Reza a história que um oficial de marinha estava zangado com o comandante do navio em que ambos andavam embarcados. Tendo a seu cargo o diário de bordo, ocorreu-lhe nele escrever: «Hoje, o capitão não se embebedou». Era verdade, porque de facto o dito não se tinha embriagado, mas uma verdade mentirosa, porque qualquer leitor concluiria que o comandante andava habitualmente alcoolizado, o que mais não era do que uma rematada mentira.
Há muitas formas de mentir. Uma delas é dizendo a verdade, mas de forma a insinuar uma falsidade. Por exemplo, se se disser de alguém que não é nenhum anjinho, está-se formalmente afirmar a realidade, porque os seres humanos não são anjos, mas é óbvio que se está, sobretudo, a sugerir que a pessoa em causa é um grande malandro.
O mesmo se diga das instituições eclesiais, principalmente quando têm a desgraça de merecer algum protagonismo mediático. Se, para cúmulo, também forem alvo de uma rigorosa investigação jornalística, é certo e sabido que os resultados não poderão ser menos do que escandalosos, até porque, em caso contrário, o investimento de meios económicos e humanos não teria retorno.
Uma entidade da Igreja tem alguns bens, para assim poder realizar o seu apostolado? É podre de rica. Tem gente? Claro, é porque lhes arranja tachos e conhecimentos que lhes são úteis para trepar na vida. Os seus membros rezam? São fanáticos. Mortificam-se? São masoquistas. O fundador é santo? Compraram a canonização. Tem gente influente? São lóbi. E assim por diante, … mas sempre presos, por ter cão ou o não ter.
Já com Jesus foi assim. Ele comia e bebia? Era um glutão e um beberolas. Dava-se com publicanos e pecadores? É porque era como eles. Expulsava os demónios? Pois bem, era com o poder do próprio Belzebu que o fazia. Curava no dia de sábado? Então é evidente que transgredia a Lei. Perdoou a adúltera? Um cúmplice não teria feito de outro modo! Censurava os escribas e os fariseus? Era porque estes, sendo cultos, não se deixavam enganar, ao contrário da arraia-miúda.
É certo que nem todos crêem nestas caluniosas insinuações, mas geralmente fica a ideia de que a entidade em causa é, pelo menos, «polémica», «controversa» ou «duvidosa», até porque onde há fumo, há fogo. «Se Ele não fosse um malfeitor» – disseram os fariseus a Pilatos, quando lhe entregaram Jesus – «não O entregaríamos nas tuas mãos» (Jo 18, 30).
Não é possível que o mundo aplauda os discípulos do Crucificado, mas seria lamentável que, com as suas verdades mentirosas, lograsse dividir a Igreja, ou confundir os fiéis. Os critérios mundanos não são aptos para julgar as instituições eclesiais e qualquer cristão coerente sabe que a contradição é um dos critérios para aferir a autenticidade evangélica de um carisma. A Beata Teresa de Calcutá sabia-o e, por isso, quando João Paulo II lhe fez notar, com bom humor, que toda a gente falava bem dela, mas mal dele e de uma obra de Deus, a santa fundadora das Missionárias da Caridade reagiu com santa inveja, pedindo orações. Com razão, porque bem-aventurados serão os que forem insultados e perseguidos e deles disserem falsamente toda a espécie de mal, porque será grande a sua recompensa nos Céus (cfr. Mt 5, 11-12).
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
1 comentário:
Deus nos abençoe.
Gostamos deste texto, mas, lidamos com os pobres, sem instrução. Aliás, nós também não temos instrução, é de difícil compreensão.
Neste site, os leitores são cultos, são católicos, entendem os ensinamentos. Mas, para os que trabalham com as ovelhas perdidas, é muito difícil entender, Deus deu a cada um de nós uma missão, um modo de Evangelizar.
Pedimos ao site, que se possível, principalmente nas homilias do Papa, tente traduzir numa linguagem mais popular, o povo humilde não entende, não estamos criticando, apenas dizendo nossa realidade. Enfrentamos os protestantes no dia a dia e sem a linguagem que os pobres entendam, sem mostrar na Bíblia os ensinamentos de Jesus, perdemos a batalha.
Os protestantes usam a nossa ignorância para arrancar de nós a nossa alma, o nosso elo com Deus.
Que tristeza, domingo, na canção nova, um protestante, um pastor usurpador, usou as palavras do Papa João Paulo II para justificar que o Papa os reconhece como igreja de Cristo, como certos. Que ingenuidades dos nossos sacerdotes achar que aqueles que deturpam a palavra de Deus para seu próprio interesse, não o fariam com as palavras do Papa João Paulo II.
Na homilia de Hoje, o Papa Francisco fala justamente sobre isso, usar a palavra para interesse próprio. Triste ver nossos sacerdotes ir contra a igreja de Cristo, retiraram Jesus crucificado, retiraram nossa Senhora do Altar, para agradar aos inimigos da Igreja de Cristo.
Vergonha. Agora, nós, que estamos na frente de batalha, além das heresias protestantes, ainda temos que combater as heresias que a canção nova deixou os protestantes falar diretamente para os católicos.
Enquanto os intelectuais que não tem cheiro de ovelha, usam de suas teologias incompreensíveis aos pobres, os deixam como oferenda ao lobos que as devoram dia e noite.
TRISTE, mas, Deus nos da força para em nome do Senhor Jesus Cristo, combatemos o bom combate e resgatar as ovelhas de Deus das mãos dos lobos. Amém!
com muito amor e carinho
MAE
Mulheres Amigas Especiais.
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