São palavras de Ezequiel Emanuel, oncologista e especialista em bioética. Podem parecer palavras exageradas, mas não deixam de ser reais.
Basta analisar com calma os estudos realizados em países, como a Holanda e a Bélgica, que foram pioneiros em aprovar esta lei. Aquilo que, no começo, era uma exceção para casos contados e com muitas garantias, passou a ser uma regra em muitos casos considerados como “perdidos”.
Atribuir a culpa ao paciente, evidentemente, reduz a motivação dos cuidadores para lhes proporcionar todos os cuidados necessários. E alivia-lhes o sentimento de culpa quando se dão conta de que esses cuidados são insuficientes.
A mera possibilidade de eutanásia, defendida muitas vezes por pessoas de “boa-fé” como forma de evitar o sofrimento dos doentes, pode aumentar esse mesmo sofrimento.
Se um idoso doente tem a possibilidade de pedir a eutanásia, é muito provável que comece a considerar-se como um peso para a sua família e como um “ato de egoísmo” o facto de não pedir uma “solução” que evita imensos problemas aos seus filhos e netos. E que alivia o trabalho de médicos e enfermeiros que têm muitos casos “não perdidos” com que se preocupar.
A eutanásia dá luz verde à desesperança e ao desamparo, promovendo o pedido da morte como resposta para as dificuldades da vida. Pouco a pouco, o “direito” a morrer transforma-se no “dever” de morrer.
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