Beato John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «O Pastor das nossas almas», PPS, t. 8, n° 16
«Contemplando a multidão, [Jesus] encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor» (Mt 9,36). [...] As ovelhas estavam dispersas porque não havia pastor. [...] Assim era no mundo inteiro quando Cristo veio na Sua misericórdia infinita «para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos» (Jo 11,52). E se, por um momento, foram de novo deixadas sem guia, quando na Sua luta o bom pastor deu a vida pelas Suas ovelhas – segundo a profecia: «Fere o pastor, para que Se dispersem as ovelhas» (Zc 13,7) –, logo, porém, ressuscitou de entre os mortos para viver para sempre, segundo uma outra profecia: «Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo e guardá-lo como o pastor ao seu rebanho» (Jr 31, 10).
Como o diz Ele mesmo na parábola que nos propõe, «chama as Suas ovelhas uma a uma pelos seus nomes e fá-las sair [...], vai à frente delas, e as ovelhas seguem-No, porque reconhecem a Sua voz». Assim, no dia da ressurreição, como Maria estivesse a chorar, chamou-a pelo nome (Jo 20, 16), e ela voltou-se e reconheceu pela voz Aquele que não havia reconhecido pela vista. De igual modo, disse a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me?», e acrescentou: «Segue-me !» (Jo 21,15.19). Do mesmo modo, disseram Ele e o Seu anjo às mulheres: «Ele [...] vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis.»; «Ide anunciar aos Meus irmãos que partam para a Galileia. Lá Me verão» (Mt 28,7.10). Desde então o bom pastor, que tomou o lugar das Suas ovelhas e que morreu para que elas pudessem viver para sempre, precede-as, e elas «seguem o Cordeiro para toda a parte» (Ap 14, 4).
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