Como se explica essa repugnância que
cada um de nós experimenta por manter a
atenção numa atividade intelectual?
Segundo Eyal, a procura de
distrações é, em geral, uma fuga a algo que
custa, mais do que a procura de um bem. Fugimos sobretudo daquilo que nos
incomoda. O perverso desta atitude é que essa fuga nos faz perder o tempo, o que ativa o sentimento de culpa por não
ter feito aquilo que deveríamos e aumenta a dor da qual estávamos precisamente
a fugir.
Quando uma distração é eficaz para nos afastar de algo que nos custa, é muito mais fácil que ela se converta numa
adição. E não é preciso ler um livro como este para nos darmos conta de que o
mundo atual está cheio de possíveis adições que “facilitam” a fuga daquilo que
nos exige esforço.
As palavras do escritor alemão
Hebbel (parafraseando uma conhecida frase dos gladiadores romanos) «o que sou
saúda tristemente aquele que poderia ser» resumem poeticamente a insatisfação
que se experimenta diante da perda de tempo. Porque deixamos de ver no tempo
algo essencial: aquilo que nos permite chegar a ser precisamente o que estamos
chamados a ser.
Já o dizia Victor Frankl: «quem se convenceu de que é insubstituível
naquilo que faz e dedica a isso o seu tempo (sem se preocupar se é valorizado
ou não socialmente) enche a sua vida de sentido e pode considerá-la consumada».
Por tudo isto, Eyel aconselha-nos: «Procura quem estás chamado a ser e dedica a isso a tua vida, o teu tempo. O
resto será entretido, mas deixar-te-á vazio».
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