Por todo o mundo, mas também perto de nós, homens, mulheres e crianças são – contra a sua vontade ou atraídos com promessas falaciosas – tratados como mercadorias e, por vezes, com muito menos cuidado quer porque alimentá-los é caro, quer porque acabam por compreender que são vigarizados e tentam resistir.
Entre os grupos particularmente vulneráveis, estão antes de mais as mulheres. Centenas de milhares são, todos os anos, vítimas de redes internacionais de tráfico. Em numerosos países, a situação social e económica das mulheres torna-as mais vulneráveis a falsas promessas e facilmente “exploráveis”: prometem-lhes, algures, um emprego sério e bem pago para ganhar a vida e sustentar a família. Muitas acabam transformadas em mercadorias, em condições semelhantes às da escravatura: exploradas, sem liberdade nem documentos de identidade, obrigadas a reembolsar uma dívida.
Ser vítima de tráfico causa sofrimentos físicos, mentais, emocionais e sociais extremos para elas e para as suas famílias. Ficam marcadas para a vida porque, muitas vezes, são tratadas com violência, ameaças, abusadas e violadas, encarceradas e forçadas à exploração sexual, sem contar a falta de protecção contra a contaminação e a propagação de SIDA/AIDS.
Com que objectivo são manipuladas assim as mulheres? Exploração sexual em prostituição imposta, trabalho forçado na indústria, escravatura doméstica, trabalho forçado no sector agrícola, mendicidade imposta, casamentos arranjados, extracção de órgãos para o comércio ilícito, forçadas a transportar droga.
Há depois também o caso das crianças, especialmente vulneráveis. A pobreza arrasta algumas famílias muito pobres a “vender” as suas crianças, com a intenção de que a sorte delas seja melhor num país menos pobre. Isto degenera frequentemente e as crianças são vítimas de tráfico e de exploração. As crianças, órfãs ou deslocadas pela guerra são, muitas vezes, tomadas pelos traficantes. O mesmo acontece com as crianças de regiões onde houve uma catástrofe natural. As crianças de famílias pobres e/ou deslocados fogem, muitas vezes, e arriscam-se a cair nas mãos de traficantes.
Com que objectivo são exploradas as crianças? Exploração sexual: prostituição infantil e pornografia com características de pedofilia, escravatura, trabalho forçado na pesca ou na agricultura, implicação no tráfico de droga, recrutamento como crianças soldados, como corredores de camelos, à volta do Golfo Pérsico ou nos circos, mutilações para atrair a piedade quando pedem esmola, retirada de órgãos para o comércio ilícito. Para além do terror, da violência e de outras formas de extrema crueldade, são privadas da vida familiar, da educação. São, por vezes, difíceis de identificar porque nem sempre compreendem o que lhes aconteceu e não conseguem explicar-se quando alguém tenta ajudá-las.
Em Portugal, a “Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas” da CIRP – a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal – lançou um apelo a que cada um faça o que estiver ao seu alcance, de modo responsável, perante uma situação tão grave. Antes de mais rezando, mas também sensibilizando à sua volta, advertindo, ajudando as vítimas na medida do que estiver ao nosso alcance.
(Fonte: site Radio Vaticana)
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