Sacrificámos a nossa alma feminina, a troco de ser aceites no universo masculino
Na luta pela igualdade dos sexos em direitos e deveres, o feminismo, como assinalou Sigrid Undset, feminista dos inícios do sec. XX, "ocupou-se apenas com os ganhos e não com as perdas da libertação".
E o facto é que, neste árduo processo em direcção à igualdade, nós as mulheres sofremos um enorme dano colateral, ao deixar pelo caminho uma coisa que nos é consubstancial: a essência feminina, a feminidade.
Assumimos de forma espontânea, e sem nenhuma queixa, que os papéis masculinos eram os justos e adequados, que devíamos imitá-los para conseguir a igualdade.
E assim fizemos, escondendo os nossos sentimentos e afectividade, com medo de ser etiquetadas de débeis ou fracas, tentando ser frias e competitivas e adoptando um aspecto varonil.
Traímo-nos a nós mesmas, sacrificámos a nossa alma feminina, a troco de ser aceites no universo masculino e transformámo-nos em "marias-rapaz", imitando os comportamentos e maneiras de vestir dos homens.
Basta lembrar como, em Espanha, a grande jurista Concepción Arenal, a meados do sec. XIX, acedeu às aulas de Direito da Universidade Complutense com roupa de cavalheiro, para realizar o desejo e interesse por essa licenciatura. Ou como Clara Campoamor, em 1931, para lutar pelo direito ao sufrágio feminino, renunciou expressamente à sua condição de mulher:
"Senhores Deputados: eu, antes de ser mulher, sou cidadão".
María Calvo Charro
http://www.almudi.org/Portada.aspx
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