Um dos problemas mais “espinhosos” da actualidade é a conciliação entre trabalho e família. Parece um dilema profundo de difícil resolução.
Para as mulheres esse dilema pode-se expressar mais ou menos assim: “Ou trabalhas ou tens filhos. Ou te dedicas à tua carreira profissional ou cuidas do teu lar”.
Para os homens o mesmo dilema costuma ter outras “tonalidades”: “Ter filhos agora complica a nossa carreira profissional. Isso seria um transtorno para o nosso casamento. Quando tudo estiver estável economicamente, então, sim. Agora, querida, não dá jeito nenhum”.
A constituição de uma família aparece como um obstáculo para o trabalho, e o trabalho também pode ser visto como um estorvo para a família. Realidades que na sua origem pareciam inseparáveis são vistas neste momento como irreconciliáveis.
O problema não se reduz à perda do sentido da família. A questão está em que se não entendemos o que é uma família, também não entenderemos o sentido profundo que possui o trabalho.
Fomos criados para amar e ser amados. Isto só se realiza no dom sincero de nós mesmos aos outros.
Só com estas premissas claras poderemos entender que o trabalho não é nunca um fim em si mesmo. Não é um âmbito de auto-afirmação ou de auto-desenvolvimento. É – deve ser – um verdadeiro serviço. Um modo de cooperar no bem comum da sociedade, começando pela que temos lá em casa, que se chama família.
É, muitas vezes, a noção do trabalho como “algo meu” – a minha carreira, os meus êxitos, o meu ordenado – que faz “rebentar” a família que tenho lá em casa.
É urgente reconquistar o sentido genuíno do trabalho como “dom de si”: serviço directo ao cônjuge, aos filhos e a toda a sociedade.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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