Foi no dia 4 de Março de 1979 que João Paulo II lançou a primeira encíclica do seu pontificado. Trinta anos mais tarde a Redemptor Hominis continua a ressoar na vida da Igreja.
“O Redentor do Homem” foi dado a conhecer ao mundo apenas cinco meses depois de João Paulo II ter assumido o pontificado. Seguindo o exemplo dos seus antecessores (com excepção de João Paulo I, que não foi Papa tempo suficiente para lançar qualquer encíclica), escolheu marcar as suas posições de maneira forte no início da sua chefia da Igreja.
A encíclica pode ler-se, por isso, como um programa do ministério que começava. Nela encontramos uma sucessão de temas que viriam a ser posteriormente desenvolvidas e aprofundadas, desde as reflexões sobre o papel de Cristo no mundo e na vida de cada homem, até à importância de Maria, o ecumenismo e a censura ao comunismo.
A Renascença conversou sobre este assunto com o Cónego João Seabra, profundo conhecedor do texto da encíclica, que resume da seguinte maneira o seu tema fundamental: “A mensagem central da Redemptor Hominis é que Jesus Cristo, o redentor do Homem, é o centro do mundo e da história. É ele quem responde ao coração e à vida de cada homem. É a única resposta total ao desejo de totalidade de que o homem é feito. O Papa coloca Jesus Cristo diante da Igreja, diante do Mundo, mas sobretudo diante do coração de cada homem. Aponta a presença de Cristo na história, na Igreja e nos sacramentos como única resposta ao desejo de felicidade.”
Hoje, uma das coisas que mais fascina este sacerdote, pároco da Igreja da Encarnação, no Chiado, é a qualidade quase profética do texto, tendo em conta o ano em que foi escrito. “O pontificado de João Paulo II foi tão longo e tão rico, aconteceram tantas coisas do ponto de vista eclesial, histórico e político, que verdadeiramente era impossível, em 1978, alguém as prever. E contudo, ao ler a encíclica, impressiona pela clareza na definição dos problemas, e pela clareza na definição das linhas de actuação. Não digo que fosse tudo uma estratégia, mas está claramente identificada uma maneira de conceber a presença da Igreja e a relação com Cristo através dos sacramentos, a presença da Igreja na História, que tem em si a semente de todas as coisas que definiram o grande pontificado de João Paulo II.”
É por esta razão que o Cónego afirma que a Redemptor Hominis “é um documento impressionante de ler. Foi impressionante lê-lo em 1979, e é impressionante lê-lo agora como juízo antecipado sobre esses 28 anos da história da Igreja, que foram os mais extraordinários dos últimos cem.”
Leia a entrevista completa na edição de hoje do jornal on-line Página 1
Filipe d'Avillez
(Fonte: site RR)
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