Sínodo dos Bispos africanos pede mais atenção à formação de sacerdotes
Os padres sinodais apontaram a Doutrina Social da Igreja como central para atingir a reconciliação e a paz no continente africano.
Nesta Sexta-feira, durante as intervenções da tarde, D. Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo, em Moçambique, afirmou que a Igreja deve praticar actos que consolidem e dignifiquem a paz no continente africano, “apelando aos governantes políticos e ao povo que protagonizem acções concretas”.
Segundo o Arcebispo deve existir um combate “efectivo” contra a corrupção, discriminação e opressão, sobretudo no sector público.
A Igreja deve ter um “consciência purificada” para trabalhar honestamente para o bem comum. D. Chimoio pediu que a Igreja seja “a voz dos que não têm voz” e denunciadora de tudo “o que escraviza os homens”.
“É necessário que nos esforcemos para criar a paz interior e exterior e mantê-la, pois é fruto da conquista e auto-disciplina”.
O Cardeal Renato Raffaele Martino, Presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, apontou a necessidade de difusão do Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
Os Bispos devem adequar formas para a “difusão e a interpretação correcta da Doutrina Social”, traduzi-la para as línguas africanas e em particular “difundi-la junto das casas de formação sacerdotal e religiosa, nas catequeses, nos centros e institutos católicos de ensino superior, nas associações trabalhistas, concretamente junto dos parlamentos, políticos e magistrados católicos”.
O Cardeal Martino pediu a criação de um Instituto Superior Católico de vocação continental e universal, especializado na formação social em África.
D. Robert Christopher Ndlovu, Presidente da Conferência Episcopal do Zimbabué, demonstrou a sua preocupação pelo apoio dos sacerdotes a partidos políticos.
“Este apoio tem como consequências a divisão das comunidades cristãs que eles servem”, indicou.
O prelado do Zimbabué indica que a Igreja não investiu o suficiente na sua doutrina social. Os sacerdotes devem “dominar a Doutrina Social da Igreja durante seus anos de formação”. A Igreja deve “falar em nome dos oprimidos”.
Sobre o activismo político, o prelado apontou a necessidade de uma participação positiva sob pena de um contributo “destrutivo”.
Presença do Vaticano em África
O Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, interveio no Sínodo dos Bispos indicando que os Núncios apostólicos são a “voz do Papa” em cenários onde é preciso defender a dignidade das pessoas e os seus direitos fundamentais.
Eles são uma “rede de presença” mas também o fomento das relações entre a Santa Sé e as autoridades estatais para tornar “mais sólidos os vínculos de comunhão entre a Sé apostólica e as Igrejas particulares”.
“Em colaboração com os Episcopados, os Núncios operam em defesa da liberdade religiosa e da promoção de um diálogo autêntico, seja com as outras Igrejas ou comunidades eclesiais, seja com os pertencentes a outras religiões, como também, naturalmente, com as Autoridades civis”.
Investir na comunicação
Também sobre comunicação falaram os padres sinodais nesta Sexta-feira. D. Claudio Maria Celli, Presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, no Vaticano, recordou que a partir da exortação pós sinodal “Ecclesia in Africa”, consequência do I Sínodo dos Bispos Africanos em 1994, foi desencadeada uma reestruturação comunicacional no continente africano. O documento que dedicou 11 artigos aos media e à comunicação social, reconheceu os desafios da comunicação entre a Igreja e o continente africano.
“Hoje estamos presentes com pelo menos 163 rádios espalhadas em 32 países (em 1994 eram apenas 15) que são geridas e animadas por dioceses, congregações e organizações católicas”.
A mudança foi evidente, mas D. Celli reconhece que “não se deu muito seguimento às decisões tomadas”.
Na sua intervenção o Presidente do Conselho Pontifício pediu apoio para os comunicadores católicos na nova época da “cultura digital” e apontou a necessidade de uma agência de notícias continental para a Igreja africana. “Esta evolução pede não apenas instrumentos tecnológicos mas pessoas formadas”.
O Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais afirmou-se disponível para colaborar com as várias Conferências Episcopais criando bolsas de estudo para favorecer a formação de sacerdotes e religiosos.
Internacional Agência Ecclesia 2009-10-10 12:48:56 5677 Caracteres África, Sínodo dos Bispos
(Fonte: site Agência Ecclesia)
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