O Arcebispo de Cracóvia e quem foi durante 40 anos secretário pessoal de João Paulo II, Cardeal Stanislaw Dziwisz, relatou que antes de sua morte, o Papa peregrino pediu que lhe lessem todo o Evangelho de São João para poder preparar-se para a passagem para a Casa do Pai.
Em entrevista concedida ao jornal “El Tiempo”, o Cardeal explicou que o Papa Wojtyla “morreu como morrem os homens Santos. Despediu-se de seus colaboradores, do Cardeal Ratzinger (agora Bento XVI); inclusive de quem fazia a limpeza. Pediu que lhe lessem todos os capítulos do evangelho de São João e assim se preparou para partir. Causou uma paz impressionante”.
Na Colômbia aonde chegou para participar num congresso sobre o legado de João Paulo II, o Cardeal assinalou que o processo de beatificação do Papa peregrino “está virtualmente terminado. Para a beatificação é importante que a Igreja reconheça um milagre no qual ele tenha intercedido. Há um caso que está sendo investigado e é o da cura milagrosa de uma freira francesa que padecia de Parkinson”.
Sobre a data de beatificação, o Cardeal disse que “não se sabe, mas o seu tumulo é visitado por milhares que agradecem por graças recebidas e isso fortalece sua santidade. Não só os cristãos querem vê-lo santo; também os judeus e muçulmanos. Temos que unir-nos a esse grito de “Santo subito” (do italiano ‘Santo já’)”.
Ao falar de seguida do carinho e o ardor das pessoas para com o João Paulo II, o Cardeal Dziwisz comentou que “ele mudou o mundo desde o ponto de vista político e religioso; ensinou que a solução dos problemas está na solidariedade e no amor. Ele ultrapassou todos os limiares. Os seus ensinamentos deveriam ser aplicados para ajudar este mundo em crise”.
Respondendo a quem critica o tempo curto que leva sua causa, o Cardeal polaco disse que poderia dizer-se que foi rápida, “mas não se pode dizer que esteve mal feita. Foi um tempo efectivo para aprofundar no legado que deixou. Os mesmos que o criticaram porque não gostavam de sua atitude moral, são os que o criticam agora”.
Respondendo a afirmação do livro “por que ele é santo” que disse que João Paulo II se flagelava e dormia no chão, o Arcebispo de Cracóvia disse que “não posso afirmá-lo nem negá-lo. Foi um homem de uma grande espiritualidade, sua característica principal foi o espírito da oração e a contemplação. Em muitos conventos ainda existe a penitência através da flagelação, e isso o fizeram outros grandes Santos, como São João da Cruz e Santa Teresa”.
Finalmente o Cardeal disse que João Paulo II “sempre disse que a América Latina era o continente da esperança. Gostava muito da Colômbia e tinha muitos amigos aqui, cardeais e sacerdotes, porque a presença da Colômbia em Roma sempre foi numerosa e importante”.
(Fonte: ‘Acidigital’ com edição de JPR)
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