João Bosco Mota Amaral, ex-presidente da Assembleia da República (2002-2005) e do Governo Regional dos Açores (1976-2005), é um dos membros da comissão criada para assinalar os 300 anos da igreja de S. José, em Ponta Delgada, na ilha açoriana de S. Miguel.
O grupo de trabalho, constituído por mais quatro paroquianos, entre eles a organista residente, Isabel Albergaria, vai preparar espetáculos musicais, exposições, e conferências, revelou o pároco, padre Duarte Melo, citado pelo site da diocese de Angra.
O sacerdote pretende evocar «tudo o que revele a história, a memória, as vivências e, sobretudo, a importância» da igreja, quer como lugar de fruição estética quer como de culto ao serviço do Evangelho».
O templo tem recebido o projeto "Indigências", criado pela Pastoral Cultural da paróquia a partir da constatação de uma realidade de extrema pobreza instalada no Campo de São Francisco, junto à igreja.
A iniciativa, que começou em 2012, abrange uma programação que compreende exposições de arte contemporânea, conferências, concertos, literatura, teatro e expressão corporal.
A Igreja «deve procurar encontrar-se com a indigência e com a beleza, promovendo a diversidade cultural», considera o pároco, acrescentando que o programa visa «dar a conhecer variadas toponímias criativas e espirituais da contemporaneidade» açoriana.
Ao mesmo tempo, o projeto que estabelece um diálogo entre a arte antiga e contemporânea «anuncia-se como inquietante e perturbador e quer-se próximo de todas as expressões da beleza, da bondade e da solidariedade».
«Os espaços arquitetónicos da igreja de S. José serão lugares para manifestações de cultura, nas suas diferentes gramáticas estéticas e plásticas, que irão conviver com a liturgia e o culto», explicou o sacerdote sobre a iniciativa “Indigências”.
As comemorações dos 300 anos iniciaram-se no último dia de 2013 com a inauguração da Capela do Santíssimo, depois das obras de restauro realizadas ao nível dos retábulos, da porta do Santíssimo e dos gessos.
A paróquia também lançou o catálogo que materializa a inventariação e catalogação do acervo da igreja, iniciada há dois anos.
O programa comemorativo prevê a elaboração de uma monografia histórica sobre a igreja e as pessoas que nela se têm reunido ao longo da história, numa parceria com a Universidade dos Açores, bem como um levantamento sociológico da comunidade que atualmente tem a sua referência religiosa naquele espaço.
«Queremos desenvolver estruturas de reflexão a partir da nossa realidade sociológica para podermos pensar e situar-nos como Igreja nos dias de hoje», ultrapassando «realidades passadas que já levam 20 anos e que estão mortas».
A igreja de São José, construída entre 1709 e 1714, distingue-se das proporções mais pequenas dos templos açorianos.
O interior, de três naves, é composto por altares decorados em talha dourada, imagens dos séculos XVII e XVIII de influência hispano-americana, painéis de azulejos datados do século XVIII, e, na sacristia, mobiliário barroco em madeira de jacarandá.
Rui Jorge Martins
© SNPC | 15.01.14
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