Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 17 de outubro de 2009

O Nobel a Barack Obama - Um prémio comprometedor

A atribuição do prémio Nobel da paz a Barack Obama surpreendeu um pouco todos, e em primeiro lugar o próprio Presidente dos Estados Unidos. De facto, nos últimos 90 anos o prémio nunca foi atribuído a um presidente americano no cargo quando o obteve em 2002 Jimmy Carter tinha terminado há muito tempo o seu mandato fatalmente envolvido nas vicissitudes políticas, e susceptível, por conseguinte, de tomar decisões diversas em questões de paz. Precisamente por isso os comentadores foram quase unânimes ao definir esta atribuição como uma forma de pressão para inclinar Obama para escolhas pacíficas no prosseguimento do seu mandato.

Contudo, julgando com base nas decisões até agora tomadas, seria difícil definir o presidente totalmente pacifista, dado que as suas providências a nível do empenho militar estado-unidense no Iraque e no Afeganistão parecem situar-se a meio caminho entre uma fidelidade aos princípios pacifistas proclamados durante a campanha eleitoral e uma política mais realista, que houve quem definiu até como continuação da do "belicista" Bush.

Uma política oscilante muito parecida com a mantida pelo presidente americano em relação aos grandes temas bioéticos, antes de tudo a propósito do aborto, que suscitou muitas polémicas entre os católicos estado-unidenses. Ao receber o ambicionado reconhecimento, Obama deveria recordar que em 1979 foi precedido por Madre Teresa de Calcutá, a qual teve a coragem, na sua declaração oficial por ocasião da entrega do prémio, de recordar que a guerra mais dura, e com o maior número de "mortos", é a prática do aborto, legalizado e facilitado também pelas estruturas internacionais.

Mas face à perspectiva de poder ter influência sobre o futuro do mandato presidencial de Obama desapareceram todas as perplexidades que no passado comprometeram importantíssimas candidaturas; como a de João Paulo II, proposto por muito tempo, já desde 1999 (quando o Nobel foi atribuído à Médicos sem fronteiras), mas sobretudo considerado superfavorito em 2003, depois da sua condenação da guerra no Iraque.

Naquele ano muitas iniciativas e o favor de grande parte do mundo pareciam destiná-lo naturalmente ao ambicionado prémio, e davam-no por preferido até os apostadores. Mas a comissão nomeada pelo Parlamento norueguês proposto por decisão de Alfred Nobel para seleccionar as personagens indicadas não o escolheu, preferindo a jurista iraniana Shirin Ebadi.

O Papa Wojtyla tinha sido considerado pelos membros do júri demasiado conservador noutros âmbitos, e receava-se que, premiando com ele a Igreja Católica, se privilegiasse uma confissão religiosa importante em desvantagem de outras. Receios que evidentemente foram superados no caso, muito mais controverso, da atribuição a Obama.

Portanto, mais uma vez o prémio Nobel da paz suscita perplexidade e críticas, dado que os critérios de atribuição parecem muitas vezes ser influenciados por um pensamento politicamente correcto. Mas ao mesmo tempo, como declarou o Director da Sala de Imprensa da Santa Sé, não podemos deixar de nos alegrar ao ver reconhecido no Presidente Obama o esforço pelo desarmamento nuclear e a indubitável propensão pessoal para uma política mais orientada para obter a paz do que para afirmar o poder americano no mundo.

Lucetta Scaraffia


(© L'Osservatore Romano - 17 Outubro 2009)

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