultura da vida.
O documento termina com uma mensagem final: "O casamento é a primeira e mais básica comunidade de amor (...). Se se tiver isto em conta, compreende-se que alguns aspectos do casamento e da paternidade não podem ser delegados a outros, nem substituídos pela tecnologia".
Juan Meseguer Velasco
Aceprensa
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