Nesta quinta-feira de manhã, Bento XVI presidiu, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, a uma Eucaristia com a comunidade do Centro "Aletti" de Roma, nos 90 anos do Cardeal Tomas Špidlík.
Na homilia, o Santo Padre evocou o longo itinerário de pensamento do Cardeal Špidlík, teólogo jesuíta, nascido a 17 de Dezembro de 1919 na região da Morávia (então Checoslováquia, actualmente República Checa), conhecido pelos seus estudos sobre a espiritualidade das Igrejas do Oriente. "Com ardor e profunda convicção – observou Bento XVI, ele sublinhou com insistência que “o centro de toda a Revelação é um Deus tri-pessoal” e que, em consequência, “o homem criado à sua imagem é essencialmente um mistério de liberdade e de amor, que se realiza na comunhão: o modo próprio de ser de Deus". "Esta comunhão não existe por si mesma, mas procede – como incansavelmente afirma o Oriente cristão – das Pessoas divinas que se amam livremente. A liberdade e o amor, elementos constitutivos da pessoa, não se compreendem com categorias racionais: Não se pode entender a pessoa se não no mistério de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e na comunhão com Ele, que se torna acolhimento da "humanidade divina" também em nossa própria existência". O Cardeal Špidlík – acrescentou ainda o Papa - é um "cantor do mistério da liberdade", ele que na sua juventude conheceu a provação dos trabalhos forçados, impostos primeiro pelos nazis e depois pelos comunistas.
Mas a fidelidade de Deus exprime-se "através de vias tortuosas e imprevistas". Neste contexto, o pontífice referiu-se ao evangelho da liturgia deste dia 17 - a genealogia de Jesus segundo São Mateus. Ao lado de Maria – destacou o papa – são recordadas quatro mulheres, que não são, contudo, grandes figuras da história de Israel como Sara, Rebeca Lia ou Raquel. Paradoxalmente, são pagãs as quatro mulheres aqui recordadas - Raab, Rute, Betsabé, Tamar. À primeira vista, elas poderiam ‘perturbar' a pureza de uma genealogia. Ora “nestas mulheres pagãs, que surgem em pontos determinantes da história da salvação, transparece o mistério da Igreja dos pagãos, a universalidade da salvação. São também mulheres pecadoras e assim transparece nelas o mistério da graça: não são as nossas obras que redimem o mundo. É o Senhor que nos dá a verdadeira vida. São mulheres pecadoras, que revelam a grandeza da graça de que todos nós temos necessidade".
A concluir, Bento XVI observou ainda que este mistério da graça se encontra bem ilustrado, nesta capela pelos mosaicos do jesuíta Marko Rupnik, director do Centro Aletti. Precisamente a ligação entre teologia e arte está bem presente nos estudos do Cardeal Špidlík. Como dizia João Paulo II, na inauguração desta Capela, há dez anos: "A figura da Redemptoris Mater, na parede central, põe diante de nossos olhos o mistério do amor de Deus que se fez homem para nos dar… a capacidade de nos tornarmos filhos de Deus... É a mensagem da salvação e da alegria que Cristo, nascido de Maria, trouxe à humanidade."
(Fonte: site Radio Vaticana)
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