Muitos defenderam que o abandono das verdades objectivas iria vacinar-nos definitivamente contra o grande perigo da intolerância. Uma vez que abraçássemos com devoção o “libertador” relativismo, isso seria um caminho seguro para sermos mais flexíveis com as opiniões dos outros.
Foi isto que aconteceu?
Não me parece.
A aspiração natural de todo o ser humano pela verdade é um forte antídoto contra a obstinação de acreditar que todas as opiniões possuem o mesmo valor. Ou que são igualmente válidas.
Quem foge da idolatria de pôr as suas opiniões por cima da verdade, defendem os professores R. George e C. West, terá todo o interesse em dialogar com pessoas que vêem o mesmo assunto de um modo diferente. Um diálogo que procura entender que considerações (provas, razões, argumentos) levaram os outros a um lugar distinto daquele em que, de momento, nos encontramos.
É esta disposição a levar a sério as pessoas com as quais não compartilhamos as mesmas opiniões (e não o relativismo) aquilo que nos vacina contra o dogmatismo e o pensamento único: essas, sim, realidades tóxicas para o funcionamento saudável da sociedade.
Também convém não esquecer que, quando não concordamos com uma opinião, não estamos obrigatoriamente a julgar nem a criticar aquele que a expressa.
Um exemplo muito actual: uma pessoa pode legitimamente defender que o casamento é somente uma união entre um homem e uma mulher. E tem todo o direito de, por esse motivo, não ser chamado “homofóbico”.
Não é “homofóbico” porque não está objectivamente a atacar ninguém. Está simplesmente a defender com argumentos (de um modo civilizado) aquilo que acha que é a verdade.
É muito cómodo acabar com o diálogo através do insulto directo àquele que pensa de um modo diferente. É cómodo mas, isso sim, é manifestação de uma profunda intolerância!
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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