A fé dá
alegria. Se Deus não está presente, o mundo desertifica-se e tudo se torna
aborrecido, tudo é completamente insuficiente. Hoje, vê-se bem como um mundo
sem Deus se desgasta cada vez mais, como se tornou um mundo sem nenhuma
alegria. A grande alegria vem do facto de existir o grande amor, e é essa a afirmação
essencial da fé. Você é alguém indefectivelmente amado. Foi por isso que o cristianismo
encontrou a sua primeira expansão sobretudo entre os fracos e os que sofriam.
É claro que
agora se pode interpretar isso num sentido marxista, e dizer que na época o cristianismo
representou apenas uma consolação, quando devia ter sido uma revolução.
Mas penso que,
de certa forma, já ultrapassamos essas fórmulas. O cristianismo estabeleceu
novas relações entre senhores e escravos, de modo que já São Paulo podia dizer
a um senhor: "Não faças mal ao teu escravo porque ele se tornou teu
irmão" (cfr. Filemon).
Pode-se dizer
que o elemento fundamental do cristianismo é a alegria. Não me refiro à alegria
no sentido de um divertimento qualquer, que pode ter o desespero como pano de fundo;
como sabemos, muitas vezes o divertimento é a máscara do desespero. Refiro-me à
verdadeira alegria. É uma alegria que está presente numa existência difícil e
torna possível que essa existência seja vivida. A história de Cristo começa,
segundo o Evangelho, com o Anjo que diz a Maria: "Alegra-te!" Na
noite do Natal, os anjos dizem outra vez: "Eis que vos anunciamos uma
grande alegria". E Jesus diz: "Anuncio-vos a Boa Nova".
Portanto, o núcleo de que aqui se trata é sempre: "Anuncio-vos uma grande alegria.
Deus está presente, sois amados, e isso está estabelecido para sempre".
(Cardeal Joseph Ratzinger em ‘O sal
da terra’ págs. 23-24)
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